Entre outros fatores, o lucro recorde da Petrobras pode ser associado ao PPI e à alta do petróleo no mercado internacional. A estatal divulgou também o pagamento de R$ 87,8 bilhões em dividendos
Na última quinta-feira (dia 28), a Petrobras encaminhou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) o balanço oficial relativo ao segundo trimestre deste ano. Nele, consta que a companhia de petróleo obteve, de abril a junho, o lucro bruto de R$ 95,861 bilhões e o lucro líquido de R$ 53,3 bilhões, o que representa um novo recorde para a estatal.
Além disso, foi divulgado também que a Petrobras pagará aos acionistas R$ 87,8 bilhões em dividendos, dos quais R$ 32,1 bilhões serão repassados à União (incluindo BNDES e BNDESPar).
Segundo o relatório, a empresa recolheu, adicionalmente, o total de R$ 77 bilhões em tributos e participações governamentais durante o segundo trimestre. No ano inteiro, foram recolhidos cerca de R$ 147 bilhões – um aumento de 92% em comparação ao primeiro semestre de 2021.
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O documento informa, ainda, que serão pagos R$ 6,732003 por ação preferencial e ordinária em circulação, com a divisão em duas parcelas e a cobrança dos mesmo valores nos meses de agosto e setembro. As datas previstas equivalem aos dias 31 de agosto e 20 de setembro.
A Petrobras afirmou, em comunicado, que a aprovação do dividendo proposto está de acordo com a sustentabilidade financeira da companhia no curto, médio e longo prazo, além de estar alinhada ao seu compromisso de geração de valor para a sociedade e para os acionistas, como também às melhores práticas da indústria mundial de petróleo e gás natural.
Repasse recorde da Petrobras à União auxilia no pagamento de contas pelo governo
O repasse recorde realizado pela Petrobras à União deve aliviar as contas do governo, que foram espremidas devido ao pagamento da conta do “Pacote de Bondades”. A fim de que o Estado termine o ano com saldo positivo, o secretário do Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, Esteves Colnago, resolveu solicitar às estatais o pagamento adicional de dividendos. Diante deste contexto, a Petrobras comunicou, através de “fato relevante” ao mercado, que o pedido foi incluído em seu planejamento.
No primeiro trimestre de 2022, a companhia de petróleo pagou R$ 48,5 bilhões em dividendos, dos quais R$ 17,7 bilhões foram repassados à União.
Estudo associa o lucro recorde da Petrobras a três diferentes fatores
De acordo com uma análise realizada pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), o lucro recorde obtido pela Petrobras no segundo trimestre deste ano pode ser explicado por três fatores.
Primeiramente, tem-se o aumento das receitas da estatal com a venda de combustíveis, graças à política de Preços de Paridade de Importação (PPI). No Brasil, o PPI faz com que os combustíveis sejam precificados conforme as oscilações do barril de petróleo no mercado internacional. Assim, tendo em vista o cenário de alta do insumo, o Ineep avalia que a maior parte da receita total acumulada pela Petrobras durante o segundo trimestre foi proveniente das receitas obtidas com a venda de combustíveis para o mercado interno.
O segundo fator atrelado ao lucro recorde da empresa, segundo o instituto, é a redução no custo de produção da estatal devido à alta produtividade do pré-sal. Conforme declara a Petrobras, 73% de toda a produção no segundo trimestre deste ano foi originária do pré-sal, onde houve a extração de 1,94 milhão de barris de óleo diariamente.
Por fim, o último fator destacado pelo Ineep diz respeito à venda de ativos e compensações financeiras, que somaram à companhia R$ 33 bilhões entre os meses de abril e junho.