Conflito direto entre Israel e Irã provoca explosões em refinarias, lançamento de mísseis e alta imediata no preço do petróleo; mercados temem colapso global na energia
O preço do petróleo voltou a subir de forma abrupta no mercado internacional após os bombardeios israelenses em solo iraniano, registrados na sexta-feira, 13 de junho de 2025. As principais referências globais, o Brent e o WTI, registraram altas de 4,4% e 4,3% apenas no dia 17, atingindo US$ 76,45 e US$ 74,84 por barril, respectivamente. No dia seguinte, a alta continuava e já se aproximava de 13% acumulada desde o início dos ataques.
Segundo a Al Jazeera e especialistas consultados pela imprensa norte-americana, a possibilidade de um conflito mais amplo envolvendo os Estados Unidos e o risco de interdição do Estreito de Hormuz elevaram os temores sobre o abastecimento mundial. Embora as instalações da Ilha de Kharg ainda não tenham sido atingidas, os riscos são crescentes. A tensão militar e os danos a refinarias, como a de Shahr Rey, aumentam a percepção de escassez.
Estreito de Hormuz em risco: bloqueio pode afetar até 30% do fluxo global de petróleo e causar colapso logístico internacional
A principal preocupação em torno da crise no Oriente Médio é a possibilidade de o Irã retaliar com o bloqueio do Estreito de Hormuz, responsável por 20% a 30% de todo o petróleo exportado no mundo. A região é considerada estratégica não apenas para os países da OPEP, mas também para economias como China, Japão e União Europeia, que dependem do trânsito livre para garantir seus estoques de energia.
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Especialistas como Thomas O’Donnell, vinculado ao Wilson Center, afirmam que um ataque direto à Ilha de Kharg ou a tentativa de fechamento do estreito seriam interpretados como atos de guerra contra a economia global. O’Donnell ressalta que o Irã também pode mirar em refinarias sauditas como estratégia de retaliação máxima.
Ainda que a produção iraniana represente cerca de 4% do fornecimento mundial, a simples possibilidade de escassez e o impacto especulativo nos contratos futuros já geram volatilidade em escala global. O mercado financeiro respondeu com queda imediata nos principais índices dos EUA.
A história mostra que situações semelhantes, como as guerras do Golfo ou o embargo árabe dos anos 1970, causaram crises globais de energia e recessões severas. Com as redes de suprimento já pressionadas pela transição energética e conflitos anteriores, o mundo pode enfrentar novos choques de oferta.
O fechamento de Hormuz ou a perda de refinarias relevantes no Irã geraria aumento nos fretes marítimos, revisões nas rotas de exportação e possíveis intervenções militares para garantir a fluidez do comércio.
Bombardeios israelenses atingem infraestrutura energética iraniana e disparam o preço do petróleo nos mercados futuros
Desde a noite do dia 13 de junho de 2025, Israel bombardeou diversas instalações petrolíferas e gasíferas no Irã, incluindo o complexo South Pars, a refinaria Shahr Rey, o depósito Shahran e a planta Fajr Jam. A ofensiva também atingiu instalações próximas a Teerã, elevando os temores sobre danos estruturais permanentes ao sistema de energia iraniano.
Embora a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) tenha confirmado danos à infraestrutura nuclear, o maior impacto imediato tem sido no mercado de commodities, com os contratos futuros subindo fortemente em função da incerteza.
Ao todo, o Irã produz cerca de 3,99 milhões de barris de petróleo por dia, exportando a maioria via a Ilha de Kharg. Analistas acreditam que qualquer ataque à esse ponto logístico-chave pode gerar desequilíbrios graves.
A tensão escalou após o presidente dos EUA, Donald Trump, exigir “rendição incondicional” do Irã e declarar que sabe a localização do aiatolá Ali Khamenei, numa ameaça indireta de eliminação do líder supremo.
Na manhã seguinte, mais de 100 drones iranianos foram lançados contra alvos em Tel Aviv, a maioria interceptada pelo sistema Domo de Ferro, segundo fontes israelenses.
Esse ciclo de ataque e retaliação ampliou as incertezas e causou um efeito dominó nos mercados. O setor de tecnologia caiu mais de 0,9% na Nasdaq, e o índice S&P 500 recuou 0,84%.
Reserva estratégica da OPEP pode não ser suficiente para conter impacto global da crise entre Israel e Irã em 2025
Embora analistas como Clayton Seigle, do CSIS, acreditem que a OPEP possa compensar a queda da produção iraniana, a capacidade de reação imediata é limitada. O motivo está na necessidade de redistribuição logística, aprovação política interna dos países e tempo de ativação dos poços.
Os EUA também poderiam mobilizar seus produtores independentes, os chamados “frackers“, mas os custos e o tempo de produção aumentam o risco de choques temporários. O mercado, sensível à percepção de risco, reage antecipadamente.
Um cenário ainda mais crítico seria a extensão do conflito para países do Golfo e o envolvimento de milícias alinhadas ao Irã, como o Hezbollah, criando uma frente de ataque múltipla. Isso poderia comprometer a produção da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos.
Por isso, mesmo que a produção global não esteja comprometida no momento, os contratos já precificam o risco geopolítico, levando a subidas especulativas. Países como China e Índia começaram a revisar suas políticas de estoque estratégico.
O temor é que, se o conflito se prolongar ou escalar, a reposição das reservas e a normalização do fluxo logístico não sejam suficientes para atender a demanda global. Isso abriria caminho para uma nova era de instabilidade nos preços do petróleo.
Corrida armamentista entre Israel e Irã amplia instabilidade e transforma o petróleo em arma estratégica da guerra de 2025
O embate militar não se limita ao campo de batalha. Tanto Israel quanto o Irã utilizam suas capacidades energéticas como instrumentos de pressão internacional. Enquanto Israel aposta em tecnologia, alianças e precisão cirúrgica, o Irã joga com o volume, a localização estratégica e a resiliência de sua infraestrutura subterrânea.
Dados do Global Firepower 2025 apontam que o Irã possui a 3ª maior reserva de petróleo e a 2ª maior de gás natural do mundo. Ainda assim, suas exportações têm sido limitadas pelas sanções americanas. Isso faz com que qualquer brecha no bloqueio seja altamente valiosa para o país.
Israel, por sua vez, explora jazidas no Mediterrâneo, mas depende de parcerias com os EUA e países europeus para garantir seu suprimento. Por isso, seu foco está em neutralizar a infraestrutura inimiga antes que ela se torne uma ameaça direta.
No atual cenário, o petróleo é parte central do tabuleiro geopolítico. Ataques a refinarias, sabotagens e ameaças ao transporte são formas de forçar negociações ou pressionar inimigos.
Se o Irã optar por retaliação total, é provável que busque atingir a infraestrutura energética de aliados israelenses. Isso inclui países do Golfo e possivelmente o Canal de Suez, por onde passa parte significativa das exportações para a Europa.
Cenário para 2025: volatilidade, petróleo acima de US$ 100 e risco de crise energética global são cada vez mais prováveis
A permanência do conflito entre Israel e Irã pode levar o barril do petróleo de volta aos patamares acima de US$ 100, como visto em crises anteriores. A combinação entre instabilidade política, retaliações e danos à infraestrutura é um catalisador clássico de choques energéticos.
Mercados globais estão atentos a cada novo ataque ou declaração, reagindo com rapidez nas bolsas e contratos de commodities. O risco de uma intervenção dos Estados Unidos, além de ampliar o conflito, pode tornar inevitável a militarização de rotas comerciais.
Governos e empresas de energia estão revendo suas projeções para o segundo semestre. A Agência Internacional de Energia deve emitir um novo alerta sobre os estoques e a estabilidade de fornecimento.
Especialistas alertam que, mesmo que o conflito seja contido, os danos já causaram um efeito psicológico duradouro no mercado, o que pode manter os preços elevados por meses.
A palavra-chave principal deste cenário é preço do petróleo, que se torna não apenas um indicador econômico, mas um reflexo direto da segurança global em tempos de guerra.
No pior cenário, uma escalada prolongada pode gerar recessão, falta de combustível e desorganização de cadeias logísticas em diversas regiões do planeta.