Pouco antes de morrer, criador do AK-47 escreveu carta ao líder da Igreja Ortodoxa russa, expressando angústia espiritual pelas mortes causadas por sua invenção
Mikhail Kalashnikov, projetista do famoso fuzil AK-47, escreveu uma carta de arrependimento pouco antes de morrer. No texto, endereçado ao patriarca Cirilo, líder da Igreja Ortodoxa Russa, ele questionou sua responsabilidade pelas mortes causadas por sua criação.
Segundo o jornal russo Izvestia, Kalashnikov revelou sentir dor espiritual insuportável. “Minha dor espiritual é insuportável. De vez em quando me faço a mesma pergunta que não posso responder: ‘Se meu rifle terminou com a vida de tantas pessoas, pode ser que eu seja culpado por estas mortes, ainda que fossem inimigos?”, escreveu ele na carta, que foi datilografada.
Kalashnikov morreu aos 94 anos. A carta, tornada pública após sua morte, contrasta com declarações anteriores do inventor. Em entrevistas passadas, ele havia dito que criou a arma para defender seu país e não poderia ser responsabilizado pelas ações de outros.
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O porta-voz do patriarca Cirilo, Alexander Volkov, afirmou que o líder da igreja tentou consolar Kalashnikov. Ele teria dito ao inventor que ele era um “verdadeiro patriota”, em tentativa de aliviar o sofrimento expressado na carta.
O trabalho de Kalashnikov para a antiga União Soviética deu origem ao fuzil mais popular do mundo. O AK-47, utilizado por exércitos regulares e também por grupos armados irregulares, tornou-se um símbolo de guerras e conflitos em várias partes do planeta.
O nome AK-47 vem da sigla para “Avtomat Kalashnikova” e do ano de início de produção, 1947. A arma foi inspirada no modelo alemão Sturmgewehr 44 e ficou conhecida por sua resistência, facilidade de manutenção e baixo custo.
Essas características fizeram com que o fuzil se espalhasse pelo mundo. Estima-se que existam cerca de 100 milhões de unidades do AK-47 em circulação atualmente, o que reforça o impacto da criação de Kalashnikov.
A carta, revelada após sua morte, deu um novo tom à história do inventor. O homem que projetou uma das armas mais conhecidas do mundo encerrou a vida refletindo sobre as consequências do próprio legado.
Com informações de O Tempo.