Durante quase dez anos, o dinamarquês Thor Pedersen viajou por todos os 203 países do planeta sem jamais pegar um avião, enfrentando tempestades, burocracias e a solidão — e descobrindo a bondade humana em cada fronteira
Thor Pedersen, um dinamarquês apaixonado por aventuras desde a infância, transformou um sonho aparentemente impossível em uma das maiores jornadas já realizadas por um ser humano. Inspirado pelos heróis que lia quando criança — de Robin Hood a Indiana Jones — ele sempre quis explorar o desconhecido. Mas, à medida que crescia, acreditava ter nascido tarde demais para grandes feitos. Até que, em 2013, um simples e-mail de seu pai mudaria tudo.
Na mensagem, havia uma lista de pessoas que haviam visitado todos os países do mundo. Aquilo acendeu algo em Thor.
Ele ficou surpreso ao descobrir que cerca de 200 pessoas já tinham conseguido — mas nenhuma sem voar.
- 
                        
                            
Brasil projeta trem de 350 km/h que promete conectar Rio e São Paulo em 1h45 e mudar o transporte na América do Sul
 - 
                        
                            
Navio hospitalar chinês com helicóptero, 389 tripulantes e 60 cirurgias diárias quer atracar no Brasil, mas militares brasileiros veem gesto com desconfiança
 - 
                        
                            
Mais caro que um carro de luxo: trocar os 12 pneus do NEW HOLLAND T9 pode custar mais de R$ 420 mil em manutenção
 - 
                        
                            
Construída em pleno sertão em 1950, a casa de taipa de dois pavimentos segue desafiando a lógica da engenharia
 
Então, ele criou seu próprio desafio: visitar todos os 203 países do planeta, sem embarcar em um avião, permanecendo pelo menos 24 horas em cada um.
Uma jornada guiada por regras e determinação
Com o projeto batizado de Once Upon a Saga, Thor estabeleceu três regras principais: não voar em nenhuma circunstância, permanecer ao menos um dia em cada país e não voltar para casa até o fim da jornada.
Além disso, ele se impôs um orçamento diário de apenas 20 dólares, recusou-se a pagar subornos e jurou nunca comer no McDonald’s durante toda a viagem.
Com um mapa e canetas coloridas, planejou uma rota que começava na Dinamarca, seguia pela Europa, América do Norte, América Central e do Sul, Caribe, África, Oriente Médio, Ásia e Oceania, até retornar à Europa. Um percurso que exigiria nove anos, nove meses e 16 dias para ser completado.
De ônibus, trem e cargueiro: o planeta em movimento
Thor viajou de forma completamente terrestre e marítima. Foram 351 ônibus, 158 trens e inúmeros táxis, balsas e barcos.
No Pacífico, cruzou oceanos a bordo de navios cargueiros, enfrentando tempestades, mares congelados e dias de tédio absoluto.
Durante uma travessia entre a Islândia e o Canadá, o navio foi atingido por uma tempestade de quatro dias.
O frio era intenso e o gelo se formava sobre o convés, a poucos quilômetros da rota do Titanic. Mas o medo deu lugar ao encanto quando o mar se acalmou e a aurora boreal iluminou o horizonte.
Em outros momentos, a jornada foi pura contemplação. Ele lembra-se da Venezuela, com seus vales e montanhas exuberantes, e de um Machu Picchu silencioso, visitado à tarde, quase vazio.
Também recorda o dia em que navegou em direção a um arco-íris gigantesco no meio do Pacífico — um espetáculo que nem mesmo o oficial do navio havia presenciado antes.
Pessoas que marcaram o caminho em diferentes países
Embora os cenários fossem deslumbrantes, o que mais marcou Thor foram as pessoas. Seu lema era simples: “Um estranho é apenas um amigo que você ainda não conheceu.”
Em cada parada, encontrou generosidade — alguém que oferecia uma refeição, uma cama improvisada ou apenas um sorriso. Essas pequenas ajudas mantiveram sua motivação viva, especialmente nos momentos de exaustão.
Ele destaca que o verdadeiro sentido de sua viagem estava no contato humano. Em diferentes línguas e culturas, percebeu que a bondade é universal.
Por onde passou, foi acolhido por famílias, guias, diplomatas e estranhos que, de alguma forma, tornaram possível o que parecia inviável.
Os desafios e as pausas inesperadas
Nem tudo, porém, foi fácil. Em países como a Guiné Equatorial, conseguir um visto levou meses de tentativas e idas e vindas entre fronteiras. Em outros lugares, enfrentou burocracias infinitas, longas travessias e até bloqueios políticos.
A pandemia foi outro obstáculo imenso. Preso em Hong Kong, Thor ficou separado de sua noiva por um ano e meio.
Foi nesse período que os dois se casaram — online —, em uma cerimônia transmitida entre três fusos horários diferentes. Depois, casaram-se novamente em Vanuatu, e uma terceira vez, oficialmente, em Copenhague.
Amor e propósito em meio à distância
A relação entre os dois foi um capítulo à parte dessa odisseia. Ela o visitou 27 vezes, em 27 países diferentes, enquanto ele continuava a missão.
Em uma dessas viagens, Thor a pediu em casamento no topo do Monte Quênia, em meio a uma nevasca, com um anel de tanzanita — uma pedra rara que muda de cor conforme a luz.
Apesar do romantismo, ele admite que quase desistiu dois anos após o início do projeto. A pressão mental e física, somada à solidão e à incerteza, quase o fizeram parar.
Mas a lembrança de todos que o ajudaram e o sonho de concluir algo verdadeiramente único o mantiveram firme.
O fim da saga e um novo começo
Quando finalmente chegou ao último país, as Maldivas, Thor recebeu uma mensagem que o fez refletir: “Esta é a última vez na sua vida que você pode visitar um país novo.”
O pensamento o emocionou, mas também trouxe paz. Ele havia feito o impossível — e sem jamais subir em um avião.
Hoje, ele trabalha em um novo desafio: o Projeto 773, que divide o mundo em mais partes e pretende torná-lo o dinamarquês que mais viajou na história.
Uma lição de perseverança e humanidade de Thor Pedersen
Para Thor Pedersen, o maior aprendizado não está em quilômetros percorridos, mas nas conexões criadas. Ele acredita que todos podem alcançar o extraordinário se estiverem dispostos a lutar por seus sonhos.
Agora, com a esposa e uma filha pequena, ele continua explorando. Recentemente, fez uma viagem de 40 dias de trailer por 18 estados, percorrendo mais de 10.500 quilômetros.
Ao recordar sua saga, Thor resume em poucas palavras o que aprendeu: “Viajar é cruzar fronteiras, mas também abrir o coração. O mundo é enorme, mas as pessoas o tornam pequeno — e acolhedor.”
Com informações de Travelandleisure.

                        
                                                    
                        
                        
                        
                        

        
        
        
        
- 
                        
                     
                                                                - 
                        
                     
                                                                                                                                                    
2 pessoas reagiram a isso.