Receber a notícia que a Petrobras está recebendo o primeiro dos 4 navios que vão operar em águas brasileiras de um estaleiro coreano fez todos entenderem um pouco da declaração recente do presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, de que “o Brasil tem vantagens em recursos naturais e os chineses têm o potencial industrial”.
- Para operar campos de petróleo com eficiência energética, supercomputadores e internet de alta velocidade é chave
- Estaleiro Jurong Aracruz, no Espírito Santo adquire contrato de financiamento de 500 milhões de dólares
- Macaé: grande processo seletivo offshore para parada de produção sinaliza retorno de operações na cidade
Os novos navios-tanque irão integrar a frota atual da companhia de 20 embarcações, e atuarão nas operações de offloading. As demais embarcações serão entregues em julho, agosto e outubro e no início do ano, a Petrobras contratou ainda mais três navios-tanque, com entrega prevista para 2022.
Muito embora a encomenda dos navios tenha sido feita na Coréia e as plataformas da Petrobras estarem sendo construídas na China, a declaração dada durante um webinar da FGV caiu como uma bomba entre os representantes da construção naval, tanto do lado dos empresários quanto do lado dos trabalhadores desta indústria.
- O maior estaleiro de demolição de navios do mundo: com mais de 10 km de instalações costeiras, este centro de reciclagem naval desmantela cerca de 50% das embarcações globais
- Mais uma multinacional abre fábrica no Brasil! Dessa vez, o local escolhido foi Sorocaba, onde o Grupo Evapco investiu R$ 200 milhões e espera criar 800 vagas de emprego!
- Mega fábrica do Grupo Boticário em Minas Gerais terá R$ 1,8 BILHÃO de investimento e deve gerar 800 vagas de emprego para a população!
- Asfalto feito de cana? Conheça a estrada sustentável produzida com cinzas do bagaço da cana: mais resistente, durável e econômica
No auge do preço do barril de petróleo também atingimos o pico, em dezembro de 2014, de 82 mil empregos diretos no setor naval. Uma indústria que gera 4 empregos indiretos para 1 direto, gerava aproximadamente então 320 mil empregos indiretos. Atualmente a indústria “respira” (com ajuda de aparelhos) com cerca de 15 mil empregos.
Já se chegou a dizer que a indústria naval está para o estado do Rio de Janeiro tal como a indústria automobilística está para São Paulo e é triste constatar que só neste estado o número de vagas baixou de 30 mil em 2014 para 3 mil já que toda a cadeia de fornecedores está sendo afetada pela crise.
Longo caminho à frente
Nossa indústria já está em passos lentos desde 2015 isso significa que perdemos não só qualificação de mão de obra, mas também a própria tecnologia, afinal hoje em dia temos, principalmente na área de soldagem e de equipamentos, uma tecnologia que se renova a cada ano.
Segundo especialistas do setor isso faz com que tenhamos uma curva de aprendizado bem mais longa quando voltarmos a construir embarcações, não se pode exigir produtividade asiática se, depois de criada a demanda, ainda teremos todo esse processo por atravessar.
Sem contar que o Brasil necessita urgente criar um ambiente favorável aos investimentos, executando as reformas tributárias que são urgentes para reduzir o “custo Brasil”, somente assim deixaremos de ser altamente dependentes da Petrobras e voltar a uma época que os estaleiros tinham Vale, Frota Oceânica e outros armadores estrangeiros fazendo navios aqui.
Outro dado importante do recente boom que viveu a construção naval é o que existiam segundo o SINAVAL (Sindicato das Indústrias de Construção naval) 42 estaleiros funcionando no Brasil e hoje temos somente 15 unidades abertas, muitos sobrevivendo de reparos, servindo de terminais portuários ou recebendo embarcações em lay up devido à crise do covid-19.
Se levarmos em conta que entre eles existem de três a quatro estaleiros em recuperação judicial o quadro atual de nosso parque industrial naval é preocupante e que se a demanda não chegar a tempo a situação pode piorar ainda mais.
Por Renato Oliveira via CLICK PETRÓLEO E GÁS.
Gostaria de escrever um artigo e nos enviar sua análise técnica sobre o ramo de energia em nosso Portal? Entre em contato conosco aqui. Suas considerações e seu perfil será acessado por milhões nas redes sociais e mecanismos de pesquisa, pode ser uma ótima chance do seu projeto e/ou seu perfil profissional ser visto entre empresários, players entre outros entusiastas do setor e que acompanham nosso Blog diariamente.