Enquanto a General Motors não para de lucrar, os salários dos metalúrgicos perdem o poder de compra. Há três anos, os reajustes são inferiores à inflação
Na última quarta-feira (29), os metalúrgicos da General Motors de São Caetano do Sul aprovaram o estado de greve na fábrica. O motivo é a tentativa da montadora de adiar o reajuste salarial e diminuir direitos dos trabalhadores. A data-base da categoria é 1º de setembro e operários querem proposta de reajuste que atenda suas necessidades.
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Os metalúrgicos também defendem a estabilidade no emprego para todos os lesionados. Hoje, apenas quem foi contratado antes de 2017 têm direito a esse benefício. A GM quer manter a exclusão dos novos dessa cláusula e, ainda por cima, reduzir o período de estabilidade dos antigos.
Em termos econômicos os trabalhadores da GM São Caetano do Sul reivindicam os seguintes itens
- Reposição salarial com base no INPC acumulado nos últimos 12 meses;
- aumento real de 5%; Piso Salarial com correção pelo INPC de 2016 a 2021;
- vale-alimentação no valor de R$ 1 mil para os trabalhadores inseridos na grade nova e de R$ 500,00 para os demais;
- Participação nos Resultados (PR) no valor de R$ 18.000,00 com antecipação de R$ 10.000,00;
- adiantamento da metade do 13º Salário/2022 para fevereiro de 2022;
- inclusão de cláusula sobre home office;
- pagamento de quinquênio de 5%; retorno do reajuste da grade salarial a cada 6 meses e cesta de Natal.
Além disso, reivindicam a manutenção das cláusulas sociais que constam no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) vigente, particularmente a Clausula 42, que assegura garantia de emprego ao trabalhador, portador de doenças ocupacionais, e data-base em setembro.Ressalte-se que a greve na GM foi decretada após 7 longas rodadas de negociação entre o sindicato e a direção da empresa.
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“Essa luta é de todos os trabalhadores da GM no Brasil. A proposta da unidade de São Caetano é inferior ao que foi acordado em outras plantas. Se a fábrica não apresentar uma proposta decente, os companheiros de São Caetano vão parar e terão todo nosso apoio”, afirma o secretário-geral do Sindicato, Renato Almeida.
Metalúrgicos rejeitam contraproposta da multinacional General Motors
Em termos de reajuste salarial a empresa apresentou como contraproposta a reposição integral da inflação a ser aplicada aos salários em 1º de fevereiro/2022, mais 50% do INPC do período, com aplicação em fevereiro de 2023, vale-alimentação de R$ 350,00 a empregados com salários até R$ 4.429,00, e a sua implementação em fevereiro de 2022, e abono de R$ 1 mil a ser pago em outubro de 2021.
A rejeição à contraproposta já era prevista, segundo Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul, vez que “ainda que se reconheça a existência de dificuldades devido a pandemia os trabalhadores necessitam ter o seu salário reajustado em conformidade com a inflação acumulada, hoje em 10,42%, mais aumento real, uma vez que o seu poder de compra vem sendo corroído pela alta do custo de vida resultante da inflação galopante”, declarou.
GM não para de lucrar
Enquanto a General Motors não para de lucrar, os salários dos metalúrgicos perdem o poder de compra. Há três anos, os reajustes são inferiores à inflação. No segundo trimestre deste ano, o grupo teve lucro líquido de 2,8 bilhões de dólares, o que reverteu todo o prejuízo atribuído à pandemia.
O Sindicato e a CSP-Conlutas prestam todo apoio e solidariedade à luta dos metalúrgicos de São Caetano.
“Com o aumento dos preços e a inflação galopante, as dívidas não esperam, não podem ser parceladas. É um absurdo a GM ter a cara de pau de querer aplicar a inflação da data-base apenas no ano que vem. Nós estamos juntos nessa luta e vamos pra cima ao lado dos companheiros de São Caetano”, afirma Luiz Carlos Prates, o Mancha, dirigente da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas.