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Engenheiros do MIT desensolvem um sistema de dessalinização movido a energia solar, que não requer baterias extras, está revolucionando o acesso à água potável a baixo custo

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 10/10/2024 às 22:55
Engenheiros do MIT, energia solar, dessalinização
Foto: Reprodução

Um sistema de dessalinização movido a energia solar, sem a necessidade de baterias, pode fornecer água potável a um custo muito baixo

Uma equipe de engenheiros do MIT desenvolveu um sistema inovador de dessalinização que opera com energia solar, sem a necessidade de baterias extras. A nova tecnologia, além de garantir um fornecimento eficiente de água potável, promete ser uma solução acessível para comunidades carentes ao redor do mundo, especialmente em áreas remotas.

O sistema de dessalinização, movido a painéis solares, adapta-se automaticamente às variações de luz solar ao longo do dia. À medida que a luz solar aumenta, o sistema acelera seu processo de dessalinização, e quando há uma queda brusca, como em momentos nublados, ele desacelera para ajustar-se.

Essa capacidade de reagir rapidamente a pequenas mudanças na luz do sol permite que o sistema aproveite ao máximo a energia solar disponível, produzindo grandes quantidades de água limpa, independentemente das variações climáticas.

Em contraste com outros sistemas movidos a energia solar, esta nova tecnologia não requer baterias para armazenar energia ou uma fonte de energia adicional, como a rede elétrica. Isso é um avanço significativo, pois elimina custos adicionais e simplifica a instalação, tornando o sistema mais acessível e sustentável.

Testes bem-sucedidos na dessalinização


Foto: Shane Prat

Os engenheiros do MIT testaram um protótipo em larga escala em poços de água subterrânea no Novo México durante seis meses, em condições climáticas variadas.

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O sistema demonstrou ser extremamente eficiente, capturando em média 94% da energia elétrica gerada pelos painéis solares e produzindo até 5.000 litros de água potável por dia.

Mesmo em condições climáticas adversas, o sistema mostrou-se estável, confirmando sua viabilidade em comunidades que enfrentam mudanças imprevisíveis no clima.

O professor Amos Winter, diretor do K. Lisa Yang Global Engineering and Research (GEAR) Center do MIT, explicou a importância desse desenvolvimento: “A dessalinização tradicional requer uma fonte de energia estável e armazenamento em baterias para compensar a variabilidade da energia solar. Nosso sistema ajusta automaticamente o consumo de energia de acordo com o sol, tornando possível a produção de água potável diretamente de fontes renováveis, sem a necessidade de armazenamento de energia em baterias.

Potencial para comunidades sem acesso à água potável


Foto: Shane Pratt

O sistema foi projetado principalmente para dessalinizar água salobra subterrânea, uma fonte de água abundante em reservatórios subterrâneos, mas que muitas vezes não é utilizada devido ao seu alto teor de sal.

Ao contrário das reservas de água doce, que estão se esgotando rapidamente em várias partes do mundo, a água salobra permanece uma fonte inexplorada de água potável.

Os pesquisadores veem nesse recurso uma oportunidade promissora para fornecer água potável a baixo custo, principalmente para comunidades afastadas das regiões costeiras, onde o acesso à água do mar para dessalinização é inviável.

Jonathan Bessette, doutorando em engenharia mecânica no MIT e coautor do estudo, destacou a importância dessa inovação para regiões que dependem da água subterrânea.

A maioria das pessoas vive longe da costa, onde a dessalinização da água do mar não é uma opção viável. Em muitas dessas regiões, especialmente em áreas remotas e de baixa renda, a água subterrânea é essencial, mas está se tornando cada vez mais salgada devido às mudanças climáticas. Nossa tecnologia pode trazer água limpa e acessível para esses lugares negligenciados“, afirma Bessette.

Como o sistema funciona a tecnologia dos engenheiros do MIT?

Foto: Shane Pratt

A nova tecnologia desenvolvida por engenheiros do MIT baseia-se em um método conhecido como eletrodiálise, no qual um campo elétrico é utilizado para remover os íons de sal da água à medida que ela passa por uma membrana de troca iônica.

Embora outros métodos de dessalinização, como a osmose reversa, também sejam utilizados, o sistema desenvolvido pelo MIT foca em maximizar a eficiência do processo, sincronizando o consumo de energia diretamente com a disponibilidade de luz solar.

O controle automatizado do sistema é o que o diferencia das outras soluções existentes. Com base em leituras de sensores, o sistema calcula a taxa ideal de bombeamento de água e a voltagem necessária para remover o sal da água em tempo real, ajustando-se rapidamente às variações de energia solar.

Em testes anteriores, o sistema já havia demonstrado uma eficiência superior ao de sistemas tradicionais, mas os pesquisadores identificaram a necessidade de melhorar a velocidade de resposta às variações climáticas.

Nesta nova versão, a equipe conseguiu aprimorar ainda mais o desempenho do sistema, eliminando completamente a necessidade de baterias ao reduzir o tempo de resposta para frações de segundo.

Com essa melhoria, o sistema ajusta automaticamente sua taxa de dessalinização até cinco vezes por segundo, mantendo o processo de remoção de sal em sincronia com as mudanças de luz solar. Isso significa que, mesmo em dias nublados, o sistema continua operando de forma eficaz sem depender de energia adicional.

Sustentabilidade e economia

O professor Winter ressalta que a eliminação das baterias não apenas reduz os custos do sistema, mas também torna a dessalinização mais sustentável. “Em comparação com a forma tradicional de projetar um sistema de dessalinização solar, conseguimos reduzir quase 100% da necessidade de baterias“, explica Winter.

Os engenheiros agora planejam testar o sistema em maior escala, com o objetivo de fornecer água dessalinizada a comunidades inteiras e, potencialmente, a municípios inteiros.

Com a crescente demanda por água potável e os desafios relacionados às mudanças climáticas, essa tecnologia pode ser uma resposta fundamental para garantir o abastecimento sustentável de água em regiões afetadas.

Próximos passos

Os pesquisadores continuam trabalhando no desenvolvimento de métodos de dessalinização mais baratos e sustentáveis. Shane Pratt, engenheiro da equipe e coautor do estudo, afirma que o foco agora está em maximizar a confiabilidade do sistema e expandir sua aplicação para diferentes mercados ao redor do mundo.

Ainda estamos em fase de desenvolvimento, mas acreditamos que nossa tecnologia pode fornecer água dessalinizada a partir de fontes renováveis para várias comunidades globais. Estamos construindo uma linha de produtos que atenderá às demandas de água potável sustentável e acessível”, completa Pratt.

A equipe do MIT também está se preparando para lançar uma empresa nos próximos meses, com o objetivo de levar essa tecnologia revolucionária ao mercado. O projeto foi financiado pela National Science Foundation, pela Julia Burke Foundation e pelo MIT Morningside Academy of Design, além do apoio de empresas como Veolia Water Technologies e Xylem Goulds.

Com o sucesso dos testes iniciais e o potencial de escalabilidade, o sistema de dessalinização movido a energia solar promete ser uma solução eficaz para a crise global da água, proporcionando acesso a água potável para milhões de pessoas em regiões remotas e vulneráveis.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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