O preço dos carros é resultado de uma série de fatores que acontecem em simultâneo, como crise dos semicondutores, altos custos de produção, inflação, pandemia e demanda
Está assustado com o preço dos carros? Saiba que você não é o único. Nos últimos anos, o mercado automotivo tem mostrado aumentos consecutivos no preço dos veículos, bem como da gasolina e do diesel. Especialistas apontam que diversos fatores contribuíram para esse feito, além da alta no preço dos combustíveis. Dentre eles, temos a crise de semicondutores, os altos custos de produção e inflação ao nível mundial como protagonistas.
O consumidor vem assistindo uma alta impressionante no valor dos veículos, especialmente nos dois últimos anos. Carros que custavam em média R$ 50 mil agora estão saindo na faixa de R$ 100 mil reais. É difícil enxergar um cenário otimista para a melhoria dos preços enquanto as questões internacionais, como a inflação e o preço dos combustíveis, em especial da gasolina e do diesel, não se resolverem. Entenda qual a relação entre os fatores ambientais na alta do preço dos carros.
Veja o real motivo para a alta no preço dos carros com o vídeo abaixo
A pandemia e a crise dos semicondutores tiveram um papel central no aumento dos preços
A pandemia trouxe uma paralisação de todos os setores da economia, inclusive no automobilístico e, com isso, diversos problemas posteriores. Durante esse período, os semicondutores, que compõem carros, computadores, televisões e microprocessadores começaram a ser requisitados para setores que antes não faziam tanto uso deles, especialmente o da saúde.
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Assim, houve um redirecionamento das vendas desse componente para outros setores, sendo que o automobilístico foi para o final da fila. Afinal, a produção de carros novos diminuiu e requisitou menos peças.
Os semicondutores compõem boa parte da estrutura do veículo. Um modelo Ônix, por exemplo, possui 1.000 semicondutores, e cada um custa entre R$ 5 e R$ 10. Sendo assim, a falta desse componente no mercado e a alta procura geram um aumento no valor individual de cada semicondutor, impactando nos carros.
Alta nos componentes dos carros como aço, borracha, petróleo e alumínio, bem como o preço do dólar, também influenciaram
Os carros são compostos basicamente por aço, borracha, petróleo e alumínio, os quais tiveram um aumento estrondoso nos últimos 2 anos. O aço subiu 45% desde 2020, a borracha 30%, o alumínio 75% e o petróleo 330%. Os derivados do petróleo estão associados à cadeia de produção dos veículos, estimulando o aumento do produto final e também do preço dos combustíveis, como diesel e gasolina.
Além disso, o dólar tem impacto direto sobre o preço dos carros, chegando a afetar em até 70% o valor total do produto final. Considerando que o dólar teve aumento de 20% desde 2020, é de se esperar um aumento no valor dos veículos. A inflação também tem sua parcela de culpa, está acontecendo no mundo todo e virando uma bola de neve, gerando mais aumento em toda a cadeia produtiva e impactando no preço dos combustíveis.
Frete marítimo, impostos e demanda de seminovos também são culpados
No Brasil, os carros possuem 5 impostos diretamente relacionados:
- Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias (ICMS);
- Impostos Sobre Produtos Industrializados (IPI);
- Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS);
- Programa de Integração Social (PIS);
- Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).
Todos esses impostos conseguem elevar o preço do carro entre 30 e 49%.
O frete marítimo também é considerado, uma vez que é usado para transporte de peças que vão compor os carros e muitas embarcações são diretamente afetadas pelos preços dos combustíveis, como o diesel. Desde 2020, o frete marítimo teve uma alta de 5,7 vezes, trazendo o custo de produção para o bolso do consumidor.
Por fim, a demanda de seminovos fecha a cúpula dos motivos do aumento dos preços dos carros. A demanda de seminovos aumentou porque o preço dos carros 0 Km está muito acima do que o brasileiro deseja pagar em um carro. Por conseguinte, o valor dos seminovos aumenta também, seguindo a lógica de oferta e demanda do mercado. E como os veículos de concessionária não podem ficar mais baratos que os seminovos, o preço deles aumenta junto.
Todavia, enquanto a situação dos fatores externos não melhorar, a tendência é de que os valores continuem a aumentar.