O duelo tecnológico entre veículos elétricos e aqueles movidos a álcool gera complexidade no setor automotivo: um especialista oferece uma visão estratégica
O embate entre carros elétricos e os movidos a álcool tem se intensificado no cenário atual. A produção de álcool a partir do milho, por exemplo, aumentou cerca de 800% em cinco anos, segundo a Confederação Nacional da Indústria. Ainda que o Brasil seja notório pela utilização de recursos naturais para a produção de etanol, os desafios e desvantagens desses veículos são inegáveis. Para entender melhor esse impasse, é necessário escutar a opinião de um especialista no assunto.
Os Obstáculos do Álcool: da História ao Presente
Jean Albino, profissional do setor energético há três décadas e investidor da startup de soluções energéticas Lead Energy, argumenta que a produção de álcool a partir do milho não é uma solução absoluta. Jean relembra a escassez de álcool nos postos na década de 80, causada pela escolha das usinas em produzir açúcar, uma alternativa mais lucrativa na época. Ele também aponta a baixa autonomia dos veículos movidos a este combustível como um fator que pode desencorajar os consumidores.
Em relação aos carros tradicionais movidos a gasolina, Jean os descarta completamente como alternativa viável. Segundo ele, “Os veículos a combustão são barulhentos e poluentes. Embora tenham motores mais complexos para fabricar, possuem uma tecnologia consolidada, o que barateia a produção”. Contudo, quando compara com os carros elétricos, o especialista ressalta o principal empecilho para esses veículos tornarem-se dominantes no mercado: o custo das baterias.
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Elétricos x Ambientalismo: A Dilema das Baterias
Os carros elétricos apresentam desafios significativos no cenário atual. A produção das baterias envolve a extração mineral, um processo poluente que exige uma indústria responsável pelo descarte e reaproveitamento. Além disso, o especialista destaca outras questões relacionadas à estrutura do carro elétrico: “Em sua fase inicial, os modelos elétricos são mais pesados devido às baterias. Isso implica em pneus, freios e suspensões mais robustos e, consequentemente, mais caros. O tempo de carga e a disponibilidade de pontos de recarga também são aspectos problemáticos”.
Enquanto alguns países buscam eliminar a produção de carros que emitem gás carbônico, no Brasil, a exclusão de carros poluentes não é viável a curto prazo. Porém, Jean propõe uma solução estratégica: “O Brasil precisa reconhecer a importância estratégica do álcool e incentivar seu consumo, superando o trauma da escassez nos anos 80. A melhor alternativa para o futuro seriam os automóveis híbridos movidos a eletricidade e álcool. Com o tempo, o custo de carregamento se tornará mais barato, aumentando a autonomia dos veículos, proporcionando mais segurança aos motoristas e menos poluição à natureza”.