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Gosma estranha em vasos de bronze de 2.600 anos que intrigava cientistas há 70 anos é identificada — e a resposta é mais simples do que se pensava

Publicado em 30/07/2025 às 22:23
Jarros de bronze, Vasos de bronze, mel
Uma gosma pegajosa encontrada em potes de um antigo sítio arqueológico revelou ser mel. (Crédito da imagem: Luciana da Costa Carvalho)
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Análise moderna revela substância em vasos de bronze de 2.600 anos, usado em rituais no santuário subterrâneo de Paestum

Durante décadas, arqueólogos se debruçaram sobre um enigma vindo do passado. O que seriam os globos de gosma pegajosa encontrados no fundo de antigos jarros de bronze no sul da Itália? Após 70 anos de dúvidas e tentativas frustradas, uma nova análise química trouxe a resposta definitiva: é mel.

Os jarros foram descobertos em 1954 na cidade de Paestum, em um santuário subterrâneo conhecido como heroon. Datados do século VI a.C., esses recipientes antigos levantaram suspeitas desde o início.

Especialistas imaginavam que poderiam conter restos de mel, uma substância com grande valor simbólico para os povos da Grécia e Roma antigas. Mas os primeiros testes não conseguiram encontrar evidências concretas de açúcares.

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Agora, uma equipe liderada pela química Luciana da Costa Carvalho, da Universidade de Oxford, conseguiu o que ninguém havia alcançado.

Com o uso de técnicas modernas de análise química, os pesquisadores confirmaram a origem do resíduo.

Os detalhes do estudo foram publicados em 30 de julho no Journal of the American Chemical Society. A descoberta foi possível graças à espectrometria de massas, um método avançado que identifica moléculas e compostos.

Com isso, a equipe conseguiu encontrar, pela primeira vez, açúcares hexose intactos — o principal componente do mel fresco. De acordo com o estudo, esse tipo de açúcar representa cerca de 79% do mel moderno, sendo a frutose o mais abundante.

Além disso, os pesquisadores detectaram a presença de geleia real, uma substância produzida por abelhas operárias.

Também foram identificados peptídeos — fragmentos de proteínas — característicos da abelha europeia, Apis mellifera. Essas evidências forneceram a primeira confirmação molecular direta da presença de mel nos jarros.

Apesar da quantidade de açúcar ser muito menor do que em um mel atual, os dados foram considerados suficientes para encerrar o debate. “Acho que o resíduo tem gosto de favo de mel lavado, mas um pouco mais ácido“, disse Carvalho em entrevista por e-mail à Live Science. Ela não chegou a provar a substância.

Outro detalhe chamou a atenção dos cientistas: a presença de íons de cobre na mistura. O cobre é um agente biocida, ou seja, combate microrganismos.

Isso pode ter ajudado a conservar os açúcares por milhares de anos na superfície do resíduo.

Segundo os pesquisadores, a análise da substância pegajosa nos jarros de bronze pode lançar luz sobre rituais e práticas religiosas antigas.

O local da descoberta era um santuário subterrâneo, com uma grande mesa de madeira e barras de ferro envoltas em lã. Acredita-se que as oferendas foram dedicadas a Is de Helice, figura mítica considerada o fundador da antiga cidade de Síbaris.

Síbaris foi destruída no século VI a.C., e seus habitantes fundaram a cidade de Poseidonia. Quando os romanos assumiram o controle da região, renomearam o local como Paestum.

Para Carvalho, a descoberta mostra como coleções antigas de museus ainda podem oferecer surpresas. “Há mérito em reanalisar coleções de museus porque as técnicas analíticas continuam a se desenvolver”, afirmou no vídeo de divulgação do estudo.

Com informações de Live Science.

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Romário Pereira de Carvalho

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