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Em meio à crise hídrica, governo pretende retomar obras da usina nuclear Angra 3 e investimentos podem chegar a R$ 15 bilhões

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 27/07/2021 às 12:18
Atualizado em 28/07/2021 às 01:11
crise hídrica - usina nuclear - investimentos - governo - Angra 3
Obras, que serão dividas em duas etapas, devem ser iniciadas em junho (Eletrobras/Divulgação)

Mesmo em meio à crise hídrica, o governo federal está com intenções de retomar as obras da usina nuclear Angra 3, que está paralisada há mais de 30 anos. Os investimentos para a conclusão do projeto podem chegar a R$ 15 bilhões

Na avaliação do ex-reitor da USP e ex-secretário do Meio Ambiente e pesquisador na área de energia, José Goldemberg, o Governo Federal estaria ignorando a atual crise hídrica quando afirma está com intenções de retomar as obras da usina nuclear Angra 3. A usina nuclear começou a ser construída em 1984 e gerou uma dívida de R$ 9 bilhões em financiamentos com bancos públicos.

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Retomada nas obras da usina nuclear produzirá 1.200 kW

Quando as obras de Angra 3 forem concluídas, a usina nuclear produzirá 1.200 kW, que a torna uma usina de médio porte. Na avaliação do ex-reitor da USP e ex-secretário do Meio Ambiente e pesquisador na área de energia, José Goldemberg, as obras da usina Angra 3 não fazem parte da necessidade atual, que é a garantia do fornecimento de energia e o combate à crise hídrica.

Segundo o pesquisador, para concluí-la seriam necessários no mínimo cinco anos, mesmo que estivesse tudo certo, ou seja, não é uma prioridade. Goldemberg também ressalta que a produção de energia de uma usina nuclear é mais cara.

Se comparada com usinas eólicas e hidrelétricas, por exemplo, o valor da energia da usina nuclear Angra 3 poderá ser duas vezes maior. Esse é um problema mundial e é por este motivo que os investimentos em usinas nucleares estão sumindo.

Crise hídrica poderá resultar em um racionamento

Crise hídrica: cidades do sul já enfrentam racionamento

O caminho consequente para evitar uma crise no fornecimento de energia é acionar as usinas térmicas. Outrossim, o Brasil terá que importar o gás que será utilizado, deixando a energia ainda mais cara. Segundo o professor, se o problema piorar no futuro, existe uma possibilidade de que haja racionamento, ao contrário do que afirma em suas declarações o ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque.

O professor afirma que as declarações do ministro sobre a crise hídrica tem sido para tranquilizar a população e também ressalta que deveríamos entrar imediatamente em um sinal de alerta para as pessoas começarem a economizar efetivamente.

A médio prazo, ou seja, a cerca de dois anos, além dos investimentos em energia eólica e solar, Goldemberg afirma que a melhor alternativa viável é o tratamento das usinas hidrelétricas. É inútil ter usinas hidrelétricas e não poupar água em período de chuva. A combinação dessas fontes diferentes garantirá o fornecimento de energia mesmo quando faltar água.

Energia solar e eólica são as únicas soluções para aliciar o valor na conta de luz dos brasileiros

Neste ano, a energia solar no Brasil terá um aumento nas obras. A projeção para o setor está no valor de R$ 22,6 bilhões em investimentos e uma expansão de capacidade que poderá atingir 4,9 GW, o equivalente a 56% a mais do que o ano anterior.

O crescimento deverá ser voltado, principalmente, para a geração distribuída, que receberá um aumento de 3,9 GW e apenas 1,1 GW para as usinas. Já a energia eólica concluiu o primeiro semestre deste ano com 1.422 MW acrescentados à matriz energética do país no período, o equivalente a 83% da capacidade instalada do início do ano para cá.

Somente no mês passado, a Aneel liberou 284 MW para operação comercial, fazendo com que a fonte chegue em segundo lugar entre aquelas com maior potência instalada no semestre.

Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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