Agora, a antiga Odebrecht contará com a OEC, empresa voltada ao setor de construção civil, como negócio central
Há um ano e meio atrás, o grupo Odebrecht, fundado por Norberto Odebrecht, teve o seu nome modificado para Novonor, a fim de afastar a empresa das polêmicas relacionadas à Operação Lava Jato, que ocasionaram o início de sua decadência. Agora, a companhia, que ainda possui os mesmos donos, alterou toda a sua liderança e busca uma saída para o processo de recuperação judicial, cujas dívidas ultrapassam os R$ 100 bilhões.
Conforme o novo comando da empresa, o cenário é favorável a uma retomada, embora esteja muito distante dos parâmetros anteriores aos escândalos de corrupção. O presidente da Novonor, Hector Nuñez, assumiu o posto no mês de março e afirma que, quando chegou, o caminho já estava pavimentado, com a recuperação judicial homologada e os acordos de leniência realizados, de modo que foi possível partir e pensar no futuro.
Nuñez declara, ainda, que a empresa cumpriu o seu dever em termos de governança, além de ter se dedicado à estruturação de processos de compliance.
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Os impactos da Lava Jato fizeram com que a Novonor deixasse de empregar quase 130 mil funcionários para, hoje, ter apenas 30 mil. De acordo com a companhia, a recessão enfrentada pelo Brasil a partir do ano de 2015 também provocou consequências sobre os seus negócios.
Sob esse viés, Maurício Cruz Lopes, presidente da OEC (nova marca da antiga Odebrecht Engenharia e Construção), explica que o setor de construção civil passa por diversos ciclos, sejam eles de altas ou de baixas.
A OEC tomará o lugar da petroquímica Braskem, que está à venda
A OEC substituirá a petroquímica Braskem, tornando-se, agora, o negócio central da Novonor. O braço de construção civil da empresa teve um faturamento de US$ 500 milhões no último ano, o que é bem distante dos US$ 10 bilhões arrecadados no começo da década passada. No entanto, Lopes defende que há uma tendência de crescimento, sendo a expectativa de faturamento deste ano de US$ 1,1 bilhão a US$ 1,2 bilhão.
Hector Nuñez destaca que a OEC não tem mais o objetivo de se tornar a maior empreiteira do Brasil, tampouco de disputar contratos de concessões, que necessitam de investimentos bilionários tanto para a construção quanto em valores de outorgas para o governo.
Atualmente, a empresa pretende operar apenas como uma parceira de companhias vencedoras na área de construção civil. Ela possui 22 projetos em andamento, dos quais o maior deles é a usina hidrelétrica de Laúca, na Angola. No Brasil, por sua vez, são 11 obras, a exemplo do Prosub, um programa de submarino nuclear, e do terminal de gás de Babitonga, em Santa Catarina.
O setor de construção civil vive um contexto muito distinto do vivenciado há dez anos atrás. Nesse período, a participação da infraestrutura no PIB do país obteve queda de 50%. Porém, segundo a coordenadora de projetos de construção do FGV Ibre, Ana Castelo, há esperança de melhora neste cenário durante os próximos anos, tendo em vista as novas concessões do governo federal.
Castelo vê, ainda, a possibilidade de que a Novonor se beneficie deste mercado, ainda que a sua recuperação de imagem esteja longe de ser concluída. Ela adiciona que a empresa terá um grande trabalho a fazer, sendo preciso mostrar que as suas regras são transparentes e que o seu sistema de compliance é forte.
Novonor abre processo de venda de uma série de empresas para possibilitar a sua recuperação judicial
Nesse sentido, é crucial que a companhia pague aos credores da recuperação judicial. Somente dessa forma, a antiga Odebrecht voltará a ter mais linhas de crédito, embora o seu presidente negue problemas para conseguir financiamentos.
Assim, para quitar as suas dívidas, a Novonor deverá vender várias de suas empresas. A Braskem, por exemplo, cujo valor equivale a R$ 30 bilhões, deve sair do negócio através da Bolsa, durante os meses seguintes.
A Ocyan, empresa de óleo e gás, e a OTP, responsável por congregar as concessões rodoviárias da Novonor, também já contrataram bancos para iniciar a procura por compradores. Além disso, o grupo já vendeu a Odebrecht Ambiental e a Atvos (antiga Odebrecht Agroindustrial).
Apesar de todo o planejamento visando à evolução da empresa, a Novonor ainda passa por obstáculos relacionados ao seu passado. Tem-se, por exemplo, o pagamento do acordo de leniência firmado em 2018, no valor de R$ 2,7 bilhões.
Trata-se do maior acordo entre as companhias de construção civil envolvidas na Lava Jato. Até o momento, foram pagos cerca de R$ 150 milhões, ou seja, 5,5% do total da multa.
Por fim, Nuñes ressalta que as disputas envolvendo a família Odebrecht, controladora da Novonor, e a operação do negócio estão resolvidas, não tendo mais influência no cotidiano da empresa.