Presidente afirma que o Brasil é autossuficiente na questão do combustível, mas diz não ter poder sobre a Petrobras e que não vai rasgar contratos
Nova alta nos preços dos combustíveis é criticada pelo Governo Federal. Presidente Jair Bolsonaro cita um prédio que, segundo ele, custa mais de R$ 300 mil por mês e está subutilizado. “Temos um prédio muito bonito em Vitória que está mais da metade subutilizado, e a tendência é 90% do prédio não ser mais utilizado. Vamos vender, [mas falam] ‘presidente, não dá para vender, ninguém vai querer comprar, porque o prédio foi construído em um terreno alugado'”, disse Bolsonaro
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“R$ 1,7 milhão por mês para aluguel do terreno. É igual agiota, que não quer que pague a conta, quer todo mês pegar seu dinheiro. Agiotagem, entre aspas, com dinheiro público. Quem paga a conta? Todos vocês que botam combustível no carro”, afirmou o presidente.
Presidente diz não ter poder sobre a Petrobras e que quer não rasgar contratos
“Reclamam do Brasil, aumento do preço de mantimentos, de combustível. Ninguém faz isso porque quer. Não tenho poder sobre a Petrobras. Não vou na canetada congelar o preço dos combustíveis. Muitos querem, mas já tivemos experiência de congelamento no passado”, disse o presidente.
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Bolsonaro afirmou que o Brasil é autossuficiente na questão do combustível e ironizou os questionamentos à política de preços. “Quando se fala em combustível, somos autossuficientes. Ah, mas por que o preço atrelado ao dólar? Eu posso agora rasgar contratos?”, disse.
O presidente também voltou a falar de outros fatores que compõem o preço final, como o ICMS, o frete e a margem de lucro de quem vende o combustível nas bombas. “A culpa é de quem? Do Bolsonaro”, ironizou. “Não estou tirando meu corpo fora, estou mostrando a verdade”. O preço do litro da gasolina no país subiu 2,47%, em setembro na comparação com agosto, chegando a um valor médio nacional de R$ 6,309. Após um ano e quatro meses de altas consecutivas, o valor do combustível acumula um aumento de 57,33% desde maio do ano passado.
Política da estatal é determinante para altas constantes nos preços dos combustíveis
Política da Petrobras é determinante para altas, Carla Ferreira, pesquisadora do Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, ligado à Federação Única dos Petroleiros), diz que a parte mais importante dos aumentos no preço ao consumidor está vinculada às altas promovidas pela Petrobras.
Segundo ela, os reajustes são um efeito da política de preços da empresa, adotada em 2016. A diretriz vincula os preços praticados no Brasil ao valor do barril de petróleo no mercado internacional, cobrado em dólares. Com o dólar alto, os preços no Brasil também sobem. Desde o início do ano, a gasolina acumula alta de 51% nas refinarias.
É claro que, como o ICMS é um percentual sobre o preço final, quando o preço sobe, a arrecadação aumenta. Mas ele não é o vilão das altas de agora. A grande questão é esse preço que sai da refinaria, que vem da política de paridade de importação, diz Carla Ferreira.
De acordo com Ferreira, um exemplo de que a tributação não é o fator determinante para as altas recentes, foi o baixo impacto que a isenção de PIS e Cofins, dois tributos federais, teve sobre o preço do diesel. Apesar do corte no imposto ter sido de R$ 0,31, a redução no preço da bomba foi de apenas R$ 0,03.