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Os catadores de Jade têm um rendimento superior à média nacional, mas arriscam a vida em deslizamentos de terra mortais e na exploração

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 14/06/2025 às 22:41
O Perigoso Mundo dos Catadores de Jade de Mianmar
O Perigoso Mundo dos Catadores de Jade de Mianmar
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Em busca de pedras preciosas os catadores de Jade, centenas de milhares de trabalhadores migrantes arriscam a vida em um ciclo de exploração, deslizamentos de terra mortais e vício, alimentando uma indústria bilionária controlada por militares

Mianmar é a principal fonte mundial de jadeíte de alta qualidade, e a região de Hpakant é o epicentro desta indústria de alto risco. Lá, um exército de trabalhadores, conhecidos como yemase, vasculham montanhas de resíduos de mineração em busca de fragmentos de pedras preciosas. Estes são os catadores de Jade.

Analisamos as condições de vida e trabalho, os riscos mortais, a exploração sistêmica e a complexa rede de corrupção que sustenta uma das indústrias mais letais e lucrativas do mundo.

A busca por riqueza em meio à pobreza, quem são os catadores de Jade?

A principal força que leva centenas de milhares de pessoas a se tornarem catadores de Jade é a pobreza profunda e o desemprego em Mianmar. A maioria são trabalhadores migrantes que chegam a Hpakant com a esperança de encontrar uma “pedra muito preciosa” que possa transformar suas vidas.

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Embora a maioria dos achados seja modesta, a promessa de uma grande descoberta alimenta uma mentalidade de “corrida do ouro”. O rendimento mensal mediano para os mineiros é de US$ 266, um valor significativamente superior à média nacional, mas que vem com um custo humano altíssimo. Muitos chegam sem contatos e vivem em alojamentos precários na base de pilhas de entulho instáveis, trabalhando sete dias por semana.

Hpakant, uma paisagem de deslizamentos mortais e degradação

Mianmar é a principal fonte mundial de jadeíte de alta qualidade, e a região de Hpakant é o epicentro desta indústria de alto risco. Lá, um exército de trabalhadores, conhecidos como yemase, vasculham montanhas de resíduos de mineração em busca de fragmentos de pedras preciosas. Estes são os catadores de Jade.

O ambiente de trabalho em Hpakant é extremamente perigoso. Os deslizamentos de terra são uma ameaça constante e letal, ocorrendo várias vezes por ano e resultando em centenas de mortes. As causas principais são:

Práticas de mineração inseguras: empresas de mineração acumulam enormes pilhas de resíduos de centenas de metros de altura, criando encostas altamente instáveis.

Chuvas de monção: as chuvas intensas saturam o solo e enfraquecem as pilhas de rejeitos, atuando como um gatilho para os colapsos.

Lagos de rejeitos: poços de mineração abandonados se enchem de água, exercendo imensa pressão sobre os montes de resíduos adjacentes.

Incidentes catastróficos são recorrentes. Em julho de 2020, um deslizamento matou entre 162 e 200 pessoas. Em janeiro de 2025, o colapso de um lago de rejeitos soterrou 50 casas e deixou dezenas de desaparecidos.

Além dos deslizamentos, os catadores de Jade enfrentam uma epidemia de vício em heroína e outras drogas, usadas para suportar as exigências físicas extenuantes do trabalho.

Corrupção, controle militar e comércio ilícito

A indústria do jade em Mianmar é amplamente descrita como “não regulamentada” e opera como no “Velho Oeste”. Ela é predominantemente controlada pelos militares (Tatmadaw) e seus afiliados, que usam os lucros para financiar conflitos. Grupos étnicos armados, como o Exército de Independência Kachin (KIA), também taxam a atividade.

A corrupção é endêmica. Estima-se que a indústria movimente entre US$ 15 bilhões e US$ 31 bilhões por ano, mas o Estado perde de 80% a 90% da receita potencial devido ao contrabando e à ilegalidade. A maior parte do jade de alta qualidade é contrabandeada diretamente para a China. O golpe militar de 2021 apenas intensificou essa crise, aprofundando a ilegalidade e os abusos.

A crise humanitária, exploração, vício e a falta de direitos

Mianmar é a principal fonte mundial de jadeíte de alta qualidade, e a região de Hpakant é o epicentro desta indústria de alto risco. Lá, um exército de trabalhadores, conhecidos como yemase, vasculham montanhas de resíduos de mineração em busca de fragmentos de pedras preciosas. Estes são os catadores de Jade.

Os catadores de Jade são classificados como “trabalhadores informais”, o que os priva de direitos trabalhistas básicos e de qualquer esperança de compensação em caso de acidentes ou morte. Eles trabalham com equipamentos de segurança inadequados, e quase metade deles já experienciou pessoalmente um deslizamento de terra.

O desespero econômico, agravado pela instabilidade política, empurra cada vez mais pessoas para este setor perigoso, criando uma força de trabalho vulnerável e pronta para a exploração. A junta militar e os grupos armados que lucram com este comércio têm interesse em manter este ambiente não regulamentado, garantindo um ciclo de impunidade.

Um ciclo vicioso de pobreza, perigo e impunidade

A situação dos catadores de Jade em Mianmar é uma grave crise humanitária. Eles estão presos em um ciclo brutal de pobreza, perigo e exploração, onde a busca por uma vida melhor pode facilmente levar à morte. A imensa riqueza gerada pela jadeíte, em vez de beneficiar o povo de Mianmar, alimenta a corrupção, financia conflitos e perpetua o sofrimento.

Para quebrar este ciclo, são necessárias ações abrangentes e coordenadas. Isso inclui a implementação rigorosa de normas de segurança, a formalização dos direitos dos mineiros artesanais e, crucialmente, uma forte pressão internacional para combater a corrupção e os abusos dos direitos humanos que definem esta indústria mortal.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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