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Se o GPS fosse desligado no Brasil — os impactos seriam profundos, tanto para usuários quanto para empresas

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 19/07/2025 às 22:04
GPS
Foto: Reprodução
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A dependência do Brasil do sistema GPS dos EUA levanta preocupações: interrupções afetariam bancos, agricultura, mineração, logística e até celulares.

No podcast IRONCAST, apresentado por Renato Cariani, o divulgador científico Sergio Sacani levantou um alerta sobre algo que poucos percebem no dia a dia: a dependência quase total da economia mundial em relação aos satélites de posicionamento, popularmente conhecidos como GPS.

Durante a conversa, ele explicou que, apesar de todos chamarem de GPS, esse sistema específico é americano e controlado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos.

Vários sistemas pelo mundo

O GPS é apenas um entre vários sistemas de navegação por satélite. Sacani explicou que cada país ou bloco de países desenvolveu o seu próprio.

A Europa, por exemplo, usa o sistema Galileu. A Rússia tem o Glonass, o Japão possui seu sistema próprio, assim como a China com o BeiDou e a Índia com o NavIC. O Brasil, no entanto, não conta com um sistema próprio.

Apesar dessa variedade, na prática, a maioria dos países — incluindo o Brasil — ainda depende fortemente do sistema americano GPS.

Economia refém da tecnologia

Segundo Sacani, quase tudo hoje em dia depende de satélites. A movimentação bancária, por exemplo, já é controlada via GPS.

A agricultura de precisão, que usa colheitadeiras automatizadas e coordenadas, também depende totalmente desses sistemas.

A mineração moderna, com equipamentos guiados por localização via satélite, segue o mesmo caminho.

Ele revelou dados recentes que apresentou em uma conferência: 75% da mineração no mundo depende de GPS. Já a produção de petróleo chega a 99% de dependência. No setor agrícola, mais de 80% da produção mundial está ligada a esses satélites.

Esses números mostram que as três maiores áreas da economia global — petróleo, agricultura e mineração — estão diretamente conectadas ao funcionamento desses sistemas espaciais. Caso os satélites deixem de operar, essas cadeias seriam fortemente afetadas.

Um apagão que custaria bilhões

Sacani foi além e comentou o tamanho do prejuízo caso os satélites parassem de funcionar. “O prejuízo calculado para 30 dias sem GPS é de 275 bilhões de dólares”, afirmou. Essa quantia revela o tamanho da dependência mundial em relação a essa tecnologia.

Além do impacto financeiro, o cenário levanta uma questão de soberania. O Brasil, por exemplo, está à mercê do bom relacionamento com os Estados Unidos, já que usa os satélites norte-americanos. Em caso de conflito ou rompimento de relações, o país poderia perder acesso ao sistema.

Brasil sem sistema próprio

Essa dependência preocupa especialistas. Sacani destacou que, apesar das dificuldades que o Brasil enfrenta em áreas como saúde, segurança e educação, a economia do país justificaria o investimento em um sistema próprio de satélites de posicionamento.

Ele reforçou que o ideal seria o Brasil ter uma estrutura independente, já que confiar em um país estrangeiro pode ser arriscado. “Vai que um dia os Estados Unidos falam assim: ‘briguei com você, você não usa mais esse satélite’”, alertou.

Além disso, há custos envolvidos. Mesmo que o cidadão comum não perceba, o uso da tecnologia não é gratuito. “Quando você comprou o celular, você pagou. É, você paga um royalte, que vai para a empresa”, explicou. Ou seja, ainda que o serviço pareça gratuito, existe cobrança embutida nos produtos que usamos diariamente.

Dependência silenciosa, mas perigosa

Sacani concluiu que essa dependência do sistema GPS dos Estados Unidos é mais perigosa do que muitos imaginam.

A economia moderna, conectada e automatizada, não funciona mais sem o suporte dos satélites.

Se um país como o Brasil quiser se proteger de crises internacionais, precisa considerar a criação de sua própria rede de navegação espacial.

Enquanto isso não acontece, seguimos utilizando, sem perceber, uma infraestrutura crítica controlada por outra nação. A situação é confortável enquanto há paz e acordos funcionando — mas pode se tornar um enorme problema em caso de tensão política.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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