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Declaração de presidente da Petrobras deixa construção naval brasileira “a ver navios”

Escrito por Renato Oliveira
Publicado em 06/06/2020 às 10:59
Atualizado em 07/11/2022 às 09:10
Petrobras construção naval navios Coreano

Receber a notícia que a Petrobras está recebendo o primeiro dos 4 navios que vão operar em águas brasileiras de um estaleiro coreano fez todos entenderem um pouco da declaração recente do presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, de que “o Brasil tem vantagens em recursos naturais e os chineses têm o potencial industrial”.

Os novos navios-tanque irão integrar a frota atual da companhia de 20 embarcações, e atuarão nas operações de offloading. As demais embarcações serão entregues em julho, agosto e outubro e no início do ano, a Petrobras contratou ainda mais três navios-tanque, com entrega prevista para 2022.

Muito embora a encomenda dos navios tenha sido feita na Coréia e as plataformas da Petrobras estarem sendo construídas na China, a declaração dada durante um webinar da FGV caiu como uma bomba entre os representantes da construção naval, tanto do lado dos empresários quanto do lado dos trabalhadores desta indústria.

No auge do preço do barril de petróleo também atingimos o pico, em dezembro de 2014, de 82 mil empregos diretos no setor naval. Uma indústria que gera 4 empregos indiretos para 1 direto, gerava aproximadamente então 320 mil empregos indiretos. Atualmente a indústria “respira” (com ajuda de aparelhos) com cerca de 15 mil empregos.

Já se chegou a dizer que a indústria naval está para o estado do Rio de Janeiro tal como a indústria automobilística está para São Paulo e é triste constatar que só neste estado o número de vagas baixou de 30 mil em 2014 para 3 mil já que toda a cadeia de fornecedores está sendo afetada pela crise.

Longo caminho à frente

Nossa indústria já está em passos lentos desde 2015 isso significa que perdemos não só qualificação de mão de obra, mas também a própria tecnologia, afinal hoje em dia temos, principalmente na área de soldagem e de equipamentos, uma tecnologia que se renova a cada ano.
Segundo especialistas do setor isso faz com que tenhamos uma curva de aprendizado bem mais longa quando voltarmos a construir embarcações, não se pode exigir produtividade asiática se, depois de criada a demanda, ainda teremos todo esse processo por atravessar.

Sem contar que o Brasil necessita urgente criar um ambiente favorável aos investimentos, executando as reformas tributárias que são urgentes para reduzir o “custo Brasil”, somente assim deixaremos de ser altamente dependentes da Petrobras e voltar a uma época que os estaleiros tinham Vale, Frota Oceânica e outros armadores estrangeiros fazendo navios aqui.

Outro dado importante do recente boom que viveu a construção naval é o que existiam segundo o SINAVAL (Sindicato das Indústrias de Construção naval) 42 estaleiros funcionando no Brasil e hoje temos somente 15 unidades abertas, muitos sobrevivendo de reparos, servindo de terminais portuários ou recebendo embarcações em lay up devido à crise do covid-19.

Se levarmos em conta que entre eles existem de três a quatro estaleiros em recuperação judicial o quadro atual de nosso parque industrial naval é preocupante e que se a demanda não chegar a tempo a situação pode piorar ainda mais.

Por Renato Oliveira via CLICK PETRÓLEO E GÁS.


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Renato Oliveira

Engenheiro de Produção com pós-graduação em Fabricação e montagem de tubulações com 30 anos de experiência em inspeção/fabricacão/montagem de tubulações/testes/Planejamento e PCP e comissionamento na construção naval/offshore (conversão de cascos FPSO's e módulos de topsides) nos maiores estaleiros nacionais e 2 anos em estaleiro japonês (Kawasaki) inspecionando e acompanhando técnicas de fabricação e montagem de estruturas/tubulações/outfittings(acabamento avançado) para casco de Drillships.

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