Em 1989, no Banco Central das Filipinas, um lote de notas de 100 dólares falsificadas com perfeição extrema revelou o início de uma das maiores operações de falsificação da história, liderada secretamente pela Coreia do Norte. O caso gerou uma caçada internacional e transformou o dólar em arma geopolítica.
As notas, conhecidas como supernotes, enganaram bancos, governos e especialistas em segurança por mais de uma década. Produzidas com o mesmo tipo de papel e tinta que os dólares verdadeiros, elas passaram por todos os testes de autenticidade possíveis.
O caso ganhou atenção internacional quando um suspeito fugiu de um banco em Manila após questionamentos sobre a origem das cédulas. O material foi enviado ao Serviço Secreto dos Estados Unidos, iniciando o processo que revelou um esquema sofisticado de falsificação.
Supernotas: o dólar forjado perfeito
Os testes forenses mostraram que as supernotes usavam papel 75% algodão e 25% linho, igual ao das notas originais, produzido legalmente apenas por uma empresa americana. Além disso, as cédulas apresentavam impressão em intaglio — método complexo utilizado pelo Tesouro dos EUA — e tinta com componentes idênticos às verdadeiras.
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As semelhanças eram tão precisas que só com microscópios de alta potência foi possível detectar falhas minúsculas, como uma linha fora de lugar ao lado do rosto de Benjamin Franklin. Essas imperfeições foram as únicas pistas para identificar a origem dos dólares falsos.

O rastro do dinheiro nos cassinos e diplomatas
Com o tempo, as supernotes começaram a aparecer em cassinos de Hong Kong, mercados paralelos russos e até em malas diplomáticas protegidas por imunidade. Em 1994, diplomatas norte-coreanos foram detidos com milhares de dólares falsos, revelando uma ligação direta entre o regime e a falsificação.
Em 1996, uma mulher com passaporte norte-coreano foi presa no Camboja com outras centenas de milhares de notas falsas. Todas apresentavam os mesmos padrões microscópicos, indicando que vinham de uma única operação centralizada e extremamente avançada.
A partir dessas pistas, a inteligência americana apontou a sala secreta conhecida como Room 39, localizada dentro do Partido dos Trabalhadores da Coreia, como o comando da operação.
Plant 62: a fábrica secreta de dólares
O centro de impressão, chamado Plant 62, funcionava em uma instalação de segurança máxima com múltiplas camadas de proteção. Lá, os norte-coreanos utilizavam prensas industriais de US$ 5 milhões e replicavam cada nova tecnologia de segurança implementada pelos EUA.
A operação era abastecida por empresas de fachada em Hong Kong, que forneciam insumos sob o pretexto de papéis para papelaria de luxo. Os fornecedores sequer sabiam que estavam ajudando a falsificar dólares.
Com o tempo, a Coreia do Norte começou a inserir falhas propositalmente nas supernotes, como uma espécie de “assinatura digital”, para diferenciar suas cópias das falsificações feitas por outros grupos criminosos.
A resposta dos EUA: investigações e sanções
Diante do avanço das falsificações, o Tesouro americano lançou uma nova nota de US$ 100 em 1996 com alterações visuais e de segurança. Mesmo assim, em menos de dois anos, surgiram cópias idênticas da versão atualizada, com uso ilegal de tinta especial de origem suíça.
Operações como Royal Charm e Smoking Dragon, conduzidas pelo FBI, desmantelaram redes de distribuição e lavagem de dinheiro, prendendo dezenas de envolvidos e apreendendo milhões em moeda falsa.
Segundo o canal Beyond Facts, que produziu o documentário usado como base para este conteúdo, a ação mais eficaz foi congelar US$ 25 milhões em contas do regime norte-coreano no banco Banco Delta Asia, gerando uma crise diplomática e financeira imediata.



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