A China promove desfile militar em Pequim com Kim Jong-un e Vladimir Putin, marcando 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial. Evento destaca aproximação entre regimes autoritários e cooperação militar global.
A China anunciou que Kim Jong-un e Vladimir Putin estarão presentes no grande desfile militar em Pequim, programado para quarta-feira (3), às 9h, horário local. O evento marca os 80 anos da rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial e sinaliza o fortalecimento de laços entre regimes autoritários.
No total, 26 líderes estrangeiros já confirmaram presença, incluindo representantes do Irã e Alexander Lukashenko, de Belarus. O desfile coincide com a reunião da Organização para a Cooperação de Xangai (SCO), bloco de segurança regional que abrange países da Ásia Central e alguns europeus.
Especialistas ressaltam que a reunião e o desfile têm impactos diretos nos conflitos internacionais atuais, sobretudo na Ucrânia, onde a China tem atuado para manter economias sob sanções ocidentais funcionando e, segundo analistas, apoiar indiretamente a Rússia.
-
Moçambique entra na disputa bilionária do século e assina acordo histórico de US$ 20 bilhões com a “colossal” Al Mansour Holding do Qatar, liderada pelo influente Sheikh Mansour Bin Jabor
-
Além de BRICS e EUA: Canadá volta ao radar do Brasil em 2025 com negociações para acordo de livre comércio, mirando na carne bovina e nos biocombustíveis, e pode abrir rota bilionária livre de tarifas no Mercosul
-
Maduro declara que Venezuela enfrenta “a maior ameaça do século” após os Estados Unidos enviarem uma poderosa força naval para a região do Caribe
-
Quem vence a África? O país pouco lembrado que pode decidir a disputa EUA x China nos mares do século 21
Cooperação militar e tecnológica entre Rússia e Coreia do Norte
Nos últimos anos, a Coreia do Norte intensificou seu programa de armas e manteve cooperação militar com a Rússia. Tropas norte-coreanas já foram enviadas para atuar na linha de frente do conflito ucraniano, resultado de acordos de defesa mútua entre os dois países.
Dias antes do desfile, Kim Jong-un inspecionou uma linha de produção de mísseis recém-inaugurada, avaliando a capacidade estatal de fabricação de armamentos. Imagens divulgadas pela KCNA mostram o líder norte-coreano conferindo dezenas de mísseis em diferentes estágios de produção.
Segundo a agência, a Coreia do Norte “cumpriu com sucesso” seu plano quinquenal de expansão da capacidade de produção de mísseis, colocando vários modelos em produção em série e ratificando três novos planos de longo prazo.
Primeiro encontro de Kim Jong-un na China desde 2019
A viagem de Kim marca sua primeira ida à China em quatro anos e ocorre em um contexto de crescente cooperação entre Pyongyang e Moscou. Desde 2011, Kim realizou apenas 10 viagens internacionais, sendo a última em 2023, para se encontrar com Putin em um porto remoto no extremo leste da Rússia.
O desfile militar oferece uma rara oportunidade para o líder norte-coreano aparecer ao lado de outros dirigentes que buscam uma ordem mundial alternativa, promovida por Xi Jinping e Putin.
Analistas apontam que a presença de Kim e Putin juntos destaca a intenção de formar uma aliança estratégica que contrabalança a influência dos EUA e aliados na Ásia e Europa.
Índia sinaliza mudanças estratégicas na região
Outro ponto de atenção é a participação da Índia na reunião da SCO. Narendra Modi fará sua primeira visita à China desde 2019, em um momento delicado de disputa econômica com os Estados Unidos.
Apesar das rivalidades históricas e conflitos recentes na fronteira do Himalaia, a presença de Modi indica uma possível reconfiguração do equilíbrio de poder global. A aproximação diplomática entre China e Índia pode influenciar políticas comerciais, militares e tecnológicas na região nos próximos anos.
Tensões e provocações na península coreana
Nos últimos dias, a Coreia do Norte testou dois novos mísseis de defesa aérea, apenas uma semana antes do encontro entre líderes asiáticos e ocidentais. O país acusa Seul de fomentar tensões na fronteira e reafirma a ameaça nuclear contra a Coreia do Sul, caso seu território seja atacado.
Kim reforçou o programa nuclear norte-coreano e modernizou as forças armadas, tornando o país capaz de atingir praticamente qualquer ponto dos Estados Unidos. Além disso, o líder mantém um discurso firme sobre a soberania nacional e o fortalecimento militar como prioridade estratégica.
China reforça posição geopolítica
O desfile militar de Pequim não é apenas simbólico. Ele evidencia a ascensão militar da China, que se posiciona como segunda maior economia e potência militar mundial. A presença de líderes controversos reforça a narrativa de Xi Jinping de que regimes autoritários podem criar blocos de cooperação alternativos à ordem internacional liderada pelo Ocidente.
Segundo especialistas, a China utiliza eventos como este para demonstrar poder, fortalecer alianças estratégicas e influenciar decisões em conflitos globais. A aproximação com Rússia e Coreia do Norte exemplifica essa estratégia, especialmente em termos de cooperação militar e tecnológica.
O desfile será seguido de atenção internacional intensa, com analistas monitorando sinais de novas alianças ou anúncios estratégicos. A participação de Kim Jong-un e Vladimir Putin em um mesmo palco simboliza a convergência de interesses entre China, Rússia e Coreia do Norte, e o impacto desse alinhamento pode se refletir em negociações militares e comerciais ao redor do mundo.