China dá início à perfuração do poço mais profundo da terra. Cientistas planejam perfurar mais de 10 mil metros e projeto começa a ser intitulado de “Buraco para o Inferno”.
Os cientistas da China deram início à perfuração do poço mais profundo da terra, com mais de 10 mil metros na crosta terrestre, como parte do pedido do presidente Xi Jinping por uma maior exploração da Terra profunda. A região de Xinjiang, onde o “Buraco para o Inferno” está sendo construído, conta com uma importância estratégica para a China, entretanto também enfrenta críticas devido a violações dos direitos humanos.
Poço mais profundo da terra na China contará com 11,1 mil metros de profundidade
O poço mais profundo já perfurado na Terra é o poço profundo de Kola, na Rússia, que atingiu 12,2 mil metros de profundidade em 1989. O objetivo desse poço era avaliar a composição da crosta e do manto terrestre, assim como superar os desafios como altas temperaturas e resistência das rochas.
Já a China está fazendo um projeto de perfuração de um poço na Bacia de Tarim, situada na Região Autônoma Uigur de Xinjiang, com foco em explorar áreas profundas da Terra que ainda não foram estudadas, como o sistema Cretáceo.
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A profundidade planejada para este poço é de 11.100 metros e, não à toa, a obra ganhou o nome de Buraco para o Inferno, nas redes sociais.
A China começou uma perfuração profunda na região de Xinjiang para obter dados sobre a formação geológica da Terra, estudar eventos como terremotos e erupções vulcânicas, encontrar recursos energéticos e minerais, reconstruir a história da Terra e compreender os riscos de desastres ambientais, mudanças climáticas, evolução das rochas e vida.
A região de Xinjiang, que contará com o poço mais profundo da Terra, é estrategicamente essencial para a China por conta de seu envolvimento no megaprojeto de infraestrutura “Cinturão e Rota”. No entanto, a China não disponibilizou explicações detalhadas além dessas.
Desafios na perfuração do “Buraco para o Inferno”
O presidente Xi Jinping enfatizou a importância da exploração da Terra profunda em um discurso para cientistas do país em 2021. O mesmo realizou um apelo para um maior progresso neste segmento, destacando a necessidade de ampliar o conhecimento científico e os limites da compreensão humana sobre a Terra. A estimativa é que seja possível atingir vestígios do Período Cretáceo, com rochas de aproximadamente 145 milhões de anos.
A construção do poço mais profundo da terra passa por alguns empasses por conta de seu ambiente desafiador da região, incluindo o solo áspero e as condições subterrâneas complicadas. A profundidade que os cientistas buscam alcançar de mais de 10 mil metros apresenta desafios técnicos significativos.
Riscos que podem ser gerados ao meio ambiente
Os possíveis riscos ambientais ligados a essa exploração incluem a contaminação dos aquíferos e dos recursos hídricos subterrâneos, vazamentos de substâncias tóxicas durante o processo de perfuração e a possibilidade de danos ao ecossistemas locais. Além disso, a exploração de petróleo na região pode contribuir para a emissão de gases de efeito estufa e aquecimento global.
Há uma preocupação sobre a conduta ética do governo chinês em relação a projetos de exploração em áreas sensíveis.
Em relação à violação dos direitos humanos na região da China, onde está localizada a Bacia de Tarim, é essencial ressaltar que o governo tem sido acusado de violações graves dos direitos humanos, principalmente contra a população muçulmana uigur.
Essas violações incluem detenções arbitrárias, restrições à liberdade religiosa, campos de reeducação e vigilância em massa. A China usa técnicas avançadas para perfurar um buraco de 10 km em Xinjiang, segundo relatado pela imprensa.