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Conheça antes que feche. A “Porta do Inferno”, uma fonte de gás natural queimando há 50 anos por motivos misteriosos.

Escrito por Paulo Nogueira
Publicado em 11/01/2022 às 18:53
Atualizado em 12/01/2022 às 09:14
porta do inferno gás natural Fonte G1

Ponto turístico de aventura e considerado um dos mais curiosos do mundo, a Porta do Inferno será fechada e o gás natural aproveitado

O presidente do Turcomenistão, Gurbanguly Berdymukhamedov,  ordenou que a Porta do Inferno, uma cratera rica em gás natural que está queimando constantemente há mais de 50 anos e se tornou ponto turístico de aventura, seja fechada.O anúncio foi feito em discurso televisionado no último sábado (08/01). De acordo com ele, além do desperdício de recursos valiosos, que poderiam estar melhorando a vida dos cidadãos do Turcomenistão, a cratera em chamas tem consequências negativas para o meio ambiente e afeta a saúde dos moradores das proximidades.

Com essa ordem, o Presidente encerra uma história de mais de 50 anos, que tem origens misteriosas, como tantas outras questões relacionadas à União Soviética.

O que é a Porta do Inferno e como ela surgiu?

A Porta do Inferno é uma cratera em chamas que nunca se apagam. Isso acontece porque existe uma extensa reserva de gás natural na região, causando esse incêndio constante há pelo menos 50 anos.

Ela se tornou um dos principais pontos turísticos da região, que em muitos aspectos não teria nada de muito interessante para oferecer aos turistas.

O país, parte da antiga União Soviética, é citado com relativa frequência em matérias e programas de curiosidade graças à cratera em chamas, e atrai pessoas interessadas em uma experiência fora do comum, já que existe a possibilidade de caminhar pela cratera, com traje protetor.

Algo bem interessante a respeito da Porta do Inferno é exatamente sua origem

Uma das teorias mais aceitas a respeito é que um grupo de geólogos soviéticos foi enviado à região, conhecida por extensas jazidas de petróleo e gás.

Os geólogos, ao tentarem perfurar o solo em busca de petróleo, encontraram um grande ponto de gás natural, onde a terra acabou cedendo e gerando três grandes sumidouros.

Como vazamentos de gás natural para atmosfera são potencialmente perigosos, os geógrafos decidiram atear fogo no gás, acreditando que ele iria deixar de queimar em poucas semanas.

Como já foi dito, isso aconteceu há cerca de 50 anos.

Essa é, logicamente, apenas uma das teorias. Existe muita discussão e controvérsia sobre como a Porta do inferno realmente surgiu. Existem informações de que ela existiu por mais de 10 anos antes de começar a pegar fogo nos anos 70/80.

Existe também muita discussão sobre se ela foi incendiada por acidente, como por um raio, ou ainda se foi um incêndio intencional. Existe ainda a possibilidade de que a Porta do Inferno tenha surgido como parte de uma estratégia de flaring, que é uma prática muito utilizada na extração de gás natural, onde os excedentes do gás são incendiados, por praticidade e segurança.

O que pode ter motivado o fechamento?

Existem diversos motivos que podem ser apontados para a decisão do presidente. Nas notas oficiais, existe toda uma preocupação com a economia, a saúde das pessoas e o meio ambiente, mas com certeza toda a política de controle da quantidade de carbono emitida pelos países têm profunda relação com o fim desse marco turístico curioso.

Outra questão que pode estar levando a esse ato é a diminuição das receitas com turismo, causadas por todas as dificuldades relacionadas ao coronavírus. 

Ou seja, a extração do gás natural passou a ser economicamente mais interessante ao país do que a manutenção da fornalha que vem atraindo os poucos turistas que o país recebe, gerando uma receita que não podia ser desprezada pelo Turcomenistão.

O governo ainda não declarou como pretender fazer o aterro ou, ainda, como acabar com o incêndio, pois se as chamas continuam queimando todo esse tempo, com flutuações de intensidade, mas sempre constante, é sinal de que ainda existe gás na região.

Nesse caso, se não for feito um trabalho adequado de canalização e possível aproveitamento desse gás, ele pode gerar um problema muito maior do que a Porta do Inferno.

Paulo Nogueira

Com formação técnica, atuei no mercado de óleo e gás offshore por alguns anos. Hoje, eu e minha equipe nos dedicamos a levar informações do setor de energia brasileiro e do mundo, sempre com fontes de credibilidade e atualizadas.

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