Além de ampliar a geração de energia, o investimento na modernização das hidrelétricas também contribuiria, por exemplo, para a redução de impactos socioambientais negativos
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o Fórum Econômico Mundial (WEF) e o Banco Inter-Americano de Desenvolvimento (BID) elaboraram, em conjunto, um trabalho voltado às oportunidades de investimentos em energia sustentável no Brasil. Nesta semana, as instituições divulgaram um documento, denominado “Mobilizando Investimentos para Energia Limpa no Brasil”, em que as principais discussões realizadas pelos agentes participantes da iniciativa encontram-se resumidas.
Sob esse viés, uma das principais propostas presentes no documento dá destaque às potenciais vantagens trazidas pela modernização do parque hidrelétrico brasileiro, que poderia elevar a capacidade de produção de energia do país em quase 5 GW.
O estudo demonstra que, com diversas grandes usinas hidrelétricas brasileiras em operação há mais de 30 anos, a modernização da infraestrutura existente traria uma série de vantagens, como: ampliar a sua produção de energia (reduzindo, assim, a necessidade de novas fontes energéticas); aumentar a sua eficiência e disponibilidade; diminuir interrupções não planejadas; aprimorar a segurança e a capacidade de reserva; além de reduzir os impactos socioambientais negativos.
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Ademais, conforme o documento, estima-se que a modernização das hidrelétricas acarretaria um ganho de 4,7 GW de capacidade para o Brasil, como também uma diminuição de 57 milhões de toneladas de gás carbônico liberado, graças a projetos de modernização que desloquem usinas termelétricas a gás natural.
É necessário ambiente propício para que o potencial de modernização das hidrelétricas seja destravado
Os autores do estudo defendem que, para que esse potencial seja colocado em prática, é fundamental que as políticas e as estruturas de mercado desenvolvam um ambiente propício. Uma das propostas de incentivo à realização de investimentos em modernização e repotenciação hidrelétrica no Brasil consiste na inclusão de usinas hidrelétricas em leilões de reserva de capacidade.
Além disso, outra sugestão é a possibilidade de prorrogação do prazo de concessão em até 20 anos, a fim de compensar o investimento em modernização. Nesse sentido, o estudo apontou que uma série de discussões devem ser promovidas pela EPE para que as modificações propostas sejam refletidas e, possivelmente, implementadas em futuras revisões regulatórias.
O trabalho aborda, ainda, a necessidade de avaliar o risco físico das mudanças climáticas (inundações, secas e chuvas extremas) para todas as usinas de geração hidrelétrica selecionadas, com o intuito de comunicar as iniciativas de resiliência climática em todo o país e em nível de ativos.
No documento, é estabelecido que uma análise completa da vulnerabilidade da infraestrutura hidrelétrica do Brasil é sugerida para informar o planejamento energético nacional, orientar as iniciativas e legislação federal de resiliência climática e aprimorar os esforços de construção de resiliência no nível de ativos.
Estudo também discorre a respeito da realização de investimentos em outras fontes renováveis de energia
O estudo não trata apenas da questão hidrelétrica, mas também analisa as formas de estimular novos investimentos em outras fontes renováveis de energia. Com relação aos sistemas de geração solar distribuída, por exemplo, os autores argumentam que a popularização das melhores práticas em cada estágio da jornada de financiamento diminui os custos transacionais para os financiadores, enquanto também melhora a acessibilidade para desenvolvedores e compradores comerciais ou residenciais.
Finalmente, o trabalho também propõe a criação de uma plataforma aceleradora para produtores independentes de energia (IPPs), a fim de que encontrem desenvolvedores, suporte técnico, de marketing e financeiro para integrar fontes renováveis e desenvolver modelos de geração híbrida em sistemas isolados.
De acordo com o documento, a criação da Aceleradora de Sistemas Isolados será perseguida pela EPE visando à obtenção de um projeto piloto até o ano de 2023. Prevê-se que a aceleradora incentivará o desenho de linhas de crédito específicas para projetos renováveis em Sistemas Isolados.