1. Início
  2. / Legislação e Direito
  3. / Pai que ganha R$ 900 e pagava 60% de pensão consegue redução após Justiça reconhecer que valor comprometia a própria sobrevivência; juiz afirma: “obrigação alimentar não pode levar o devedor à miséria”
Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 0 comentários

Pai que ganha R$ 900 e pagava 60% de pensão consegue redução após Justiça reconhecer que valor comprometia a própria sobrevivência; juiz afirma: “obrigação alimentar não pode levar o devedor à miséria”

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 10/10/2025 às 15:01
Pai que ganha R$ 900 consegue reduzir pensão após Justiça reconhecer que valor comprometia a própria sobrevivência; juiz afirma - "obrigação alimentar não pode levar o devedor à miséria"
Foto: Pai que ganha R$ 900 consegue reduzir pensão após Justiça reconhecer que valor comprometia a própria sobrevivência; juiz afirma – “obrigação alimentar não pode levar o devedor à miséria”
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

Pai com renda de R$ 900 consegue reduzir pensão após decisão do TJ-SP. Juiz afirmou que a obrigação alimentar deve respeitar o equilíbrio financeiro e não pode levar o devedor à miséria.

Em abril de 2024, um caso julgado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) chamou a atenção por representar uma das decisões mais realistas sobre pensão alimentícia nos últimos anos. Um pai, que recebia cerca de R$ 900 por mês, conseguiu na Justiça o direito de reduzir o valor da pensão paga à filha, após o juiz entender que a quantia fixada anteriormente comprometia a própria sobrevivência do trabalhador. O caso foi relatado pelo portal advocaciareis – RECURSO PROVIDO. (TJ-SP, Agravo de Instrumento nº 2205216-36.2014.8.26.0000).

O caso reacendeu um debate importante no Direito de Família: até que ponto a pensão pode comprometer a renda de quem paga?

O caso: pai ganhava menos de um salário mínimo líquido

O processo foi movido por um trabalhador autônomo que, após perder o emprego formal, passou a ter renda mensal variável de aproximadamente R$ 900. Mesmo assim, continuava obrigado a pagar quase metade de seus rendimentos como pensão alimentícia, o que o deixava sem condições de se sustentar.

O homem argumentou à Justiça que a quantia fixada em momento anterior quando possuía vínculo empregatício se tornou inviável após a mudança em sua condição financeira.

Segundo a defesa, ele chegou a deixar de pagar contas básicas, como aluguel e energia elétrica, para não atrasar a pensão.

A decisão: equilíbrio entre necessidade e possibilidade

O juiz responsável pela análise do caso acolheu parcialmente o pedido e reduziu o valor da pensão para 30% dos rendimentos mensais, reconhecendo que a obrigação alimentar deve respeitar o princípio da proporcionalidade entre necessidade e possibilidade.

Em sua decisão, o magistrado destacou que a pensão tem a função de garantir a subsistência dos filhos, mas não pode levar o alimentante à miséria.

A sentença reproduziu o entendimento consolidado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que já decidiu que “a obrigação alimentar deve ser fixada com base na capacidade financeira real do devedor e nas necessidades efetivas do beneficiário”.

O juiz observou ainda que o pai vinha cumprindo suas obrigações de forma regular, mesmo diante das dificuldades, o que reforçou a boa-fé e a ausência de intenção de se esquivar do dever familiar.

Quando é possível pedir a revisão da pensão

Casos como esse não são raros. De acordo com o Código Civil e a Lei nº 5.478/1968, é possível pedir a revisão da pensão alimentícia sempre que houver mudança significativa na condição financeira de quem paga ou de quem recebe.

Situações comuns que permitem revisão:

  • Perda de emprego ou redução de salário;
  • Doença ou incapacidade laboral;
  • Aumento comprovado de despesas médicas ou familiares;
  • Melhora econômica da outra parte (como novo casamento, emprego fixo ou renda extra).

O pedido deve ser feito judicialmente, acompanhado de provas como contracheques, declarações de imposto de renda ou extratos bancários.

Pensão não é acúmulo de patrimônio

A decisão também reforça um princípio cada vez mais discutido nos tribunais: a pensão não pode ser usada para acumular patrimônio ou gerar lucro. Ela deve atender às necessidades básicas de sustento, educação, saúde e lazer dos filhos.

Segundo o juiz do caso, “a pensão alimentícia é um dever de solidariedade familiar, não um instrumento de enriquecimento de uma das partes”.

Esse entendimento dialoga com outras decisões recentes, como o caso em que uma mãe foi obrigada a prestar contas sobre o uso da pensão após comprovação de que investia o dinheiro das filhas em aplicações financeiras — decisão que também ganhou destaque na imprensa nacional em 2025.

Impacto social e jurídico

A decisão do TJ-SP reflete uma tendência crescente na Justiça brasileira: buscar equilíbrio nas relações familiares e evitar distorções no sistema de pensão alimentícia.

Advogados especializados afirmam que, nos últimos anos, aumentou o número de pedidos de revisão, principalmente entre trabalhadores autônomos e informais, cuja renda varia de mês a mês.

Segundo o advogado de família Rodrigo Reis, “a Justiça tem entendido que a pensão deve ser justa para ambos os lados, pois o pai que é levado à miséria também perde condições de sustentar o filho a longo prazo”.

O caso do pai paulista que recebia apenas R$ 900 e conseguiu reduzir a pensão mostra que o Judiciário brasileiro começa a reconhecer o impacto real da desigualdade de renda na aplicação do Direito de Família.

Mais do que uma questão financeira, trata-se de garantir o equilíbrio entre o dever de sustentar os filhos e o direito de quem paga manter uma vida minimamente digna.

Banner quadrado em fundo preto com gradiente, destacando a frase “Acesse o CPG Click Petróleo e Gás com menos anúncios” em letras brancas e vermelhas. Abaixo, texto informativo: “App leve, notícias personalizadas, comentários, currículos e muito mais”. No rodapé, ícones da Google Play e App Store indicam a disponibilidade do aplicativo.
Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x