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Conheça a torre de aço que segura 7.000 toneladas no ar: o elevador espacial da NASA com 160 metros de altura usado para montagem vertical de foguetes

Escrito por Débora Araújo
Publicado em 24/05/2025 às 10:16
A torre de aço que segura 7.000 toneladas no ar: o elevador espacial da NASA para montagem vertical de foguetes
Foto: CANVA + IA

No coração do Kennedy Space Center, uma estrutura metálica gigantesca ergue foguetes do tamanho de arranha-céus com precisão milimétrica. Conheça o VAB, a torre de lançamento da NASA que é um marco da engenharia aeroespacial e sustenta até 7 mil toneladas no ar.

O Vehicle Assembly Building (VAB) é uma das torre de lançamento mais icônicas da NASA. Localizado no Kennedy Space Center, na Flórida, ele foi construído na década de 1960 para atender ao programa Apollo, responsável por levar o homem à Lua. Sua função principal é montar, verticalmente, os gigantescos foguetes que compõem as missões espaciais americanas. Com 160 metros de altura e um volume interno de 3,6 milhões de metros cúbicos, o VAB é uma das maiores edificações fechadas do planeta que mudaram a engenharia aeroespacial. Lá dentro, são montados foguetes com múltiplos estágios — como o antigo Saturn V, o Space Shuttle e, atualmente, o novíssimo SLS (Space Launch System) da missão Artemis.

Mais do que um galpão, o VAB é uma torre de lançamento de engenharia de precisão, onde cada etapa da montagem requer equipamentos especializados, guindastes gigantes e sistemas de alinhamento com margem de erro inferior a milímetros.

Estrutura e capacidade: como o VAB sustenta 7.000 toneladas no ar

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O Vehicle Assembly Building é composto por:

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  • Quatro baias verticais de montagem, com pé-direito de 160 metros;
  • 88 mil toneladas de aço estrutural, projetadas para suportar ventos de furacão e cargas monumentais;
  • Dois guindastes de ponte, com capacidade para levantar foguetes inteiros de até 7.000 toneladas;
  • Um sistema de climatização com 10.000 toneladas de refrigeração, que evita condensação em componentes sensíveis;
  • Portões verticais com 139 metros de altura, os maiores do mundo, por onde os foguetes saem rumo à plataforma.

A estrutura é capaz de manter suspensos, por longos períodos, veículos espaciais completos, com todos os seus estágios, motores, tanques e sistemas de controle — incluindo cargas úteis e cápsulas tripuladas.

Por que a NASA monta foguetes na vertical?

engenharia aeroespacial exige que foguetes sejam montados verticalmente por várias razões:

Simulação da posição de lançamento: todas as forças de compressão, gravidade e vibração devem ser testadas exatamente como ocorrerão no voo.

Alinhamento dos sistemas: sensores, propulsores e instrumentos de navegação precisam estar calibrados para operar com base em um eixo vertical.

Economia de espaço: empilhar componentes na vertical ocupa menos área e facilita o transporte posterior à plataforma de lançamento.

Montagem modular: permite acoplar os estágios do foguete de cima para baixo, conectando sistemas elétricos e hidráulicos com mais segurança.

    No VAB, essa montagem ocorre com suporte milimétrico, usando lasers e sensores computadorizados que guiam a colocação das peças, uma a uma, até que o foguete esteja completo.

    História da torre de lançamento da NASA: dos anos 60 à missão Artemis

    O Vehicle Assembly Building foi projetado em 1963 pela firma Morrison-Knudsen, sob supervisão direta da NASA. Em apenas três anos, estava pronto para abrigar o colosso Saturn V, o foguete de 110 metros de altura que levou Neil Armstrong à Lua.

    Ao longo das décadas, o VAB passou por adaptações para:

    • Receber o programa do ônibus espacial (Space Shuttle) nos anos 1980 e 1990;
    • Servir como ponto de integração para satélites e sondas robóticas;
    • E mais recentemente, para o programa Artemis, que visa retornar à Lua com tecnologia atualizada e, futuramente, enviar humanos a Marte.

    O SLS (Space Launch System), que será usado no Artemis, é atualmente o maior foguete em operação, com mais de 98 metros de altura e 2.600 toneladas apenas na decolagem. Sua montagem e verificação ocorrem inteiramente dentro do VAB.

    A engenharia aeroespacial por trás de uma torre de 160 metros

    Construir uma estrutura como o VAB exigiu uma série de soluções técnicas inovadoras:

    • Sistema de amortecimento contra ventos: a torre resiste a furacões com ventos superiores a 220 km/h;
    • Base flutuante em concreto armado, para absorver vibrações dos guindastes e dos próprios foguetes;
    • Sistema de ventilação que renova o ar interno a cada hora, fundamental para proteger os componentes eletrônicos;
    • Guindastes de ponte automatizados, com sensores que detectam desalinhamentos e vibrações em tempo real.

    Além disso, a logística de transporte de peças — como os motores RS-25, os tanques de combustível líquido e os boosters laterais — exige precisão extrema e acompanhamento 24 horas por engenheiros, eletricistas e técnicos de controle de solo.

    Do VAB à plataforma de lançamento: o caminho sobre o Crawler Transporter

    Após montado, o foguete não é lançado ali mesmo no VAB. Ele é transportado até a Plataforma 39B por uma outra maravilha da engenharia: o Crawler Transporter, um “caminhão” gigante sobre esteiras que carrega os foguetes na vertical por 6,4 km até a área de lançamento.

    O processo de transporte dura entre 6 e 8 horas, em velocidade máxima de 1,6 km/h, e requer ajustes milimétricos durante todo o percurso. Tudo é monitorado por estações móveis e por engenheiros no próprio veículo.

    Durante esse deslocamento, a torre móvel (MLP – Mobile Launcher Platform), que sustenta o foguete desde a montagem no VAB, permanece acoplada à base do lançador até a ignição.

    Quantos foguetes já foram montados no VAB?

    Desde 1967, mais de 160 lançamentos partiram de foguetes montados no VAB, incluindo:

    • 13 missões Apollo;
    • 135 voos do programa Space Shuttle;
    • Diversas missões de teste e lançamentos comerciais;
    • E os recentes lançamentos do Artemis I, e os testes do SLS.

    A estrutura também foi adaptada para receber empresas privadas que operam em parceria com a NASA, como a Boeing e a Lockheed Martin, no desenvolvimento de veículos reutilizáveis e cargas orbitais.

    Torre de lançamento ou fábrica vertical? O VAB é os dois

    Embora seja chamado de torre de lançamento, o VAB funciona, na prática, como uma linha de produção vertical de foguetes. Nele, cada missão tem um fluxo de montagem detalhado:

    • Chegada dos estágios do foguete;
    • Instalação de motores e tanques;
    • Acoplamento da cápsula ou carga útil;
    • Testes hidráulicos, eletrônicos e estruturais;
    • Preparação para transporte à plataforma.

    Esse processo pode levar semanas ou até meses, dependendo da complexidade da missão. Tudo ocorre sob protocolos rigorosos de segurança, redundância e controle ambiental.

    A torre do futuro: o VAB adaptado para o século XXI

    Para atender às exigências das missões Artemis e às futuras missões a Marte, o VAB passou por modernizações:

    • Substituição de guindastes antigos por sistemas automatizados;
    • Atualização da rede elétrica e das conexões de dados;
    • Instalação de sensores de inteligência artificial para prever falhas estruturais;
    • E ampliação dos sistemas de climatização para lidar com novos combustíveis, como o hidrogênio líquido.

    Com essas atualizações, a NASA espera manter o VAB operando por mais 40 anos, como ponto central da logística aeroespacial dos EUA.

    A torre de lançamento da NASA no Kennedy Space Center não é apenas uma estrutura de aço e concreto: é um dos maiores símbolos da engenharia aeroespacial moderna. O VAB sustenta foguetes do tamanho de prédios, tolera tempestades tropicais e opera com margens de erro inferiores a 1 mm — tudo em nome da exploração do universo.

    Em tempos de retorno à Lua e planos para Marte, o VAB segue sendo o ponto de partida para as maiores aventuras da humanidade no espaço. Uma torre silenciosa, mas monumental, que guarda em suas paredes de aço o passado glorioso e o futuro incerto da nossa presença fora da Terra.

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    Débora Araújo

    Débora Araújo é redatora no Click Petróleo e Gás, com mais de dois anos de experiência em produção de conteúdo e mais de mil matérias publicadas sobre tecnologia, mercado de trabalho, geopolítica, indústria, construção, curiosidades e outros temas. Seu foco é produzir conteúdos acessíveis, bem apurados e de interesse coletivo. Para sugestões de pauta, correções ou contato direto: deborasthefanecruz@gmail.com

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