1. Início
  2. / Construção
  3. / Estreitando laços com a Rússia no segmento de energia nuclear, Brasil pode ganhar projetos promissores de pequenos reatores modulares
Tempo de leitura 4 min de leitura

Estreitando laços com a Rússia no segmento de energia nuclear, Brasil pode ganhar projetos promissores de pequenos reatores modulares

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 18/02/2022 às 12:42
Atualizado em 21/03/2022 às 10:34
O presidente Jair Bolsonaro e o presidente russo, Vladimir Putin; líderes se reuniram por cerca de 2h nesta 4ª feira (16.fev) – foto: Reprodução/Poder360

Os reatores modulares vindos da Rússia poderão ser muito úteis no Brasil, porém somente um estudo detalhado será capaz de revelar se a aplicação da energia nuclear na matriz energética brasileira de fato terá impacto positivo    

Após a última viagem do presidente da república Jair Bolsonaro à Rússia, houve uma importante sinalização da aplicação de energia nuclear para o mercado brasileiro. Em uma reunião que durou cerca de 2 horas com o presidente Vladimir Putin, em Moscou, Bolsonaro deu ênfase à criação de um estreitamento de laços com a Rússia, no segmento de energia nuclear, incluindo principalmente os pequenos reatores modulares, também conhecidos como SMRs. Depois da reunião com Putin, o presidente do Brasil afirmou que existe a possibilidade de que Rússia e o Brasil ampliem negócios nas áreas de exploração de petróleo e gás, derivados, e principalmente energia, mas que ainda irão aprofundar o diálogo a respeito dessa possibilidade. Bolsonaro disse ainda que o governo brasileiro tem muito interesse nos pequenos reatores modulares.

Leia também

Tendência mundial em torno de pequenos reatores modulares

Para Celso Cunha, presidente da Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN), o recado do presidente do Brasil mostra que o país está muito atento à nova tendência mundial em torno dos pequenos reatores modulares.

Cunha relatou que o mundo todo está em busca dessa tecnologia, justamente pela série de vantagens adicionais que ela tem, diferentemente dos grandes reatores convencionais. A Rússia é um dos principais países a participar diretamente do desenvolvimento desses pequenos reatores modulares, através de sua estatal, a Rosatom.  

Outros países também estão à frente do desenvolvimento de pequenos reatores modulares

De acordo com Cunha, a China irá construir cerca de 150 reatores já nos próximos 15 anos. A França anunciou recentemente que deu início à produção de reatores nucleares. Demais países europeus já estão analisando a possibilidade de incluir, dentro da margem de financiamentos considerados “verdes”, a fonte nuclear.

E em relação aos Estados Unidos, Cunha relatou que o país norte americano está apoiando a construção de pequenos reatores, principalmente para produção de hidrogênio. O presidente da ABDAN disse ainda que, se o Brasil quiser cumprir as metas climáticas estabelecidas pela última conferência do clima, a COP-26, não poderá de forma alguma fugir de novos investimentos na fonte de energia nuclear.

S24 ULTRA

GALAXY S24 ULTRA - Black Friday

Contudo, Cunha relembrou que a tecnologia dos pequenos reatores modulares ainda é muito nova e com diferentes modelos sendo desenvolvidos, em diferentes países. Ele deu destaque também à construção de reatores modulares no país, frisando que isso não é possível, já que Brasil ainda não possui um amplo e necessário conjunto de informações técnicas e recursos necessários para isso.

Estudo sobre a matriz energética do Brasil

A ABDAN, desde janeiro desse ano, em parceria com o Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (GESEL/UFRJ), está desenvolvendo um estudo para identificar todas as barreiras que possam impedir a entrada dos pequenos reatores modulares de energia nuclear na matriz energética do Brasil.

Segundo o presidente da ABDAN, a expectativa é que o estudo e a pesquisa de campo durem pelo menos quatro meses, e os resultados serão anunciados entre os meses de abril e maio deste ano.

Em 2021, a ABDAN lançou o Fórum Permanente sobre os Pequenos Reatores Modulares, cujo colegiado é composto por representantes das entidades EPE, Ministério de Minas e Energia, Autoridade Nacional de Segurança Nuclear, diretoria de Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, Agência Naval de Segurança Nuclear e Qualidade da Marinha do Brasil, Centro de Pesquisa da Eletrobras – CEPEL, ABDAN, Agência Internacional de Energia Atômica – AIEA, Universidade Federal do Rio de Janeiro, e outros Institutos de Pesquisa.  

Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

Compartilhar em aplicativos