O governo dos Estados Unidos manifestou a sua insatisfação com o permite concedido pelo Brasil para que navios iranianos atracassem no Rio de Janeiro.
O porta-voz do Departamento de Estado americano declarou que tal decisão foi “errada” e enviou uma mensagem “errada”.
Em tom severo, foi ressaltado que o Brasil é o único país da região a adotar medida desse tipo.De acordo com as autoridades americanas, os navios iranianos Íris Makran e Iris Dena da frota de guerra deveriam ser impedidos de atracar na Baía de Guanabara.
No entanto, apesar do protesto das autoridades estadunidenses, o governo Lula permitiu que os navios iranianos permanecessem até sábado, 4. Esta ação provocou o descontentamento dos diplomáticos norte-americanos.
A Marinha do Brasil concedeu autorização para que duas embarcações iranianas dessem aporte no país entre os dias 23 e 30 de janeiro. O anúncio foi feito pouco antes da visita do Luiz a Washington, convidado pelo então presidente Joe Biden.
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Apesar dessa decisão, o governo dos Estados Unidos esperava que o Brasil não permitisse a chegada de navios iranianos. Segundo um porta-voz do Departamento de Estado americano, “hospedar embarcações pertencentes a um regime repressor é enviar uma mensagem errada e uma decisão equivocada”.
Em meio às relações amistosas entre os governos de Lula e Joe Biden, o Brasil se viu em uma posição delicada, mas optou por permitir a entrada das embarcações iranianas, mostrando assim sua independência em relação à pressão internacional.
O encontro surpreendente entre o secretário norte americano, Antony Blinken, e o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, na última quinta-feira (02), foi um sinal de que as pressões norte-americanas sobre a questão iraniana não serão intensificadas. Segundo fontes do Itamaraty, o assunto dos navios sequer foi abordado durante a reunião.
De acordo com o Itamaraty, os americanos “entenderam” a mensagem enviada pelo Brasil de que a questão é relacionada à soberania e autodeterminação dos países envolvidos: Irã e Brasil. No entanto, parlamentares republicanos têm pressionado o governo Biden para adotar sanções contra o Brasil.
O presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Estados Unidos, Michael McCaul (republicano do Texas), classificou como “totalmente inaceitável” a decisão do governo Lula. Já o senador Ted Cruz (também republicano do Texas), disse que ela “ameaça” a segurança dos americanos e pediu sanções ao Brasil.
Neste cenário conturbado, o encontro entre Blinken e Vieira parece ter surpreendido os parlamentares republicanos por não ter trazido à tona a discussão das sanções esperadas. Parece que desta vez o Brasil conseguiu afirmar sua soberania diante dos EUA.
A embaixadora dos EUA, Elizabeth Bagley, que foi enviada por Biden para Brasília, se mostrou decidida ao afirmar que “navios não deveriam atracar em nenhum lugar”. Apesar de negar que o assunto tenha sido abordado entre Lula e Biden na Casa Branca, ela confirmou que o Departamento de Estado levaria o caso à análise do governo brasileiro.
Os diplomatas brasileiros acreditam que o país tomou a decisão correta ao recusar o pedido feito pelos Estados Unidos a respeito dos navios. Rubens Barbosa, ex-embaixador brasileiro nos EUA, enfatizou que a posição do Brasil é legítima e que não deve sofrer qualquer tipo de punição política ou econômica por parte de Washington.
Diante do cenário global marcado pelas intensas divisões, Barbosa destacou que se manter equidistante dessas tensões é a melhor saída para o país. Contudo, ele acrescentou que “o Brasil aceita imposição de sanções desde que sejam aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU“, pois considera as sanções unilaterais comerciais e políticas como sendo ilegais. O Irã está sofrendo consequências severas devido às sanções unilaterais impostas pelos Estados Unidos.