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O mais antigo mapa da humanidade? Ga‑Sur, uma placa de barro de 4.200 anos que mapeou paisagens da moderna Turquia bem antes da escrita alfabética

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 30/07/2025 às 09:01
O mais antigo mapa da humanidade? Ga‑Sur, uma placa de barro de 4.200 anos que mapeou paisagens da moderna Turquia bem antes da escrita alfabética
O mais antigo mapa da humanidade? Ga‑Sur, uma placa de barro de 4.200 anos que mapeou paisagens da moderna Turquia bem antes da escrita alfabética
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Descubra o mapa de Ga‑Sur, uma tabuleta de barro de 4.200 anos considerada o mapa mais antigo do mundo — um marco da cartografia que revela como os sumérios já mapeavam terras na antiga Mesopotâmia.

Desde que o ser humano começou a se organizar em sociedades, a necessidade de representar o mundo ao seu redor se tornou inevitável. A curiosidade em compreender territórios, delimitar fronteiras e registrar paisagens deu origem a uma das invenções mais transformadoras da nossa história: o mapa. Muito antes de existirem satélites, bússolas ou sistemas de GPS, as primeiras civilizações já buscavam traduzir o espaço físico em símbolos e linhas. E entre os registros mais antigos já encontrados, uma peça em especial desperta fascínio entre historiadores e arqueólogos: a tabuleta de Ga‑Sur, considerada por muitos o mapa mais antigo do mundo.

Datada de aproximadamente 4.200 anos atrás (c. 2.500 a.C.), a pequena placa de barro foi descoberta no território que hoje corresponde ao Iraque, em plena Mesopotâmia, o berço de algumas das primeiras civilizações humanas. Mais do que um artefato arqueológico, o mapa de Ga‑Sur é um testemunho de como os sumérios já tinham uma percepção avançada do espaço e de sua organização territorial.

Mapa de Ga‑Sur: o início da cartografia na antiga Mesopotâmia

Encontrado nas ruínas da antiga cidade suméria de Nuzi, próxima à moderna Kirkuk, o mapa de Ga‑Sur está hoje preservado no Museu do Antigo Oriente, em Istambul.

Apesar do tamanho modesto e da simplicidade do traço, o que ele revela é extraordinário: ali estão representadas propriedades agrícolas, canais de irrigação e divisões de terrenos, evidenciando que, ainda na Idade do Bronze, os sumérios já entendiam a importância de registrar graficamente a terra que cultivavam.

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Mais do que uma ferramenta prática, o mapa também tinha um caráter simbólico. Ele mostrava não só os limites físicos, mas a forma como uma sociedade se organizava e enxergava o mundo. É a semente do que hoje chamamos de cartografia – um conceito que evoluiria ao longo dos milênios, mas que teve em Ga‑Sur um de seus primeiros capítulos.

Mapa mais antigo do mundo: Ga‑Sur ou Imago Mundi?

O mapa de Ga‑Sur é considerado por muitos especialistas o primeiro traço cartográfico da humanidade. No entanto, há outro candidato famoso a esse título: a Imago Mundi, uma tabuleta babilônica datada de cerca de 600 a.C.

Diferente do mapa sumério, que tinha um propósito mais funcional, a Imago Mundi é vista como o primeiro mapa‑múndi conhecido. Nela, a Babilônia aparece no centro do mundo, cercada por um grande rio circular – interpretado como o oceano – e com sete “ilhas” representando terras distantes, muitas vezes míticas.

O mapa mistura conhecimento geográfico com cosmologia e religião, sendo um reflexo do modo como os babilônios concebiam o universo.

Apesar do fascínio pela Imago Mundi, o mapa de Ga‑Sur permanece como a evidência mais antiga de um mapa com função prática e administrativa, registrando o espaço de forma rudimentar, mas extremamente significativa.

Cartografia antiga: para que serviam os primeiros mapas?

Os primeiros mapas, como o de Ga‑Sur, não tinham a precisão e a escala dos mapas modernos. Eram representações simples, mas carregadas de significado. Na Mesopotâmia, por exemplo, esses registros tinham funções variadas:

  • Administrar propriedades agrícolas e sistemas de irrigação, vitais para uma sociedade que dependia do cultivo e do controle das cheias dos rios Tigre e Eufrates;
  • Organizar a divisão de terras entre templos, reis e camponeses, garantindo que os limites fossem respeitados;
  • Expressar crenças e visão de mundo, conectando a geografia à cosmologia e à religião locais.

Ou seja, esses mapas eram tanto ferramentas administrativas quanto expressões culturais, servindo para gerir o território, mas também para reforçar a ordem social e espiritual da época.

Mapa em argila: o valor simbólico e histórico da tabuleta

O fato de o mapa de Ga‑Sur estar inscrito em argila diz muito sobre a tecnologia e os costumes da Mesopotâmia.

Antes do uso do papiro, do pergaminho e, mais tarde, do papel, a argila era o principal suporte para registros escritos e gráficos. Gravados com estiletes de madeira ou metal, esses tabletes eram depois cozidos para garantir a durabilidade.

Isso explica como o mapa sobreviveu por mais de quatro milênios. A durabilidade do material preservou não apenas um traço de cartografia, mas uma janela para a mentalidade e as necessidades de uma das primeiras sociedades organizadas do planeta.

Da tabuleta de Ga‑Sur à cartografia moderna

Do traço simples em uma tabuleta de barro até os sistemas digitais de geolocalização, a história da cartografia percorreu um longo caminho. Depois de Ga‑Sur, vieram os mapas egípcios, os gregos e romanos, e, séculos depois, os revolucionários trabalhos de Ptolomeu, Al‑Idrisi e Mercator, que moldaram nossa visão de mundo.

Hoje, usamos aplicativos de mapas com um clique, mas tudo começou com artefatos como o de Ga‑Sur. Eles mostram que a vontade de representar o espaço e entender nosso lugar no mundo é uma necessidade intrínseca do ser humano — tão antiga quanto a própria civilização.

Mais do que o “mapa mais antigo do mundo”, a tabuleta de Ga‑Sur é um marco da história da cartografia e um lembrete de como o pensamento humano evoluiu. Ali, em linhas toscas gravadas na argila, está o início de uma jornada que nos levou das primeiras divisões de terras às imagens de satélite em tempo real.

O mapa de Ga‑Sur não é apenas um objeto de museu. Ele é um elo entre passado e presente, mostrando que, desde os primeiros traços, o ser humano busca compreender, organizar e deixar marcas no mundo que habita.

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Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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