A nova cultivar BRS Jacundá, lançada pela Embrapa, promete aumentar bastante a produção de mandioca no Amazonas com práticas de sustentabilidade rural
A produção de mandioca no Amazonas vive um momento histórico com o lançamento da cultivar BRS Jacundá, desenvolvida pela Embrapa Amazônia Ocidental e apresentada oficialmente no último dia 9 de outubro, em Manaus.
Essa nova variedade promete aumentar em até 300% o rendimento médio estadual, alcançando cerca de 30 mil quilos por hectare, segundo uma matéria publicada.
O diferencial não está apenas na produtividade, mas também na adaptação ao clima e solo amazônicos e na resistência a pragas e doenças.
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A polpa amarela, característica marcante da variedade, atende diretamente às preferências dos consumidores locais, que valorizam a farinha de mesa produzida com raízes dessa coloração.
O evento de lançamento promete reunir agricultores, técnicos e instituições públicas, marcando o início de uma nova fase para o setor agrícola regional, com o aumento da produção de mandioca no Amazonas.
Com foco em sustentabilidade e diversificação, a BRS Jacundá é resultado de mais de duas décadas de pesquisa e melhoramento genético conduzidas pela Embrapa, iniciadas ainda em 1997, no município de Uarini.
Cultivar BRS Jacundá da Embrapa revoluciona a produção de mandioca no Amazonas
A cultivar BRS Jacundá da Embrapa foi criada para atender às condições específicas da Amazônia, especialmente das áreas de terra firme, onde o cultivo de mandioca é essencial à subsistência rural.
O trabalho começou há mais de vinte anos, quando pesquisadores coletaram material genético em Uarini, no Médio Solimões, e o incorporaram ao Banco Ativo de Germoplasma da Embrapa Amazônia Ocidental.
Desde então, a cultivar passou por rigorosos testes de rendimento, estabilidade e resistência. O método de seleção massal utilizado permitiu identificar plantas mais produtivas e resistentes a pragas e doenças.
Os testes DHE (Distinguibilidade, Homogeneidade e Estabilidade) confirmaram a consistência da nova variedade.
Enquanto a média estadual de produtividade é de 10.560 kg/ha, a BRS Jacundá atinge mais de 30.000 kg/ha, um salto de 183% na produção.
Segundo o pesquisador Ferdinando Barreto, esse desempenho reforça a importância da cultivar como ferramenta para fortalecer ainda mais a produção de mandioca no Amazonas, especialmente nas microrregiões de Tefé, Uarini e Alvarães.
Além da alta produtividade, a cultivar BRS Jacundá da Embrapa contribui para a segurança alimentar, uma vez que a mandioca é fonte essencial de carboidratos para comunidades rurais de baixa renda.
A ampliação da oferta e a melhoria da qualidade do produto final têm potencial para aumentar a renda dos agricultores familiares e dinamizar as agroindústrias locais de farinha e tucupi.
Mandioca de polpa amarela para farinha valoriza a tradição regional
A mandioca de polpa amarela para farinha é símbolo da cultura alimentar amazônica.
No estado, a preferência pela coloração amarelada está ligada à tradição de produzir farinha de mesa e outros derivados, como o tucupi, com textura e sabor característicos.
A BRS Jacundá foi desenvolvida levando em conta esse aspecto cultural. Sua polpa naturalmente amarela não apenas preserva os hábitos locais, como também garante maior aceitação comercial.
Os pesquisadores da Embrapa destacam que essa característica agronômica foi um dos critérios mais valorizados pelos agricultores durante as fases de seleção da nova variedade.
Além da coloração desejada, a mandioca apresenta alto teor de amido, boa consistência e facilidade de processamento, o que favorece sua utilização tanto na farinha quanto em outros subprodutos regionais.
Outro ponto de destaque é que a produção de mandioca no Amazonas com essa nova variedade permite reduzir a dependência de poucas cultivares, como a tradicional “Catombo”, amplamente cultivada e hoje exposta a riscos de erosão genética.
A diversificação proporcionada pela BRS Jacundá ajuda a preservar a variabilidade genética e reduzir vulnerabilidades ambientais.
Plantio em terra firme no Amazonas garante maior rendimento
O plantio em terra firme no Amazonas é um dos principais diferenciais da nova cultivar. A BRS Jacundá foi desenvolvida justamente para essas condições, em contraposição às áreas de várzea, onde as cheias e secas intensas dificultam o manejo.
O cultivo deve ocorrer preferencialmente no início do período chuvoso, entre novembro e dezembro, podendo ser estendido a outros meses, desde que não coincidam com períodos de estiagem.
A densidade ideal é de 10 mil plantas por hectare, com espaçamento de 1 metro por 1 metro, o que otimiza o aproveitamento do solo e favorece o crescimento uniforme.
A colheita é recomendada entre oito e dez meses após o plantio, podendo ser estendida até doze meses, dependendo das condições locais.
O crescimento inicial da cultura é mais lento, portanto, recomenda-se o consórcio com espécies de crescimento rápido, capazes de proteger o solo e reduzir a erosão.
Ao adaptar-se ao plantio em terra firme no Estado, a BRS Jacundá contribui diretamente para o aumento da produção de mandioca no Amazonas, reduzindo custos de transporte e de insumos.
Além disso, a resistência natural da planta a pragas e doenças diminui a necessidade de defensivos, promovendo ganhos econômicos e ambientais significativos.
Rotação de culturas na mandioca e a produtividade agrícola sustentável
A rotação de culturas na mandioca é uma prática de baixo custo que promove equilíbrio ecológico e melhora o rendimento das plantações.
No caso da BRS Jacundá, essa estratégia é essencial para manter a produtividade agrícola sustentável, evitando o desgaste do solo e o acúmulo de pragas.
A Embrapa recomenda alternar o cultivo da mandioca com gramíneas, como milho e sorgo, e leguminosas, como feijão-caupi, mucuna, tephrosia e flemingia.
Quando a mandioca é cultivada repetidamente na mesma área por mais de dois anos, o solo sofre degradação física, química e biológica, o que impacta negativamente a produtividade.
A rotação com outras espécies permite recuperar nutrientes e reduzir doenças radiculares. Além disso, essas práticas evitam a necessidade de desmatar novas áreas, contribuindo para a conservação ambiental.
A produção de mandioca no Amazonas com base em rotação de culturas e boas práticas de manejo representa um avanço importante para o desenvolvimento rural sustentável.
Aliando o uso da cultivar BRS Jacundá a técnicas de rotação, manejo de solo e colheita planejada, os agricultores podem obter ganhos expressivos de produtividade e renda sem comprometer o meio ambiente.
Em síntese, a integração entre cultivar BRS Jacundá da Embrapa, mandioca de polpa amarela para farinha, plantio em terra firme no Amazonas, rotação de culturas na mandioca e produtividade agrícola sustentável formam um conjunto de soluções que consolida um novo patamar para a produção de mandioca no Amazonas, fortalecendo a segurança alimentar e econômica das famílias agricultoras da região.
Um aumento de 10590 kg/ha para 30.000 kg/ha representa uma variação percentual de 183% e não 300%
Obrigado pela observação. Vou corrigir na matéria…