Empresa canadense desenvolve tecnologia que transforma CO2 em combustível. O gás é retirado do ar e, ainda puro, é combinado com hidrogênio, gerando 1 barril de combustível por dia.
A Carbon Engineering, empresa do Canadá, divulgou nas últimas semanas um estudo onde afirma ter desenvolvido uma tecnologia capaz de transformar CO2 em combustível. O dióxido de carbono é retirado da atmosfera com um custo mais barato do que outras tecnologias já desenvolvidas. Os cientistas da empresa estimam que, a cada tonelada de carbono capturada, o valor gasto é de 100 dólares canadenses.
Empresa do Canadá utiliza gás para transformar CO2 em combustível
A tecnologia que a empresa desenvolveu é patrocinada por Bill Gates, bilionário americano que desenvolveu uma técnica muito parecida e que é atualmente utilizada pela empresa Climeworks, da Suíça.
O diferencial entre as duas tecnologias é o valor do processo. Quando foi inaugurada, há cerca de um ano, o custo do processo realizado pela empresa da Suíça era de 600 dólares por tonelada, com expectativa de barateamento para 100 dólares apenas em 2025, um valor que é o inicial praticado pela empresa do Canadá ao transformar CO2 em combustível.
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Outro grande diferencial das empresas é a forma como o CO2 retirado da atmosfera é utilizado. A Carbon Engineering, do Canadá, utiliza o gás para transformá-lo em combustíveis líquidos sintéticos. A primeira fábrica funcional da empresa foi inaugurada em 2015 e retira e suga cerca de uma tonelada de carbono por dia.
O gás puro é ajustado com hidrogênio de água através de energia limpa, sendo convertido em combustível sintético. Em média, a empresa consegue gerar cerca de um barril de combustível por dia. Segundo o professor da Universidade de Harvard e cofundador da Carbon Engineering, David Keith, em entrevista à BBC, o plano de longo prazo da empresa do Canadá é de gerar cerca de 2 mil barris de combustível por dia.
Falta de incentivos do governo pode ser um grande problema
A Carbon Engineering está em busca de investidores para desenvolver uma nova usina visando ampliar a captura e transformar CO2 em combustível. Entretanto, os observadores do segmento afirmam que a empresa do Canadá terá uma grande dificuldade em ampliar as atividades devido à falta de fomentos e subsídios governamentais.
Já Edda Sif Aradóttir, da empresa Reykjavik Energy, empresa parceira da Climeworks no projeto islandês que transforma carbono em rochas, afirma que a falta de políticas governamentais para fomentar atividades como esta é um grande problema. Aradóttir destaca que as soluções técnicas para evitar as mudanças climáticas já estão disponíveis, entretanto as legislações dos países não disponibilizam fomentos ou obrigações suficientes para que eles sejam utilizados em larga escala.
Mais de 36,3 bilhões de CO2 são emitidos por ano
Apesar de saber que haverá vários obstáculos no desenvolvimento do trabalho feito pela empresa, David afirma que há muito a se fazer para reduzir o CO2 na atmosfera e para disponibilizar opções para meios de transportes que não podem utilizar energia como fonte de combustível.
Para combustíveis líquidos, o caminho é essa abordagem, de CO2 do ar mais hidrogênio obtido. No ano de 2020, quando o mundo era impactado pela pandemia do coronavírus, estudos afirmam que foram liberadas 1,9 bilhão de toneladas de gás carbônico foram emitidas na atmosfera, uma redução de 5,2% em relação ao ano anterior.
Já em 2021, as emissões chegaram a ultrapassar os 36 bilhões de toneladas. De acordo com dados, a economia global dependeu muito do carvão para se reerguer, gerando um aumento significativo na poluição. Este combustível fóssil foi responsável por mais de 40% do aumento geral das liberações de CO2 em 2021.