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Empresas estudam potencial do HVO, o “diesel do futuro” menos poluente do que os derivados de petróleo, que pode ser responsável pela sobrevivência dos motores à combustão

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 22/03/2022 às 14:15
HVO - diesel - motores a combustão - biocombustível - petróleo
O HVO é produzido pelo processo químico de hidrotratamento (HDT) em condições controladas de pressão e temperatura – imagem: Pixabay/Fritz

O óleo vegetal hidrotratado (HVO) tem sido citado ao redor do mundo nos últimos 12 meses, com todos querendo saber mais sobre esse novo diesel renovável e menos poluente que os derivados de petróleo, sendo capaz de reduzir as emissões de carbono e ajudar as empresas a melhorarem o seu impacto ambiental, sem deixar de lado os motores à combustão   

O HVO é uma gota renovável no combustível de substituição do diesel. que oferece aos usuários uma redução de 90% nas emissões de gases de efeito estufa, bem como benefícios significativos na qualidade do ar. Seu status renovável é dado devido à natureza de suas matérias-primas. que geralmente são vegetais, alimentos ou resíduos animais. Além de todas essas vantagens, o HVO reduz o material particulado fino (MP) em 33%, os hidrocarbonetos (HC) em 30%, o monóxido de carbono (CO) em 24% e os óxidos de nitrogênio (NO) em 9%. Todos poluentes com elevados níveis de emissão quando o biodiesel é consumido.

HVO ganha popularidade e pesquisador destaca benefícios

HVO, alternativa ao diesel na transição para os veículos elétricos – Uma reportagem do canalmovase/Youtube

O diesel renovável (HVO) é criado através de um processo de hidrogenação, o que significa simplesmente que é criado usando hidrogênio em vez de metanol como seu “catalisador” e que o oxigênio é removido dos óleos vegetais no processo.     

O HVO é um biocombustível de segunda geração, 100% feito a partir de matérias-primas residuais, que passam por um processo de refino muito mais complexo e que produz um combustível de melhor qualidade e mais limpo, totalmente intercambiável com o diesel.   

É uma verdadeira substituição de diesel imediata, o que significa que os usuários não precisam fazer alterações iniciais na infraestrutura ou gastar dinheiro significativo em retrofits para garantir a compatibilidade. 

Em resumo, trata-se de um combustível renovável, capaz de quase zerar a emissão de CO2 quando consumido, e durante o seu ciclo de vida tem uma emissão de 50% a 90% a menos de GEE se comparado ao diesel comum. Além de reduzir em 33% o material particulado fino (MP), em 30% os hidrocarbonetos (HC), em 24% o monóxido de carbono (CO) e em 9% os óxidos de nitrogênio (NO) – poluentes cujos níveis de emissão são aumentados quando se utiliza o biodiesel.

Usado puro ou misturado ao diesel de petróleo em altas proporções, o diesel verde é tão eficiente quanto o diesel fóssil, ideal para ser utilizado em motores da atualidade sem a necessidade de adaptação. Além disso, para a produção do HVO, é possível utilizar a infraestrutura das refinarias de petróleo já existentes.

HVO não é um produto novo  

Processo produtivo do HVO. Fonte: Futuretransport, 2020.

Alguns podem não ter ouvido falar do HVO nos últimos anos, mas não é um produto novo, de forma alguma. Ele já é usado em combustíveis comerciais há mais de uma década em toda a Europa, e em muitos países escandinavos está disponível na bomba como diesel comum para uso dos consumidores. No entanto, no Reino Unido, o produto está encontrando novas fórmulas e sendo notado, crescendo significativamente em popularidade nos últimos 12 meses.   

As empresas agora estão percebendo que precisam fazer algo diferente quando se trata de combustíveis dedicados de petróleo e que, embora o HVO não seja uma opção ‘barata’ se comparado ao diesel, é a solução mais viável e fácil de implementar no momento, podendo chegar a 90% de redução do impacto na pegada de CO2. Comparado a outras alternativas de energia limpa do futuro, como eletricidade e hidrogênio, também pode ser a mais econômica.

O HVO é um combustível que, assim como o biodiesel, pode ser produzido a partir de óleos vegetais, como óleo de palma, de soja, de girassol, óleo alto (de aparas de madeira), gorduras residuais (óleo de cozinha) e gorduras animais. Mas, para produzir especificamente o HVO, os óleos devem entrar em contato com hidrogênio sob alta pressão, e só então é criado o combustível. Esse processo possibilita obtê-lo a partir de uma maior variedade de matérias-primas que não competem com a produção de alimentos.

Vantagens do HVO com relação ao biodiesel

Separamos algumas das principais vantagens do HVO, destacadas pelo pesquisador Rogelio Sotelo-Boyás, do Instituto Politécnico Nacional do México, em relação ao diesel comum utilizado no território brasileiro. Confira:

  • HVO é compatível com todos os motores modernos existentes atuais;
  • O diesel do futuro tem uma maior flexibilidade na obtenção de matérias primas;
  • Muito mais estabilidade na oxidação;
  • Porcentagem de cetano maior;
  • É 90% renovável e não polui o meio ambiente;
  • HVO não precisa de água em seu processo produtivo;
  • Não precisa de nenhum tipo de tratamento inicial para ser comercializado;
  • Possui um melhor desempenho em tempos mais frios e regiões com climas densos;
  • Seu transporte não causa nenhum tipo de poluição adicional.

Via de regra, biodiesel é todo combustível derivado de biomassa renovável, e o HVO também é produzido a partir das mesmas matérias-primas. Porém, esses produtos possuem componentes diferentes entre si, pois, sob o ponto de vista químico, o HVO é uma mistura de hidrocarbonetos (formados por carbono e hidrogênio), enquanto o biodiesel é uma mistura de ésteres (constituídos por carbono, hidrogênio e oxigênio).

HVO está em discussão no Brasil e pode chegar em breve  

Os motores à combustão presentes no Brasil que atendem aos padrões estabelecidos pelas normas do Proconve 3, e que rodem com o diesel B-10, não necessitam de mudança alguma para utilizar o HVO. A única mudança necessária seria um aditivo de lubrificação, uma vez que o diesel renovável HVO possui baixo teor de lubrificação.

O Brasil, no entanto, ainda está iniciando as discussões com relação à aplicação do HVO em território nacional. Atualmente, essa alternativa já é disponibilizada para os veículos da Europa, da Ásia e da América do Norte. Uma instalação industrial para a produção de HVO está em processo de implantação no Paraguai, o que abre um horizonte para o combustível na América do Sul.

Por enquanto, no Brasil, o combustível é produzido apenas em caráter experimental pela Petrobras, sem qualquer regulamentação. Porém, já está em tramitação uma proposta de regulamentação pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Talvez, em breve, tenhamos mais essa opção verde de combustível para os nossos veículos.

Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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