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Diante de crise hídrica no Brasil, Governo permite acionamento de usinas termelétricas sem contrato

Escrito por Roberta Souza
Publicado em 08/06/2021 às 08:58
Governo – usinas – termelétricas
Usina termelétrica/ Fonte: Sindipetro-SP

Uma medida do Governo Federal, de caráter excepcional e temporário, autoriza o acionamento de usinas termelétricas sem contrato

O governo publicou, ontem, medida que autoriza, em caráter excepcional e temporário, condições regulatórias diferenciadas para permitir o acionamento de usinas termelétricas sem contrato por um período de até seis meses, que ainda poderá ser prorrogado. A iniciativa, divulgada pelo MME no Diário Oficial da União, vem em meio à seca histórica que tem pressionado o nível dos reservatórios das hidrelétricas, principal fonte de geração no país, e levantado preocupações sobre a oferta de energia. Veja ainda: Por R$ 95 milhões, Petrobras realiza a venda de 3 usinas termelétricas em Camaçari, na Bahia

Autorização do Governo sobre as usinas termelétricas

A autorização, que já havia sido sinalizada diante das condições das usinas hidrelétricas, mas que teria foco apenas nas unidades a gás, foi oficializada pelo Governo, de maneira que o suporte do setor térmico à crise hídrica fique mais amplo, convocando usinas termelétricas de outras fontes e mais caras.

A medida, divulgada hoje no Diário Oficial da União, permitirá que as usinas termelétricas que não possuem contratos vigentes para venda de sua produção, incluam custos fixos na receita a que têm direito a receber quando são chamadas a operar, o chamado Custo Variável Unitário (CVU). O acionamento das usinas nessas condições poderá ocorrer por até seis meses, de forma ininterrupta, segundo a medida do ministério, que prevê possível prorrogação do prazo.

Essas usinas termelétricas ainda poderão ser acionadas, mesmo que os programas computacionais utilizados para guiar a operação do sistema elétrico não sinalizem sua necessidade, o que é conhecido no setor como despacho fora da ordem de mérito.

Medida do Governo prevê possível crise hídrica no Brasil

O sistema elétrico do Brasil tem sido pressionado pelas piores chuvas já registradas na área das usinas hídricas desde 1930, quando começaram os registros. A situação tem exigido acionamento de usinas termelétricas para atendimento à demanda desde outubro passado, o que pressiona as tarifas, devido aos custos mais altos.

Mas, ainda assim, o Governo tem dito que medidas adicionais serão necessárias para garantir a oferta de energia. O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), liderado pelo ministro de Minas e Energia, e formado também por técnicos, tem defendido, nas últimas semanas, que uma flexibilização nas condições de operação de algumas hidrelétricas permitirá atender à demanda em 2021 apesar do cenário desafiador.

Veja ainda: 60% do gás natural do Brasil retorna aos campos offshore por falta de estrutura e usinas termelétricas pagam em dólar pelo insumo

O Brasil aumentou a importação do gás natural, enquanto o gás nacional, que poderia estar sendo aproveitado no país, é injetado de volta aos campos offshore por falta de estrutura para levá-los até as usinas. Com isso, o custo do insumo aumenta e, consequentemente, reflete na conta de luz e no bolso dos brasileiros, uma vez que o país está passando por um momento de seca nos reservatórios das hidrelétricas. A iminente crise hídrica, causada pelo baixo volume de chuvas, “obriga” o país a acionar as termelétricas (que pagam mais caro no gás importado), aumentando ainda mais o preço da conta de luz.

Somente em 2021, as compras externas de gás natural pelo Brasil atingiram o maior patamar desde 2016 para os meses de janeiro a abril. Apenas em quatro meses, o país pagou US$ 1 bilhão, quase o total gasto em todo o ano passado e o dobro do valor pago no mesmo período do ano passado.

Roberta Souza

Engenheira de Petróleo, pós-graduada em Comissionamento de Unidades Industriais, especialista em Corrosão Industrial. Entre em contato para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal. Não recebemos currículos

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