De acordo com Fernanda Delgado, diretora-executiva corporativa do IBP, com a Rússia perdendo espaço como fornecedora em razão da guerra, as produtoras de petróleo do Brasil poderão ser beneficiadas devido ao desequilíbrio no mercado
O barril de petróleo na casa dos US$ 100, maior preço desde 2014, poderá beneficiar o Brasil, país que na última década se tornou um grande produtor e exportador de petróleo. De acordo com Fernanda Delgado, o fato de a Rússia estar perdendo espaço como fornecedora abrirá a possibilidade de importar de outros fornecedores, podendo reativar Irã, Venezuela e também trará possibilidades para o Brasil, devido ao seu mercado já consolidado e não adormecido. No cenário atual, o Brasil poderá se beneficiar com a alta demanda e ganho de parte do mercado internacional, o que incentivará a produção no Brasil.
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Para Flávio Conde, professor da Unesp, os efeitos da guerra no setor petroleiro do Brasil são divididos em duas fases: antes e depois do reajuste nos preços dos combustíveis da Petrobras. Antes, a área beneficiada era a de produtoras de petróleo bruto que importam o barril na cotação do mercado internacional, já que o lucro das produtoras é proporcional ao preço do barril de petróleo. Já a Petrobras só se beneficia quando reajusta os preços dos combustíveis nas refinarias, para que quando importe o petróleo a um preço maior no mercado externo, evite prejuízos.
De acordo com Conde “Antes do reajuste, eu calculava um prejuízo de R$ 12 bilhões no primeiro trimestre com essa diferença. Era um gasto adicional para não repassar preços”.
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Reajuste da Petrobras levam cerca de 60 dias
Flávio Conde considera que os reajustes da Petrobras demoram em média 50 a 60 dias, um tempo razoável quando o mercado se encontra nas condições normais, mas não atualmente, com a alta brusca do barril de petróleo.
Já o ex-presidente da ANP e atual presidente da Enauta, Décio Oddone estima que para um país com um petróleo mais caro, os prejuízos serão, em média, o triplo dos ganhos. Para Décio, em relação a época que o país era completamente dependente das importações do barril, o cenário atual já é um avanço. Décio diz que “Para cada aumento de US$ 1 no valor do barril de petróleo, o Brasil tem um aumento da ordem de R$ 1 bilhão com arrecadação, mas o impacto dos aumentos dos principais derivados é da ordem de R$ 3 bilhões a mais em custos para a sociedade”.
Oddone explica o Brasil ainda é dependente da importação de derivados do petróleo para o consumo nacional, mesmo tendo atingido a autossuficiência no petróleo bruto. Ele acrescenta que na década de 80, a crise de petróleo era uma crise dupla, pois além dos preços elevados, o Brasil ainda tinha uma crise de dívida externa.
O ex-diretor da ANP, David Zylbersztajn, reforça que os malefícios do petróleo com valor tão elevado podem ser superiores aos benefícios. “Para a Petrobras, barril alto é bom negócio, mas é negativo para quem precisa comprar. Petróleo é insumo para muita coisa, de transporte rodoviário e aviação até o botijão de gás. Não vai ter jeito, tudo vai ficar mais caro.” diz Zylbersztajn.
Fonte: CNN