Análise revela impacto limitado mesmo com medidas federais
Em junho de 2025, motoristas em várias regiões do Brasil esperavam sentir no bolso o corte de R$ 0,17 por litro, anunciado pela Petrobras em 3 de junho de 2025, mas o impacto real foi discreto.
Levantamento da ValeCard mostra recuo modesto nos postos
A ValeCard, especialista em pagamentos e mobilidade, analisou mais de 25 mil postos de combustíveis entre 1º e 26 de junho de 2025. A gasolina registrou média de R$ 6,411, apenas R$ 0,048 a menos do que em maio. Assim, a variação ficou em 0,74%, absorvida por custos de importação, margens de lucro e impostos.
Marcelo Braga, diretor de Mobilidade da ValeCard, explicou que “o etanol anidro representa cerca de 12,7% do preço final, mas o repasse ao consumidor depende de cada distribuidora”, o que reforça a complexidade da formação do preço.
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Nova mistura de etanol e biodiesel entra em vigor em agosto
Além disso, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) definiu em 25 de junho de 2025 que o percentual de etanol na gasolina subirá de 27% para 30%, enquanto o biodiesel passa de 14% para 15% no diesel. Para Braga, “essas mudanças podem ter impacto moderado, pois outros fatores continuam pesando na composição dos preços”.
Diferenças regionais evidenciam desigualdades no país
Entre os estados, São Paulo manteve o menor preço da gasolina, R$ 6,184, enquanto o Acre segue com o valor mais alto, R$ 7,626, conforme apurou a ValeCard. Além disso, estados como Distrito Federal, Minas Gerais e Rio de Janeiro também apresentaram variações tímidas.
Distrito Federal: de R$ 6,708 para R$ 6,635 (-1,09%)
Minas Gerais: de R$ 6,459 para R$ 6,406 (-0,82%)
Rio de Janeiro: de R$ 6,340 para R$ 6,274 (-1,04%)
Etanol segue alternativa competitiva em alguns estados
Apesar das oscilações, o etanol comum fechou junho a R$ 4,445, segundo a ValeCard, com uma redução média de 1,27% em relação a maio. São Paulo manteve o etanol mais barato, R$ 4,137 por litro.
Para que o etanol seja vantajoso, seu preço deve representar até 70% do valor da gasolina. Seguindo esse cálculo, Acre, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Roraima e São Paulo continuam compensando o uso do combustível renovável.
Diesel S-10 também apresenta queda moderada
No mesmo levantamento, o diesel S-10 registrou recuo de 1,50%, fechando junho a R$ 6,284. O Rio Grande do Sul, segundo a ValeCard, apresentou o menor preço, R$ 5,978, enquanto o Acre manteve o maior valor, R$ 7,554.
Distrito Federal: de R$ 6,423 para R$ 6,307 (-1,81%)
São Paulo: de R$ 6,297 para R$ 6,203 (-1,49%)
Minas Gerais: de R$ 6,434 para R$ 6,332 (-1,59%)
Rio de Janeiro: de R$ 6,473 para R$ 6,395 (-1,21%)
Expectativa para o restante de 2025
Para Marcelo Braga, diretor da ValeCard, o segundo semestre de 2025 deve seguir com ajustes graduais, já que fatores como importações, CBIOs e tensões geopolíticas seguem impactando o mercado. Assim, mesmo com medidas federais e mudanças na mistura de biocombustíveis, o repasse real ao consumidor final pode continuar limitado.
Braga reforça: “A redução só se consolida quando toda a cadeia ajusta custos e margens de forma equilibrada”, tornando o impacto realmente sentido na bomba.
Diante desse cenário, será que as novas políticas de biocombustíveis conseguirão aliviar de forma real o bolso dos motoristas nos próximos meses?