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Dependência do Brasil cresce: China e Argentina salvam exportações após tarifaço dos EUA, mas especialistas alertam para riscos estratégicos

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 15/09/2025 às 11:31
O tarifaço dos EUA reduziu em quase 20% as vendas do Brasil, mas o aumento das compras da China e da Argentina sustentou as exportações, levantando alertas sobre riscos de concentração e vulnerabilidade estratégica.
O tarifaço dos EUA reduziu em quase 20% as vendas do Brasil, mas o aumento das compras da China e da Argentina sustentou as exportações, levantando alertas sobre riscos de concentração e vulnerabilidade estratégica.
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O tarifaço dos EUA derrubou em quase 20% as vendas brasileiras para o mercado americano, mas a reação imediata veio de China e Argentina, que ampliaram suas compras e ajudaram a manter o superávit da balança. Economistas, no entanto, alertam que essa dependência pode fragilizar o país no longo prazo.

O comércio exterior brasileiro sentiu os efeitos diretos do tarifaço dos EUA, que aplicou sobretaxas de até 50% sobre produtos nacionais. Em agosto, as exportações brasileiras para o mercado americano caíram 18,5%, somando US$ 2,762 bilhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

A rápida reação, porém, veio de China e Argentina, que ampliaram suas compras em 31% e 40,4%, respectivamente, e evitaram uma queda ainda maior no saldo comercial.

A reação imediata ao tarifaço dos EUA

Apesar da retração nas vendas para os EUA, o Brasil conseguiu fechar agosto com superávit de US$ 6,133 bilhões, sustentado pelo aumento das exportações para outros mercados.

A China foi o destino que mais absorveu produtos brasileiros, especialmente soja, que saltou de US$ 2,6 bilhões em 2024 para US$ 3,3 bilhões em agosto de 2025.

Essa guinada é vista como reflexo da disputa comercial entre Pequim e Washington, já que o governo chinês tem priorizado fornecedores sul-americanos em detrimento dos americanos.

A Argentina também se destacou como mercado emergente para o Brasil.

Após a recessão de 2024, a economia argentina voltou a crescer sob o governo de Javier Milei, impulsionando a demanda por veículos, autopeças e produtos industrializados.

O setor automotivo brasileiro praticamente dobrou suas vendas para o país vizinho em apenas um ano, atingindo US$ 360,2 milhões em agosto.

O risco da concentração em poucos parceiros

Embora o reposicionamento tenha garantido alívio imediato, especialistas alertam para a vulnerabilidade estratégica.

Os EUA costumam importar produtos de maior valor agregado, como aeronaves, máquinas e manufaturados.

Já a China e a Argentina concentram-se em commodities agrícolas e minerais, o que pode aprofundar a dependência do Brasil de exportações primárias.

Segundo estimativas do Itaú, o tarifaço pode gerar uma perda de até US$ 13 bilhões em exportações ao longo de 12 meses.

Parte desse impacto será compensada pelo redirecionamento de vendas, mas setores industriais mais complexos, como siderurgia e aeronáutica, têm menos alternativas de mercado.

Isso reforça a preocupação com a desindustrialização e a perda de competitividade.

Setores em busca de alternativas

Alguns segmentos já encontraram rotas alternativas.

A carne bovina, por exemplo, aumentou sua presença em mercados como México, Chile, Rússia e a própria China.

Produtos pesqueiros e frutas também foram absorvidos por países da América do Sul.

No entanto, itens industriais estratégicos — como ferro, aço e aeronaves — permanecem sem mercados substitutos relevantes, o que pressiona a indústria nacional e pode comprometer empregos de maior qualificação.

A leitura dos especialistas

Para José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), o atual reposicionamento é conjuntural e não resolve o problema estrutural.

Ele lembra que os EUA enfrentam estoques elevados de soja e podem usar a tarifa para proteger produtores locais, enquanto a dependência da China pode se tornar uma vulnerabilidade caso o país asiático utilize a compra de commodities como moeda de troca em negociações geopolíticas.

Economistas também ressaltam que, embora o superávit esperado para 2025 seja de US$ 65 bilhões, inferior aos US$ 74,6 bilhões de 2024, o saldo positivo não pode mascarar o risco de concentração em poucos parceiros comerciais.

Qualquer oscilação na demanda chinesa ou na recuperação argentina pode gerar instabilidade significativa para o Brasil.

Você acredita que a dependência crescente de China e Argentina após o tarifaço dos EUA fortalece ou fragiliza a posição do Brasil no comércio internacional? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir quem acompanha de perto os impactos dessa mudança.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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