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Alta no frete marítimo impacta preço de produtos fotovoltaicos no Brasil, levando navios a priorizar rotas para EUA e Europa. Fornecedores esperam ajustes até agosto.
O aumento do frete marítimo está causando um impacto significativo nos preços de produtos fotovoltaicos no Brasil, uma vez que as rotas de navios estão priorizando destinos nos EUA e na Europa. A alta do dólar e a demora nas entregas são fatores que também estão influenciando o mercado de energia solar, tornando o frete mais caro.
Os fornecedores acreditam que essa situação pode começar a se estabilizar até agosto, mas até lá os custos vão continuar subindo. O transporte de mercadorias oriundas da China para o Brasil enfrenta um aumento semanal de U$ 500 a U$ 600 no frete marítimo. Além disso, o custo de transporte elevado está obrigando empresas a buscar alternativas mais econômicas e eficazes para mitigar os atrasos nas entregas.
De acordo com fontes consultadas pelo Canal Solar, vários elementos contribuem para a elevação dos custos de frete marítimo, afetando diretamente os componentes dos sistemas fotovoltaicos. Segundo especialistas, os módulos fotovoltaicos são os mais impactados por essa alta, devido ao seu valor agregado ser menor em comparação aos inversores.
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Tarifas de transporte marítimo de contêineres 2024
| País de Destino | Contêiner de 20′ (USD) | Contêiner de 40′ (USD) |
|---|---|---|
| Estados Unidos (Los Angeles) | 6152 | 7974 |
| Estados Unidos (Nova York) | 7089 | 9199 |
| Reino Unido (Felixstowe) | 4712 | 8052 |
| Alemanha (Bremerhaven) | 4695 | 8001 |
| Austrália (Melbourne) | 1756 | 3034 |
| Brasil (Santos) | 6500 | 9500 |
| Países Baixos (Rotterdam) | 7300 | 7322 |
Os Estados Unidos e a Europa têm pagado valores mais altos pelo frete para receber produtos originários da China. Isso faz com que os navios voltem suas rotas principalmente para esses destinos, em detrimento da Costa Leste da América do Sul, resultando em atrasos nas entregas para o mercado brasileiro. Além disso, o tempo de espera para o envio das mercadorias aumentou, pois existe uma menor quantidade de navios voltando rotas para essa região. Além disso, as embarcações só são despachadas quando a carga está completa.
Efeitos dos Blank Sailings nas Entregas
Existem também casos de blank sailings, isto é, quando há um comunicado sobre o cancelamento da atracação de um navio em determinado porto, alterando parcialmente ou totalmente a sua rota. Roberto Caurim, CEO da importadora e distribuidora Bluesun Solar do Brasil, destaca que outro aspecto é a queda do valor do Wp (Watt-pico) dos módulos fotovoltaicos nos últimos meses na China, tornando o transporte de cada módulo proporcionalmente mais caro. Segundo o empresário, a previsão é que esse cenário persista, pelo menos, até o final do ano.
‘Esse é um cenário que não deve mudar tão cedo. Os armadores não preveem uma queda nos valores, ou seja, estamos falando de fretes elevados, ao menos até o final do ano, e continuamos monitorando essa situação’, afirmou Caurim.
Perspectiva do Mercado de Geração Distribuída (GD)
Para Eduardo Villas Boas, CEO da distribuidora Esfera Solar, o impacto do frete marítimo no mercado de geração distribuída (GD) não deve ser analisado apenas pelo período recente de aumento. Ele argumenta que, se o mercado focar apenas nesse curto espaço de tempo, não será determinante para a venda dos produtos. Villas Boas também comenta que há expectativas de ajustes nos fretes a partir de agosto, pois a alta se deveu a fatores inesperados que estão se alinhando agora, indicando uma possível redução de preço até o final do ano.
‘Eu acredito que o mercado de GD não deve avaliar o aumento do frete marítimo considerando apenas os últimos 2 meses. Se analisarmos esse período, é evidente que o aumento do custo do frete impacta no preço do gerador para o consumidor final, mas não ao ponto de determinar a venda ou não dos produtos’, ressaltou.
Influência da Variação Cambial no Frete Marítimo
Em relação à alta do dólar, Caurim e Villas Boas comentaram que a variação cambial tem influenciado tanto no aumento do frete marítimo quanto nos impostos. ‘Há dois meses, eu comprava um módulo por um valor, mas devido ao impacto do dólar e do frete, levando em consideração um aumento de mais de 15%, estamos vendo que muitos distribuidores não estão conseguindo repor seus estoques’, afirmou Caurim.
Villas Boas acrescenta que o verdadeiro impacto atualmente não está apenas no custo do frete de produtos fotovoltaicos, mas também na variação cambial, que afeta tanto os módulos quanto os inversores e outros insumos. Ele observa que cada distribuidor tem uma realidade específica em termos de estoques, prazos de pagamento, e estratégia, além de resquícios do ano anterior, que foi um período desafiador.
Saiba como funciona o transporte marítimo no Brasil
Impactos na Pré-venda de Produtos Fotovoltaicos
Esse cenário de alta afeta a pré-venda, pois algumas distribuidoras vendem produtos nesta modalidade sem considerar a flutuação do frete, o que pode resultar em prejuízos. O CEO da Bluesun ressalta que eles evitam pré-vendas longas exatamente para contornar esse problema. ‘Somente autorizo pré-venda quando já temos os produtos no porto’, afirmou.
Villas Boas também aponta que o impacto na pré-venda depende do tipo de projeto. Para projetos completos e fechamento de usinas com embarques programados, o frete realmente influencia nas negociações. Já para pequenos projetos do dia a dia, o impacto é menor, uma vez que o distribuidor só libera a pré-venda após a definição do custo do frete e o embarque realizado.
Diferença entre CIF e FOB e Impactos Tributários
Existem duas modalidades principais de frete: CIF (Cost, Insurance and Freight) e FOB (Free on Board). No Brasil, a modalidade CIF, onde o encargo do frete é da empresa fornecedora e o custo é incluído no preço do produto final, é a mais comum. ‘Quando você tem um país como o nosso, onde a tributação se dá pelo CIF e não pelo FOB, o aumento do frete entra na cadeia tributária’, explica Eudes Silveira, diretor da Port Trade.
A relação entre frete marítimo, custo de transporte e variação cambial continua a ser um quebra-cabeça para distribuidores e importadores do setor de energia fotovoltaica, que precisam balancear entre custos elevados e a expectativa de uma possível normalização de preços.
