Moradores da favela adotaram método chinês de biodigestor para evitar que o esgoto seja jogado nos rios sem tratamento
O saneamento básico ainda é um desafio nos grandes complexos de favelas no Rio de Janeiro. Pensando em uma forma de ajudar o meio ambiente, moradores do Vale Encantado, no Rio, resolveram adotar métodos centenários como o biodigestor para tratamento do esgoto. Com esse método eles evitarão que 15 milhões de litros de dejetos desemboquem na Floresta da Tijuca por ano.
O sistema para tratamento de esgoto está funcionando desde o início de junho e atende a 27 casas, com total de 60 famílias, até o momento. Essas residências estão conectadas por um sistema biosustentável que leva os resíduos para um grande biodigestor onde o tratamento acontece sem o uso de qualquer aditivo químico. Quer saber como funciona? Continue a leitura.
Saiba mais sobre esse feito da favela do Rio de Janeiro com o vídeo abaixo
Biodigestor e jardim flutuante são técnicas centenárias para tratamento de esgoto e que os moradores adotaram na favela
Para o tratamento de esgoto ser efetivo, os moradores adotaram as técnicas de jardim flutuante e biodigestor, que já são conhecidas há centenas de anos pelo mundo. A ideia de implementar os modelos partiu de morador da comunidade, o Otávio Barros.
- Internet de Elon Musk (Starlink) chega ao Brasil com desconto de MAIS DE 50% visando acabar com a concorrência e inovar na conectividade brasileira, chegando em QUALQUER parte do país
- Crise sem fim! Volkswagen enfrenta demissões em massa e crise tecnológica: será o próximo caso Kodak e Nokia?
- Umas das maiores BR do Brasil será transformada! Rodovia terá duplicação de 221km e R$ 7 bi em investimentos, podendo gerar até 100 MIL empregos
- Noruega investe R$ 350 milhões em energia solar no norte de Minas Gerais
O sistema integra as duas técnicas em duas fases de tratamento do esgoto. Na primeira etapa, os resíduos são coletados das residências pelo sistema de encanamento e vão até um reservatório construído em local estratégico. Nesse reservatório, o material sofre a ação de bactérias presentes no estômago de animais como cavalos e vacas e também no estômago de humanos. Elas deterioram os compostos e geram um gás que pode também ser aproveitado na cozinha.
Em uma segunda etapa, o líquido resultante vai para outro reservatório que contém plantas que se alimentam da carga orgânica da água e assim ajudam na filtração, os chamados jardins flutuantes. Como as plantas ainda estão se desenvolvendo, a limpeza está em 50% da matéria orgânica. No entanto, com o passar do tempo, esse percentual deve chegar a 90%.
O trajeto final do líquido é um sumidouro que destina o restante dos nutrientes na água para o solo, evitando a poluição dos rios da região.
Projeto promete resolver a questão de saneamento básico do Vale Encantado, ou parte dele por meio do tratamento de esgoto sustentável
A adoção dessa medida leva o saneamento básico para algumas residências da favela e evita impactos ambientais e sociais.
“O biodigestor funciona como um estômago, o processo é o mesmo que acontece dentro da gente. Já as plantas que usamos nos sistema são de brejo, que vivem na água. Olhamos para a região as plantas que se estabelecem melhor nas beiras de córrego. O tratamento é a redução de carga orgânica e de nutrientes. Nutrientes são nitrogênio, fósforo e potássio que é muito rico no esgoto e é o que causa a eutrofização das lagoas e as deixa verde, por exemplo. Neste sistema a primeira etapa remove a carga orgânica e o jardim filtrante tira os nutrientes“.
Leonardo Adler, engenheiro ambiental e sanitarista responsável pelo projeto (2022)
A primeira parte desse grande projeto foi concluída em 2015, após financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de janeiro (FAPERJ). Agora em 2022 o projeto conseguiu ver sua expansão por meio da contribuição de órgãos como Organizações Viva com Água, Instituto Clima e Sociedade além de doações internacionais para que as residências fossem conectadas com o biodigestor.