Aumento das importações de petróleo acarretou a redução do saldo positivo da balança de comércio brasileira
De acordo com dados do Icomex (Indicador de Comércio Exterior) divulgados, nesta quarta-feira (22), pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), o cenário turbulento pelo qual a Petrobras está passando fez com que importadores brasileiros ampliassem, no mês de maio, as compras externas de petróleo e derivados, de modo a diminuir o saldo positivo da balança de comércio brasileira.
Em um ano, os preços dos produtos praticamente duplicaram, enquanto também houve crescimento da demanda no período. Assim, durante o mês de maio, o saldo da balança comercial brasileira foi de R$ 25,2 bilhões, o que corresponde a uma redução de R$ 18,5 bilhões em comparação ao mesmo mês do ano passado. No acumulado de janeiro a maio, houve variação do superávit de R$ 137 bilhões, em 2021, para R$ 130,8 bilhões, em 2022. Com relação ao volume, houve queda de 8,1% nas exportações comparando-se os meses de maio de 2021 e maio de 2022, ao mesmo tempo em que as importações subiram 3,2%.
Conforme avalia a FGV, no mês de maio deste ano, os maiores responsáveis pelo aumento do volume de importações foram os derivados de petróleo (óleo diesel, naftas, hulha betuminosa), o petróleo e produtos relacionados a adubos e fertilizantes. A fundação explica que os importadores, receosos diante da conjuntura internacional e das turbulências presentes no mercado de petróleo brasileiro, podem ter antecipado as suas compras.
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Por outro lado, o relatório afirma ser prematuro concluir que foi iniciada uma mudança no rumo das importações. Já em relação às exportações, o texto diz que a OMC (Organização Mundial do Comércio) modificou a previsão de crescimento do comércio internacional de 4,7% para apenas 3% em 2022, em razão da guerra na Ucrânia, da desaceleração do crescimento na China e da aceleração da inflação, que acarretam políticas de elevação de juros e atenuam o crescimento da demanda.
Além disso, o relatório ressalta também que o superávit da balança de comércio brasileira em 2022 tem ainda potencial de ser maior que o de 2021, caso a variação no volume de importações desacelere diante da ampliação de preços das commodities.
Balança comercial de petróleo e derivados está relacionada à redução do superávit durante os últimos meses
Nos últimos meses, a balança comercial de petróleo e derivados vem sendo responsável por uma redução do superávit brasileiro, haja vista que o saldo positivo variou de US$ 2,8 bilhões, em fevereiro, para somente US$ 88 milhões, em maio. Esse setor respondeu, ainda, por uma parcela de 13% nas exportações totais e de 15% nas importações.
Falando-se em valores, as exportações de petróleo e derivados obtiveram crescimento de 23,9% em maio de 2022 em relação ao mesmo mês do ano passado, porém as importações aumentaram em 109%.
A elevação das exportações pode ser justificada por um alta de 53,8% nos preços, ainda que o volume exportado tenha sofrido queda de 19,4%. As importações, por sua vez, tiveram seu preço ampliado em 92,8%, enquanto o volume importado também observou aumento, de 6,8%.
Entre os meses de janeiro e maio de 2022, houve crescimento do volume de exportações brasileiras como um todo para quase todos os mercados, com exceção da China (-13,1%) e da Ásia sem China (-2,4%). Os aumentos foram notados no volume vendido para os Estados Unidos (3,2%), União Europeia (11%), Argentina (7,6%) e demais países da América do Sul (12,2%).
O volume importado pelo Brasil, por sua vez, teve queda em todos os mercados, exceto nas compras provenientes da China, que cresceram 2,8%. As baixas foram registradas nas encomendas de produtos dos Estados Unidos (-1,4%), União Europeia (-1%), Argentina (-2,4%), demais países da América do Sul (-13,7%) e demais países da Ásia (-12,5%).
China é a principal responsável por sustentar o superávit da balança de comércio brasileira
Embora as exportações brasileiras para a China tenham apresentado redução, o país é ainda o principal responsável pelo saldo positivo da balança comercial do Brasil, havendo superávit de US$ 14,4 bilhões. Entretanto, segundo a FGV, se mantida a tendência de queda no volume exportado, o país pode concluir o ano com diminuição das remessas para os chineses.
Quanto aos Estados Unidos, houve aumento das exportações brasileiras devido, por exemplo, à ampliação da venda de petróleo bruto, semimanufaturas de ferro, café não torrado, entre outros produtos. Ainda assim, o Brasil registrou um déficit de US$ 7 bilhões com o país, que consiste no segundo principal mercado de destino das nossas exportações e de origem das nossas importações.