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Mercado de energias renováveis em 2022 deve superar números de 2021, quando eólica e solar registraram índices recordes em produção de energia limpa

Escrito por Junior Aguiar
Publicado em 12/01/2022 às 16:53
energias renováveis em 2022 no brsil
Futuro das energias elétricas renováveis no Brasil é de otimista | Imagem: Bluesol via Google

Em entrevista exclusiva ao Portal CPG, a presidente da Abeólica aponta 2022 como um ano chave para investimentos neste setor, com destaque para a energia eólica

Para o mercado de energias renováveis em 2022 as expectativas e perspectivas são só positivas. Depois do altos índices alcançados em 2021, não tem como as projeções serem diferentes, principalmente para a geração por meio de energia eólica e solar.

Em entrevista exclusiva para o portal Click Petróleo e Gás, a presidente da Abeólica, Elbia Gannoum, falou das expectativas para o setor eólico no Brasil. Confira no vídeo abaixo.

Vídeo Conferência com Elbia Gannoum, presidente da Abeólica

Elbia Gannoum explica ao Portal CPG sobre as expectativas para o mercado de energia renováveis em 2022 no Brasil

Nunca antes na história, o Brasil foi tão adepto à energia limpa. De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), o índice de produção de energia solar cresceu 65% em um ano.

Apesar do ano desafiador devido à pandemia que entra no terceiro ano em 2022, houve um crescimento de 65% na produção de energia solar. Esse setor de energia limpa fotovoltaica saltou de 7,9 GW ao final de 2020 para 13 GW ao final de 2021.

Em se tratando de movimentação financeira do mercado de energia solar como um todo, foram arrecadados em tributos cerca de R$ 5,8 bilhões. Um acréscimo de 52% em relação ao total arrecadado até o final de 2020 em todo o país, ainda segundo a Absolar.

A energia solar é produzida por painéis fotovoltaicos próprios do consumidor, instalados nos telhados ou fachadas dos imóveis; terrenos a exemplo de quintais e jardins; ou através de usinas em que a distribuição da energia limpa é compartilhada.

A energia solar através de painéis fotovoltaicos oferece a oportunidade de o consumidor reduzir os custos com conta de energia em até 90%. Já a distribuição da energia pelas fazendas solares pode ser mais interessante a donos de negócios como mercados e padarias.

Outro segmento importantíssimo de produção de energia limpa e que deve puxar com força os altos índices de energias renováveis em 2022 é o setor de energia eólica.

A energia eólica é produzida pela força do vento. Outra fonte inesgotável, também vem da natureza e, portanto, é de graça. A produção dessa energia limpa acontece pelo trabalho dos aerogeradores.

Os aerogeradores, também conhecidos como turbina eólica captam o vento e, através do multiplicador, a energia mecânica chega ao gerador, que finaliza o processo e a converte em energia elétrica limpa.

No Brasil são 751 usinas de energia eólica instaladas em diversas regiões. Cerca de 8.800 aerogeradores. E até aqui foram mais de 20GW de capacidade instalada, sendo 3.6 de produção de energia limpa em 2021.

Os números são da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEolica). Ainda segundo a entidade, a produção de energia limpa eólica por ano não ultrapassava 2.5GW.

Toda esse aumento de produção de energia limpa e renovável no Brasil fez expandir a matriz elétrica. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o país terminou 2021 com maior acréscimo em potência instalada desde o ano de 2016.

Imagem e gráficos: Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)

Perspectivas e projeções para o mercado de energias renováveis em 2022 no Brasil com nova legislação

O Novo Marco da Geração Distribuída já está em vigor no Brasil. Foi sancionado no último dia 7 de janeiro pelo presidente Jair Bolsonaro, com dois vetos.

O texto estabelece uma transição para a cobrança de encargos e tarifas de uso dos sistemas de distribuição por parte dos micro e minigeradores de energia elétrica. 

Até 2045 os micro e minigeradores de energia elétrica já existentes pagarão os componentes da tarifa somente sobre a diferença, se positiva, entre o consumido e o gerado e injetado na rede de distribuição, como ocorre hoje.

A regra valerá ainda para consumidores que pedirem acesso à distribuidora, por meio do Sistema de Compensação de Energia Elétrica (SCEE), em até 12 meses da publicação da Lei.

Mercado de energias renováveis em 2022: projeções para energia solar

Em se tratando de energia solar, especialistas deslumbram que, de 2022 a 2040, novos recordes para implantação de energia fotovoltaica, uma vez que a distribuição global de sistemas tem avançado intensamente e está sendo estimulada por reduções de custos.

O crescimento das energias renováveis em 2022 em diante é motivado a atingir cenários de alta produção de energia limpa. A Absolar calcula que neste ano, a fonte solar fotovoltaica deverá resultar em R$ 50,8 bilhões de investimentos privados no Brasil, sendo R$ 40,6 bilhões da geração distribuída.

A expectativa ainda é de que sejam gerados mais de 357 mil novos empregos no Brasil direta e indiretamente ligados à energia solar, consolidando o conceito de sustentabilidade que o mudo tanto debate.

A Absolar tem a estimativa ainda que serão adicionados mais de 11,9 GW de potência instalada de energia solar. O que seria um crescimento de cerca de 91,7% sobre a capacidade instalada atual do Brasil. Atualmente são em 13,0 GW.

Para a geração própria de energia solar fotovoltaica, a Absolar projeta um crescimento de 105% frente ao total já instalado até 2021, passando de 8,3 GW para 17,2 GW. Já em relação a usinas solares de grande porte, conhecida também como fazenda solares, o crescimento previsto é de 67,8%, saindo dos atuais 4,6 GW para 7,8 GW.

O otimismo com relação a esse setor das energias renováveis em 2022 acontece pela entrada em vigor da lei nº 14.300/22, que institui o Marco Legal da Geração Própria de Energia, Microgeração e Minigeração Distribuída, a qual citamos acima.

A entidade projeta ainda que o setor solar fotovoltaico brasileiro será responsável por um aumento líquido na arrecadação dos governos federal, estaduais e municipais de mais de R$ 15,8 bilhões este ano.

“Projetamos um crescimento muito robusto da energia solar este ano, impulsionado pelo alto custo na conta de luz e pelos benefícios proporcionados aos consumidores como solução definitiva de garantia de suprimento de eletricidade a preços competitivos”.

Ronaldo Koloszuk – presidente do conselho de administração da Absolar em entrevista a Globo.com 

Mercado de energias renováveis em 2022: projeções para energia eólica

A energia eólica vem numa curva crescente acentuada nos últimos três anos. Os ventos são constantes, variam muito pouco de direção. Portanto, então são considerados um dos melhores ventos do planeta para instalação de usinas eólicas e assim, produção de energia limpa.

A capacidade instalada da energia eólica no Brasil é de 11% de toda a capacidade de energia elétrica. De acordo com o Governo Federal, que aponta o próprio país como referência em produção de energias renováveis, a expectativa é dobrar a capacidade nos próximos dez anos.

A região do Nordeste tem cerca de 81% de toda a capacidade instalada no Brasil e, por isso, tem o maior potencial de produção de energia limpa oriunda do vento.

De acordo com a Abeólica, o Brasil saltou de 15º para a 7° posição entre os produtores de energia eólica do mundo caminhando para os próximos cinco anos, ser o 5° maior.

Tudo isso sem aproveitar o setor eólica offshore que tem um potencial enorme. Esse setor de energia elétrica limpa poderia ser implantada em praticamente toda a costa do Brasil.

Para 2022 existem 965,89 MW de energia elétrica limpa eólica em operação de testes, o que vai levar a energia eólica para 21 GW de capacidade instalada logo, logo.

Até 2026, o Brasil terá pelo menos 32 GW de capacidade instalada, considerando os contratos já assinados entre empresas que vêm investindo na produção de energias renováveis.

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O que pode atrapalhar as energias renováveis no Brasil?

O que pode atrapalhar essa escalada positiva do segmento das energias limpas no Brasil é a desarticulação das cadeias produtivas, a incerteza econômica brasileira, a desvalorização cambial e a alta demanda global por equipamentos.

Por outro lado, as empresas de energia solar acreditam que com a escalada dos preços das contas de energia, a busca por energia solar como alternativa deve seguir firme no Brasil.

Sustentabilidade ou pagar menos na conta de luz? O que leva o brasileiro a aderir às fontes de energias alternativas

É natural e importante que o mundo seja adepto, cada vez mais, das energias limpas. Por serem de fontes limpas da natureza, esses sistemas renováveis contribuem para um mundo mais sustentável e menos poluente.

Só a energia eólica, segundo a Abeólica, é capaz de impedir a emissão de cerca de 21.200.000 toneladas de CO² no ano. Uma importância enorme para despoluição do planeta, porém é a economia do bolso que faz o brasileiro aderir às energias renováveis.

Atualmente o Brasil atravessa a maior alta de inflação desde o ano de 2015. A taxa acumulada foi maior que de 10,0%. Diante disso, as contas ficaram apertadas, e uma das quais que o brasileiro vem sofrendo pra pagar é a conta de energia elétrica.

Quem não está na tarifa social das companhias elétricas tem um custo extra de R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos no mês. Este é o valor da chamada bandeira da escassez hídrica, criada em 2021, devido o maior período de falta de chuvas das últimas nove décadas.

Para quem não sabe, o desabastecimento de hidrelétricas afeta na produção de energia elétrica. Para que não haja risco de apagão, termelétricas são acionadas para a produção. Porém isso demanda um custo maior. Além do mais, o funcionamento das termelétricas dependem de combustíveis que agridem o meio ambiente.

Diante de todo esse processo, o alto preço chega no consumidor de energia elétrica. Para fugir desses custos, portanto, é comum que cada vez mais pessoas e empresas recorram às energias renováveis, seja através da compra e instalação de paines fotovoltaicos ou por usinas que fazem a distribuição da energia limpa.

A inflação elevando as margens das energias renováveis em 2022

Os altos preços da energia elétrica convencional elevou as margens das energias renováveis em 2022 a níveis historicamente altos e aumentou as perspectivas de um crescimento mais rápido em relação ao aumento de capacidade.

Uma pesquisa dos analistas da S&P Global Platts Analytics Energy Outlook 2022 mostra que, apesar de um aumento de 10% nos custos, devido aos preços historicamente altos de insumos e questões trabalhistas, as adições de energia solar fotovoltaica aumentem 4% em 2022, enquanto as instalações eólicas onshore avançam 1%.

Por outro lado, o crescimento da capacidade de eólicas offshore deve encolher 25% em 2022, após um salto expressivo em 2021.

Biomassa na rota das energias renováveis no Brasil

A matriz energética do Brasil é formada por 48% de energia renovável. A bioenergia representa 27%, sendo que 19% são produtos originários na cana. Apenas aqui no país que esse produto se faz presente na matriz numa quantidade tão alta.

Em termos de geração de energia elétrica, quase 10% da energia do Brasil é produzida por resíduos da cana, de acordo com a secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia.

Um grande potencial de biogás e biometano, usando a torta de filtro e a vinhaça, que também são resíduos da cana, para utilização como biogás e biocombustível.

Atualmente é um percentual ainda muito pequeno da matriz elétrica brasileira. Porém um potencial enorme para se aproveitar, não só para geração de energia elétrica limpa, mas também no uso do setor de transporte.

Produção de energias renováveis é a oportunidade de o Brasil ser protagonista global

Sabemos que as condições climáticas do Brasil são favoráveis às produções das principais energias renováveis, como energia elétrica solar e energia elétrica eólica.

Além disso, a vinhaça, que é o resíduo de cana-de-açúcar, o hidrogênio e até o óleo de palma são possibilidades de fontes cada vez mais reais de produção de energia elétrica limpa no Brasil.

Portanto, levanto em conta à biodiversidade própria que resulta numa grande potencialidade de produção e uso de energia limpa, o Brasil reúne todas as condições de liderar o processo de transição energética no mundo.

Junior Aguiar

Jornalista, formado pela Universidade Católica de Pernambuco | Produtor de conteúdo web, analista, estrategista e entusiasta em comunicação.

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