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Construir na laje pode render escritura: proposta no Congresso abre caminho para usucapião e venda independente

Escrito por Caio Aviz
Publicado em 19/09/2025 às 08:13
Construção em laje com símbolos jurídicos como balança, martelo e capacete, representando o direito de laje no novo Código Civil.
Balança, martelo do juiz e capacete diante de uma casa em laje em construção, retratando a ligação entre Direito e moradia no Brasil.
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Proposta no Congresso redefine o direito de laje e amplia usucapião para imóveis construídos sobre casas já existentes

A proposta de atualização do Código Civil, apresentada em 2023 e analisada em comissão especial do Congresso Nacional, promete modificar profundamente o direito real de laje no Brasil. O texto trata as lajes como terrenos autônomos e permite a transferência de posse por venda, herança e usucapião.

Essa mudança busca alinhar a legislação à realidade das construções brasileiras. Em milhares de casos, famílias erguem moradias sobre casas já existentes sem respaldo jurídico. A alteração pode garantir segurança legal e estabilidade a esses imóveis.

Alterações jurídicas propostas

Desde a criação do direito real de laje pela lei Instituído pela Lei nº 13.465/2017, classifica-se essas construções como “coisas alheias”. Quem constrói sobre a laje de outro imóvel pode morar no espaço, mas não recebe o reconhecimento de proprietário.

O novo texto propõe consolidar a posse também por usucapião. Essa ferramenta jurídica se apoia na função social da propriedade e permite que ocupantes pacíficos reivindiquem o direito legal do bem após longo período.

Para validar a posse, a construção precisa atender a critérios específicos:

  • Saída independente para a rua, direta ou indireta.
  • Identificação própria, numérica ou alfabética.
  • Condições adequadas de habitabilidade.

O documento ainda reforça: “a unidade imobiliária sobre a qual recai a posse da laje deverá ter saída própria para via pública e possuir designação numérica ou alfabética para fins de identificação”.

Especialistas avaliam impactos

O advogado Davi Ory, especialista em direito imobiliário pela Universidade de Brasília (UNB), explica que a medida favorece principalmente a classe média, que já possui imóveis-base regularizados e agora pode formalizar construções erguidas em lajes.

Ele destaca que a proposta resolve uma lacuna legal que provoca divergências nos tribunais desde 2017. Alguns juízes aceitam pedidos de posse, mas a maioria rejeita por falta de previsão legal.

Assim, a mudança deve trazer clareza e uniformidade às decisões judiciais, reduzindo insegurança e litígios prolongados.

Disputas familiares expõem lacunas da lei

A realidade dessas disputas aparece no caso de Bruno, motoboy da zona norte de São Paulo. Em 2013, com apenas 17 anos, ele construiu uma casa sobre a laje do irmão, no terreno herdado da mãe. Viveu no local até 2018, quando se separou da companheira.

Após a separação, a ex-esposa permaneceu no imóvel com as duas filhas. Bruno mudou-se para Osasco e teme perder os direitos da construção, já que a legislação atual considera sua casa parte do imóvel do irmão.

Em 2012, após a morte da mãe, os irmãos reorganizaram a posse. A irmã ficou com a casa principal, outro irmão ergueu uma moradia nos fundos, e Bruno construiu na laje. Os dois primeiros imóveis foram regularizados, mas a construção de Bruno permaneceu sem reconhecimento legal.

Ele afirma que cedeu a posse temporariamente para garantir moradia às filhas. Porém, deseja voltar ao imóvel. “Toda a minha família está lá. Já tentei oferecer outros lugares, mas ela só aceita um apartamento que não consigo pagar agora”, relata.

Se o novo Código for aprovado, a casa poderá ser reconhecida como unidade independente, o que daria à mãe das crianças um direito formal sobre o imóvel.

Segurança jurídica e desafios futuros

Especialistas afirmam que a reforma do Código Civil pode garantir segurança jurídica e reduzir disputas urbanas. Entretanto, o êxito da mudança dependerá da interpretação dos tribunais e da aplicação prática da lei.

Enquanto isso, milhares de famílias em situações semelhantes aguardam definição. Para essas pessoas, a mudança pode significar a diferença entre perder a casa ou conquistar o direito definitivo de propriedade.

O que esperar com a aprovação da lei?

O debate sobre a laje envolve questões legais, sociais e familiares. De um lado, a atualização do Código Civil promete regularizar uma prática comum nas cidades brasileiras. De outro, pode gerar novos conflitos entre herdeiros e ex-companheiros.

O Congresso analisa o texto em ritmo acelerado, e a expectativa é de votação até 2025. Se aprovado, o Brasil entrará em uma nova etapa no reconhecimento de propriedades urbanas.

Diante dessa mudança, a questão permanece: será que o novo Código Civil conseguirá equilibrar direitos individuais e coletivos, oferecendo justiça e segurança para todos os envolvidos?

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Caio Aviz

Escrevo sobre o mercado offshore, petróleo e gás, vagas de emprego, energias renováveis, mineração, economia, inovação e curiosidades, tecnologia, geopolítica, governo, entre outros temas. Buscando sempre atualizações diárias e assuntos relevantes, exponho um conteúdo rico, considerável e significativo. Para sugestões de pauta e feedbacks, faça contato no e-mail: avizzcaio12@gmail.com.

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