Queda de 20% no faturamento dos minérios no Brasil se deve aos impactos climáticos em Minas Gerais e às medidas de controle de preços e de combate à Covid empregadas pela China
Em decorrência de fatores climáticos, relacionados à alta das chuvas em Minas Gerais, e externos, ligados às restrições da China, a indústria de minérios no Brasil sofreu retração nos três primeiros meses deste ano. Quando comparados ao primeiro trimestre de 2021, a produção do setor mineral observou diminuição de 13%, enquanto o faturamento teve queda de 20% no primeiro trimestre de 2022, conforme informações divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). A produção em questão equivale a 200 milhões de toneladas, e o ganho correspondente foi de R$ 56,2 bilhões.
O Instituto Brasileiro de Mineração afirmou, ainda, que a redução ocorrida no setor industrial de minérios pode ser atribuída ao grande número de chuvas no estado de Minas Gerais – segundo maior produtor mineral do Brasil -, que ocasionou declínio na produção de minério de ferro do país, e às ações de isolamento praticadas em múltiplas cidades da China em razão da Covid-19.
Segundo a matéria de Iuri Corsini para a CNN, publicada em 26/04, a China, principal parceira do Brasil na seção de minérios e que já comprou mais de 60% da produção, diminuiu em 12% a quantidade de minerais importados do Brasil, o que acarretou uma queda de 31% nos valores das importações nos três primeiros meses deste ano, quando comparados à mesma época do ano passado, e uma retração de 29% se levado em conta o último trimestre de 2021. Houve, por fim, redução de 22,8% nas exportações do Brasil durante esse período.
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Ainda assim, o Brasil observou saldo comercial mineral positivo de US$ 6,2 bilhões, com recebimento de R$ 19,4 bilhões (20% inferior) em tributos e royalties.
Minério de ferro lidera em porcentagens de faturamento
O maior faturamento é devido ao minério de ferro, que corresponde a 58,1% de todo o ganho da indústria de minérios e somou R$ 32,7 bilhões (queda de 33% quanto ao primeiro trimestre de 2021 e de 43% em relação aos últimos três meses daquele ano). O segundo e o terceiro lugar pertencem, respectivamente, ao ouro e ao cobre, que são responsáveis por 11% (R$ 6,5 bilhões) e 9% (R$ 5 bilhões) de todo o faturamento. A respeito dos minérios importados pelo Brasil nos três primeiros meses de 2022, os mais importantes foram o potássio, que é fundamental para a produção de fertilizantes e foi equivalente a 46% das importações, e o carvão, que foi equivalente a 40%.
Além disso, o Ibram estabeleceu que as aplicações de capital esperadas pelos cinco anos seguintes – de 2022 a 2026 – no setor de minérios são de US$ 40,4 bilhões, dos quais US$ 36,2 bilhões são voltados para produção e infraestrutura e US$ 4,2 bilhões correspondem a investimentos socioambientais. Do valor total, 46% já está em andamento.
Diretor do Ibram destaca importância do setor mineral para a atividade econômica brasileira
Segundo o diretor-presidente do Ibram, Raul Jungmann, os dados exprimem que as grandes quantidades de investimentos evidenciam a relevância do setor industrial de minérios para a economia do Brasil, apesar das quedas observadas no que se refere ao ano anterior.
O diretor afirmou, ainda, que: “Mesmo quando há alguma queda nos resultados, as exportações de minérios geram divisas das quais o país não pode abrir mão. Daí ser muito conveniente ao país estimular a pesquisa mineral para que possa haver expansão planejada da mineração sustentável e, além disso, precisa haver a consciência de que essa indústria não pode estar exposta a seguidas tentativas de sangrar sua competitividade por meio da elevação de seus tributos e encargos, como se tem observado”.
Sobre a relação com a China, Jungmann ponderou se a dependência brasileira em relação ao país não seria excessiva, já que, quando a China altera suas políticas, a indústria mineral do Brasil é imediatamente afetada.
Mesmo que a China possivelmente permaneça com táticas para regular o valor dos minérios, o Ibram conta com uma leve retomada dos resultados durante o restante do ano. Isso porque, de acordo com o instituto, os impactos climáticos são mais comuns no começo do ano, de modo que a produção no Brasil não deve mais ser afetada por eles.