Produção em queda, reservas valiosas e disputa global pelo refino
O manganês é hoje um dos minerais mais estratégicos do mundo e, por isso, ganhou destaque em diferentes setores. Essencial na produção de aços resistentes, ele também é fundamental na fabricação de baterias elétricas. Além disso, o mineral se tornou peça central da transição energética global, o que está redefinindo posições entre as principais potências industriais e intensificando a disputa entre Brasil e China.
Durante décadas, o Brasil figurou entre os maiores produtores de manganês do planeta. No entanto, desde 2021, o cenário mudou. A Vale, que antes liderava o setor, vendeu seus principais ativos e, consequentemente, reduziu sua presença no mercado. Em seguida, em 2023, a Buritirama Mineração, maior produtora da América Latina, teve falência decretada pela Justiça brasileira por dívidas com a empresa holandesa C. Steinweg Handelsveem. Dessa forma, esses acontecimentos marcaram o início de uma nova e desafiadora fase para o país.
Investigação geológica e distribuição global das reservas

O Instituto Internacional do Manganês afirma que o mineral está presente em mais de cem tipos de rochas e aparece, principalmente, sob a forma de óxidos. Entre eles, os minerais mais comuns são pirolusita, psilomelana e manganita.
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Atualmente, as maiores reservas conhecidas estão na África do Sul, seguidas por Austrália, China e Brasil. No território brasileiro, as jazidas mais ricas estão no sudeste do Pará, na região de Carajás, conforme dados do Serviço Geológico do Brasil. Além disso, o país ainda possui reservas menores em Mato Grosso do Sul e Bahia, que mantêm potencial de exploração.
O manganês é amplamente usado na siderurgia, em ligas de alumínio, no tratamento de água e, mais recentemente, em baterias de íon-lítio. Assim, o mineral passou de um insumo voltado apenas à metalurgia para se tornar um elemento vital da indústria limpa. Por isso, ele ocupa um papel estratégico na economia moderna.
Domínio chinês e concentração do refino
Apesar da ampla distribuição global, a China domina mais de 90% da capacidade de refino do manganês destinado às baterias elétricas, conforme dados de 2023. Além disso, o país asiático também é líder mundial em ferroligas, especialmente no ferro-silício-manganês, responsável por 68% do fornecimento global.
Na sequência, aparecem Índia (14%), Japão (8%) e Malásia (7%), reforçando o poder da Ásia sobre a cadeia de valor. No caso do ferromanganês de baixo carbono, a China mantém 44% da produção mundial, enquanto a Índia responde por 22%. Consequentemente, esses números revelam uma dependência estrutural global, em que o refino chinês é o ponto mais sensível da indústria.
Empresas e reconfiguração do setor brasileiro
Com a saída gradual da Vale, surgiram novos protagonistas nacionais. A LHG Mining, dos irmãos Batista, entrou no mercado em 2022 ao comprar ativos da Vale no Mato Grosso do Sul. Atualmente, ela é a segunda maior produtora do país e busca expandir suas operações.
Paralelamente, no refino, a Maringá Ferro-Liga, em São Paulo, e a Nexus Ligas, em Minas Gerais, são as maiores produtoras brasileiras de ligas de manganês com ferro e silício. Essas empresas, portanto, garantem o abastecimento interno e fortalecem a indústria de transformação nacional.
Enquanto isso, no exterior, empresas como South32 (Austrália), Ntsimbintle Holdings (África do Sul), Eramet (França), Assmang (África do Sul), China Minmetals e Sinosteel (China) continuam dominando a extração e o refino. Desde 2024, a Ntsimbintle Holdings iniciou a transferência de ativos para a Exxaro, consolidando ainda mais o poder da África do Sul no mercado global.
Transição energética e futuro do manganês
Com o avanço da descarbonização mundial, o manganês tornou-se um componente essencial da indústria elétrica e automotiva. Graças à sua resistência e capacidade de armazenamento, ele é amplamente usado em baterias de veículos elétricos. Além disso, sua abundância relativa e baixo custo de produção o tornam ainda mais atrativo para o mercado global.
Por esse motivo, o manganês integra a lista dos oito minerais críticos mais valorizados da década. Ele aparece ao lado de níquel, lítio, nióbio, cobalto, cobre, grafite e terras raras. Assim, o mineral passou a ser visto não apenas como matéria-prima industrial, mas também como ativo estratégico de energia limpa.
No entanto, a trajetória do manganês, que vai da era do aço ao auge das baterias, mostra que o Brasil ainda precisa recuperar relevância global. Para isso, o país deve investir em tecnologia, governança e sustentabilidade, além de rever políticas de incentivo à mineração.
Portanto, a questão que permanece é: o Brasil vai aproveitar essa oportunidade histórica para voltar ao topo do mercado mundial ou continuará exportando apenas o potencial bruto, enquanto outros países refinam o futuro?

                        
                                                    
                        
                        
                        
                        
            
        
        
        
        
        
        
        
        
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