A retomada da Petrobras nas renováveis gera debates entre especialistas e investidores sobre a viabilidade das eólicas offshore no Brasil.
A Petrobras lança-se com vigor no universo das energias renováveis, trazendo para o centro das discussões, principalmente dos investidores, a questão das eólicas offshore e a Transição Energética. Essa semana, a empresa trouxe à luz propostas como pedidos de licenciamento ambiental para estas eólicas, parcerias para o desenvolvimento de turbinas e alianças estratégicas com grandes nomes como WEG, Casa dos Ventos e TotalEnergies.
A Ousada Jornada da Petrobras na Transição Energética
Jean Paul Prates, com notável entusiasmo, destaca: “A Petrobras não apenas entrou no mercado eólico, mas dominou-o”. Tal afirmação sublinha a ambição da estatal em ser líder na transição energética brasileira.
Os impressionantes 10 pedidos de licenciamento para eólicas offshore em alto mar enviados ao Ibama equivalem a 23 GW. Quando somados aos 14,5 GW já propostos em uma colaboração com a Equinor, temos um total de 37,5 GW sob análise. Essa capacidade supera a atual geração eólica do país, avaliada em 26 GW.
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No entanto, embora esses números sejam promissores, os desafios de execução e os preços deprimidos da energia elétrica para os próximos anos mantêm os investidores em estado de alerta. As tentativas passadas de diversificação, que culminaram em prejuízos, ainda geram dúvidas quanto às ambições da Petrobras.
O Mercado Reage
A despeito de sua ambiciosa entrada nas renováveis, a reação do mercado foi moderada. Analistas acreditam que a implementação prática de tais planos ainda demorará. A valorização das ações da Petrobras esta semana parece mais relacionada à alta dos preços do petróleo do que a uma visão sustentável.
Durante um evento recente, Maurício Tolmasquim, diretor de transição energética, esclareceu a posição da empresa: “Antes de avançarmos, precisamos estudar meticulosamente cada aspecto”. Ele enfatiza a importância de garantir que os projetos tenham um Valor Presente Líquido (VPL) positivo.
Os analistas e investidores do Itaú BBA, em relatório recente, projetam que os desembolsos de capital para esses projetos eólicos possam levar de um a dois anos após o anúncio. Eles também destacam um possível investimento da Petrobras de US$ 86 bilhões nos próximos cinco anos, um aumento de 11% em relação ao ano anterior.
Viabilidade das Eólicas Offshore
O debate sobre a viabilidade das eólicas offshore é complexo e tem múltiplas perspectivas no setor de renováveis. Antônio Junqueira, analista do Citi, expressa sua preocupação: “Enquanto estudar é essencial, a Petrobras deve ser cautelosa ao investir em eólicas offshore”.
Internacionalmente, empresas enfrentam desafios para viabilizar tais projetos que envolvem transição energética, mesmo com subsídios, como é o caso nos Estados Unidos. A empresa dinamarquesa Orsted, por exemplo, registrou perdas significativas devido a projetos eólicos offshore.
Por outro lado, os custos dos equipamentos para geração eólica offshore têm diminuído consideravelmente nos últimos anos. Um estudo da A&M revela uma queda de 40% nos custos de instalação entre 2010 e 2020.
O senador Jean Paul Prates, entusiasta das eólicas, acredita no potencial do Brasil. Ele vê a produção de hidrogênio verde como um novo vetor de demanda para as eólicas em alto mar, transformando o Brasil em um ambiente competitivo globalmente.
Em suas palavras: “O Brasil, com seu clima favorável e custos de manutenção baixos, tem potencial para dominar o mercado offshore. Superamos os desafios do pré-sal e agora temos os olhos voltados para o offshore.”
Contudo, a realização desse potencial ainda depende de mais regulamentações, leis e leilões pelo governo federal. O futuro é promissor, mas a estrada ainda é longa.
Fonte: Exame IN