Modelo da Peugeot oferece teto rígido, 143 cv e porta-malas usável, mas exige atenção redobrada na manutenção e nos problemas crônicos.
A promessa de um conversível de teto rígido com design atraente por menos de R$ 50 mil define o Peugeot 307 CC no mercado de usados. Equipado com motor 2.0 de 143 cv e um porta-malas funcional, ele materializa o sonho do cupê-cabriolet acessível, um carro que oferece estilo e a experiência de dirigir a céu aberto sem o custo proibitivo da categoria.
Lançado no Brasil em 2004, o modelo da Peugeot se tornou um ícone. No entanto, ele carrega uma dualidade crítica: a realização de um sonho estético contra um potencial pesadelo mecânico. Por trás do design elegante, há uma reputação consolidada de problemas crônicos que podem transformar o baixo custo de aquisição em uma espiral de despesas, exigindo uma análise rigorosa antes da compra.
A dupla personalidade: análise de design e vida a bordo
A maior virtude do Peugeot 307 CC é, sem dúvida, seu design, assinado pelo estúdio Pininfarina. Ele transita com fluidez entre suas duas naturezas: como cupê, exibe uma linha de teto arqueada e proporções equilibradas; como conversível, revela uma elegância clássica. Suas dimensões, com 4357 mm de comprimento e 1759 mm de largura, conforme dados do portal Olho no Carro, conferem ao 307 CC uma presença substancial, reforçando sua imagem de veículo de nicho.
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Esse apelo estético duradouro é um fator fundamental para sua atratividade. O carro não parece “barato”, e é essa percepção de valor que continua a atrair compradores, apesar dos riscos mecânicos que mantêm seu preço de aquisição baixo. O ponto central da experiência é seu teto rígido retrátil. Em aproximadamente 25 segundos, um complexo balé eletro-hidráulico transforma o veículo, democratizando uma tecnologia até então restrita a marcas de luxo.
A cabine e a mágica do teto
Por dentro, o 307 CC apresenta um acabamento de alta qualidade para a época, frequentemente com bancos em couro. A lista de equipamentos de série, validada pelo portal Olho no Carro, era generosa, incluindo ar-condicionado digital de duas zonas, controle de cruzeiro (piloto automático), sensores de chuva e luminosidade, e retrovisores com rebatimento elétrico.
A configuração de assentos é “2+2”, mas na prática, o espaço traseiro é extremamente limitado, mais adequado para crianças ou como extensão do porta-malas. A mágica do teto, no entanto, é também o primeiro ponto de cautela. O mecanismo é composto por múltiplos sensores e motores hidráulicos que exigem sincronia perfeita. Qualquer falha pode imobilizar o sistema, resultando em reparos que exigem mão de obra altamente especializada e custos elevados.
O coração do Leão: desempenho e dinâmica de condução
O propulsor que equipa a maioria dos Peugeot 307 CC no Brasil é o motor 2.0 16v a gasolina (EW10). Este motor entrega uma potência máxima de 143 cv a 6.000 rpm e um torque máximo de 20 kgfm a 4.000 rpm, segundo a ficha técnica do Olho no Carro. Os números de desempenho são adequados para a proposta: a aceleração de 0 a 100 km/h é cumprida em cerca de 10,7 segundos, com velocidade máxima de 206 km/h, conforme a mesma fonte.
Essa motorização se traduz em uma condução robusta, com foco no conforto e no passeio, não na performance de pista. É importante notar que o 307 CC é um carro pesado, com peso em ordem de marcha orbitando os 1.488 kg. Este peso extra é consequência do mecanismo do teto e dos reforços estruturais. Essa massa influencia a dinâmica, exigindo uma suspensão (McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira) calibrada para o conforto.
O dilema da transmissão: AL4 vs. Manual
A escolha da transmissão é uma decisão estratégica. A esmagadora maioria das unidades vem com a transmissão automática de 4 velocidades, a notória AL4. Quando funcional, oferece trocas suaves. O problema é seu histórico documentado de problemas crônicos, como trancos e falhas completas, que, conforme detalhado pelo site técnico Auto-Doc.pt, surgem frequentemente após os 80.000 km.
Em contrapartida, existe uma versão com câmbio manual de 5 velocidades, listada na base de dados do Carros na Web, mas extremamente rara no mercado. Esta configuração não apenas proporciona uma condução mais envolvente, mas, crucialmente, elimina o principal foco de problemas e despesas do conjunto mecânico. Encontrar um 307 CC manual é o cenário ideal para quem busca tranquilidade.
A realidade da convivência: custos e praticidade no dia a dia

A afirmação de que o Peugeot 307 CC possui um “porta-malas usável” é verdadeira, mas com ressalvas. Com a capota levantada (modo cupê), o espaço é generoso, atingindo 350 litros, volume comparável ao de hatches compactos. No entanto, quando o teto é recolhido, ele reduz a capacidade útil para cerca de 204 litros, segundo dados do Olho no Carro. Este espaço restante limita a praticidade para viagens longas.
O motor 2.0 também não é um exemplo de eficiência. Os números de consumo, conforme o Olho no Carro, apontam para uma média de 8 km/l em ciclo urbano e 12 km/l em ciclo rodoviário. Com um tanque de 60 litros, a autonomia urbana real deve ficar abaixo dos 500 km, exigindo visitas frequentes ao posto de combustível.
O preço do sonho no mercado de usados
A premissa de encontrar um 307 CC por menos de R$ 50 mil é realista, especialmente para modelos dos primeiros anos (2004-2005). Dados da Tabela FIPE e de anúncios em portais especializados mostram essa faixa de preço. Contudo, esse valor geralmente corresponde a veículos que podem necessitar de maior atenção mecânica ou estética.
Esse baixo custo de aquisição não é um acaso, mas um reflexo direto dos seus potenciais altos custos de manutenção. O mercado “precificou” o risco de propriedade. Isso significa que o preço de compra deve ser encarado como uma “entrada”. Um comprador prudente deve reservar um orçamento adicional significativo (idealmente 20-30% do valor) para uma revisão inicial e reparos imprevistos.
Guia de sobrevivência: manutenção e pontos crônicos de atenção
Este é o capítulo crucial para qualquer aspirante a proprietário de um Peugeot 307 CC. Conhecer os problemas crônicos é a melhor forma de evitar uma compra desastrosa. A lista de defeitos recorrentes é extensa:
Transmissão Automática (AL4): O principal vilão. Apresenta trancos, demora para engatar marchas e falha total. A manutenção preventiva, com troca de fluido e solenoides, é essencial, mas frequentemente negligenciada.
Suspensão: Com base em relatos de donos no portal Carros na Web, a suspensão é considerada frágil para as condições brasileiras. Há necessidade de trocas frequentes de pivôs, buchas, bieletas e amortecedores.
Problemas Elétricos: Falhas são comuns. O sistema de travamento central pode parar de funcionar e a unidade de controle (BSI) é sensível a “gremlins” elétricos, conforme análise do Auto-Doc.pt.
Ar Condicionado: A falha do sistema é comum, segundo o Auto-Doc.pt, geralmente ocorrendo após 60.000-80.000 km, causada por defeitos no compressor ou vazamentos.
Outros Defeitos: A lista continua com o descolamento do forro do teto, um defeito crônico relatado por proprietários no Carros na Web, queima frequente de lâmpadas e alertas recorrentes do sistema antipoluição.
Diante de tal lista, a manutenção preventiva não é uma opção, mas uma obrigação. A viabilidade de possuir um 307 CC está ligada à existência de uma oficina especializada em PSA (Peugeot-Citroën) acessível ao proprietário. A complexidade do carro exige ferramentas de diagnóstico que oficinas genéricas não possuem. Se tal suporte não estiver disponível na região do comprador, a aquisição torna-se exponencialmente mais arriscada.
O universo dos conversíveis: contexto e alternativas de mercado
Para entender o lugar do 307 CC, é útil compará-lo com seus irmãos. O Peugeot 206 CC foi o pioneiro, sendo menor, mais leve e ainda mais barato. No entanto, oferece menos potência (motor 1.6 de 110 cv), um interior significativamente mais apertado e porta-malas de apenas 175 litros. Já o Peugeot 308 CC é o sucessor, mais moderno, refinado e, em muitas versões, equipado com o superior motor 1.6 THP (turbo). Contudo, seu preço o posiciona bem acima da faixa dos R$ 50 mil.
Na mesma faixa de preço (R$ 50-60 mil), o mercado oferece outras opções para quem busca esportividade ou céu aberto. Conversíveis clássicos nacionais, como o Ford Escort XR3, oferecem apelo nostálgico, mas com capota de lona e sem os confortos modernos. Já “hot hatches” como o Fiat Punto T-Jet ou o Renault Sandero R.S. oferecem desempenho superior e maior robustez mecânica, mas abrem mão do charme e da exclusividade do conversível de teto rígido.
Paixão racional ou aposta arriscada?
O 307 CC não é um carro recomendado para transporte diário, nem para quem tem um orçamento apertado. O proprietário ideal é um entusiasta, que provavelmente possui um segundo carro e que se sente atraído pelo design. É alguém com paciência para encontrar um bom exemplar, que entende a importância da manutenção preventiva e que já localizou uma oficina especializada.
A compra pode, sim, ser gratificante. No entanto, a recomendação é estritamente condicional: procurar incansavelmente por um exemplar bem cuidado (dando preferência absoluta à raríssima versão manual), submetê-lo a uma inspeção pré-compra detalhada em uma oficina especializada em PSA e estar financeiramente preparado para os custos. Caso contrário, a linha que separa o sonho do pesadelo financeiro é perigosamente tênue.
Você teria coragem de encarar a manutenção de um Peugeot 307 CC em troca desse design e da experiência de um conversível? Ou você acha que o risco financeiro simplesmente não compensa o sonho? Deixe sua opinião sincera nos comentários!

                        
                                                    
                        
                        
                        
                        
        
        
        
        
        
        
        
        
        
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