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Você acredita na Terra plana? Então provavelmente é arrogante: pessoas que acreditam em teorias da conspiração são “excessivamente confiantes”, revela estudo

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 18/06/2025 às 06:41
Terra plana
Foto: Reprodução
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Estudo revela que quem acredita em teorias como a Terra plana ou o pouso falso na Lua tende a superestimar suas próprias capacidades.

A crença de que a Terra é plana ainda encontra defensores em pleno século XXI. Chamados de terraplanistas, esses indivíduos sustentam ideias contrárias ao consenso científico, muitas vezes com grande convicção.

Agora, um novo estudo sugere que essa confiança pode não ser coincidência: quem acredita na Terra plana e em outras teorias da conspiração tende a ser excessivamente confiante — mesmo quando está errado.

Terraplanismo e outras crenças radicais

As teorias da conspiração vêm em diversas formas. Algumas mais comuns, como a crença de que o pouso na Lua foi forjado, dividem opiniões.

Outras, como a ideia de que a Terra é plana ou que o mundo é controlado por humanoides reptilianos, desafiam qualquer base científica conhecida.

Mas um novo estudo, conduzido por pesquisadores da Universidade Cornell, sugere que há um padrão entre os adeptos dessas ideias.

A pesquisa, publicada no periódico Personality and Social Psychology Bulletin, analisou a relação entre confiança excessiva e adesão a crenças conspiratórias. Os dados são resultado de oito estudos separados, com a participação de 4.181 pessoas nos Estados Unidos.

Como foi feito o estudo

Os participantes foram convidados a realizar uma série de tarefas cognitivas e, em seguida, a avaliar como acreditavam ter se saído nessas atividades. Com isso, os cientistas puderam identificar o nível de confiança de cada indivíduo.

Os que se saíram mal, mas acreditavam ter tido bom desempenho, apresentaram uma pontuação mais alta no quesito excesso de confiança. Essa pontuação foi então comparada com o grau de adesão a diferentes teorias da conspiração.

Entre as teorias avaliadas estavam a de que o homem nunca foi à Lua, de que vacinas fazem parte de um plano de controle do governo e a clássica ideia de que a Terra é plana.

Os pesquisadores identificaram uma ligação consistente entre confiança exagerada nas próprias capacidades cognitivas e maior aceitação dessas crenças.

Falso consenso e percepção distorcida

Outro ponto que chamou a atenção da equipe foi a percepção errada que os conspiracionistas têm sobre o apoio que suas ideias recebem.

Apenas 12% dos participantes afirmaram acreditar em teorias da conspiração. No entanto, aqueles que tinham essas crenças achavam que nove em cada dez pessoas compartilhavam as mesmas opiniões.

Esse fenômeno, conhecido como “falso consenso”, foi mais forte entre os participantes mais confiantes. Ou seja, além de acreditarem em informações falsas, essas pessoas tendem a presumir que a maioria pensa como elas.

Segundo Gordon Pennycook, professor associado da Universidade Cornell e um dos autores do estudo, essa desconexão entre percepção e realidade agrava o problema.

Ele afirmou que os teóricos da conspiração “não apenas acreditam em ideias marginais, mas também não têm consciência de quão marginais essas ideias são”.

Por que isso importa

O estudo aponta que a confiança exagerada pode levar uma pessoa a rejeitar informações confiáveis e acreditar em conceitos já desmentidos.

Isso é especialmente preocupante quando essas crenças envolvem temas de interesse público, como saúde e ciência.

De acordo com os autores, muitos esforços de combate à desinformação podem falhar justamente porque aqueles que mais precisam mudar de ideia são os menos dispostos a considerar que podem estar errados.

O artigo destaca que as pessoas mais suscetíveis a teorias da conspiração costumam ter um raciocínio analítico mais fraco e uma tendência elevada ao excesso de confiança.

Essa combinação dificulta qualquer tentativa de convencimento com base em dados ou evidências.

A teoria da Terra plana

Entre os exemplos mais citados está o terraplanismo, que defende a ideia de que a Terra não é uma esfera, mas sim um disco plano. Essa teoria propõe que o Polo Norte está no centro e que uma parede de gelo — a Antártida — cerca a borda do disco.

Algumas variações ainda sugerem que a Terra seria coberta por uma cúpula de vidro e que não orbitamos o Sol.

Os defensores dessa ideia alegam que todas as imagens de satélite e provas astronômicas são parte de uma suposta conspiração da NASA e de outras agências governamentais.

Para eles, a ciência está mentindo — e isso reforça ainda mais a desconfiança generalizada de quem acredita nessas teorias.

No entanto, a comunidade científica internacional rejeita amplamente essas alegações. Décadas de observações, imagens de satélite, GPS e estudos revisados por pares confirmam que a Terra é redonda.

Mesmo assim, o terraplanismo continua vivo, impulsionado principalmente por redes sociais e grupos online.

Conclusão do estudo

Os resultados obtidos pelos cientistas da Universidade Cornell reforçam que o excesso de confiança desempenha papel central na formação e manutenção de crenças conspiratórias.

Em vez de reconhecerem dúvidas ou considerarem novas informações, esses indivíduos se mantêm firmes em suas convicções e ainda acreditam que a maioria das pessoas pensa da mesma forma que eles.

Essa combinação — confiança exagerada, raciocínio frágil e percepção distorcida da realidade — torna os teóricos da conspiração menos receptivos a qualquer tipo de correção. E, segundo os autores, isso dificulta os esforços para combater a desinformação em larga escala.

Para quem ainda se pergunta por que é tão difícil convencer um terraplanista de que a Terra é redonda, a resposta pode estar menos na falta de informação — e mais na forma como ele confia demais em si mesmo.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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