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Acordo União Europeia e Brasil retoma exportações de carne de frango e peru e libera embarques de 3,28 milhões de toneladas e US$ 6,1 bilhões já neste mês de setembro

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 23/09/2025 às 11:47
União Europeia reabre mercado para carne de frango e peru do Brasil após embargo por influenza aviária, liberando bilhões em exportações.
União Europeia reabre mercado para carne de frango e peru do Brasil após embargo por influenza aviária, liberando bilhões em exportações.
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União Europeia anuncia reabertura para carne de frango e peru do Brasil após embargo por influenza aviária, medida que movimenta bilhões de dólares e reorganiza exportações em etapas já a partir de setembro.

A União Europeia reabriu, nesta segunda-feira (22 de setembro), o mercado para carne de frango e peru produzidas no Brasil, encerrando a suspensão iniciada em maio após um foco isolado de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) no Rio Grande do Sul.

O regulamento europeu foi publicado hoje e entra em vigor nesta terça (23), com liberação imediata para produtos brasileiros cuja data de produção seja a partir de 18 de setembro.

Como será a retomada dos embarques

A readmissão ocorrerá de forma escalonada.

Em todo o território brasileiro, com exceção do Rio Grande do Sul, os embarques podem ser retomados já com produção a partir de 18 de setembro.

Para o Rio Grande do Sul, fora da área onde ocorreu o foco, a autorização começa em 2 de outubro.

Já o raio de 10 quilômetros ao redor da granja afetada terá retorno das exportações em 16 de outubro.

Nos bastidores, a decisão reflete a conclusão das tratativas conduzidas pelo ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, com o comissário europeu responsável pela área de Saúde e Bem-Estar Animal, Olivér Várhelyi, em 4 de setembro.

A sequência de etapas estabelecida pela UE busca compatibilizar a proteção sanitária do bloco com a manutenção dos fluxos comerciais essenciais.

O que motivou a suspensão e por que ela terminou

O embargo europeu começou em maio, depois da confirmação de um foco de IAAP em Montenegro (RS), o primeiro em uma granja comercial no país.

As autoridades brasileiras isolaram a área, eliminaram o plantel afetado, realizaram limpeza e desinfecção e cumpriram o período de vazio sanitário previsto nos protocolos internacionais.

Sem novos registros em granjas comerciais, o Brasil recuperou, em 28 dias, o status de livre da doença para aves comerciais, condição reconhecida pelas autoridades europeias para a reabertura do mercado.

Além do restabelecimento formal do status, a rastreabilidade e o controle sanitário implementados durante a resposta ao foco foram decisivos para dar previsibilidade aos interlocutores europeus.

Com isso, empresas brasileiras podem retomar o planejamento de embarques para o bloco, seguindo as datas e critérios definidos.

Impacto no comércio e nos números do setor

Embora a União Europeia represente uma parcela específica do destino das carnes de aves do Brasil, o sinal é estratégico para o setor exportador.

De janeiro a agosto de 2025, o Brasil embarcou 3,28 milhões de toneladas de carne de frango, gerando US$ 6,15 bilhões em receita.

Esses volumes consolidam o país na posição de maior exportador mundial do produto.

A reabertura europeia tende a destravar contratos e reorganizar escalas de produção nas plantas habilitadas, ao mesmo tempo em que restabelece referências de preço em mercados que acompanham a demanda do bloco.

Em algumas regiões produtoras, sobretudo no Sul e no Centro-Oeste, frigoríficos já vinham adequando turnos e logística à espera da normalização do fluxo.

Regras de produção e cronograma

Na prática, as empresas precisam observar duas chaves de elegibilidade para atender à UE neste momento.

A primeira é a data de produção: somente produtos processados a partir de 18 de setembro podem seguir para o bloco, com liberação nacional imediata, exceto no Rio Grande do Sul.

A segunda é o local de origem: no caso gaúcho, a UE determinou um intervalo adicional de segurança, com exportações autorizadas a partir de 2 de outubro nas áreas fora do foco e, especificamente, em 16 de outubro para o perímetro de 10 km ao redor da granja atingida.

Esse desenho escalonado busca reduzir qualquer risco residual de circulação viral, sem impor um bloqueio mais amplo ao parque industrial brasileiro.

Ao mesmo tempo, oferece previsibilidade de datas para fechamento de fretes, montagem de cargas e posicionamento de contêineres em portos.

Auditoria da China em andamento

Enquanto o mercado europeu volta a receber produtos brasileiros, começou hoje a auditoria técnica da China no Brasil, voltada a avaliar os controles sanitários relacionados à IAAP.

A missão é considerada um passo indispensável para a retirada das restrições ainda vigentes no principal destino individual da carne de frango brasileira.

A avaliação inclui inspeções em plantas frigoríficas, verificação de protocolos de biossegurança e análise documental de rastreabilidade e certificação.

Caso a auditoria confirme a robustez do sistema de defesa agropecuária, a expectativa do setor é de que habilitações e reaberturas ocorram de forma progressiva, seguindo o padrão adotado por outros parceiros comerciais após a reconquista do status sanitário.

Até lá, empresas tendem a redirecionar parte dos volumes para mercados já abertos e aproveitar a reativação europeia nas próximas semanas.

Impactos para produtores e frigoríficos

Produtores integrados e independentes devem seguir o padrão reforçado de biossegurança.

Procedimentos como controle de acesso, desinfecção de veículos, gestão de resíduos e monitoramento clínico diário seguem no nível mais alto, evitando reintroduções do vírus no sistema produtivo.

Para as indústrias, além das exigências sanitárias, persistem requisitos específicos da UE quanto a bem-estar animal, rastreabilidade por lote e conformidade documental na emissão de certificados.

A retomada com datas marcadas permite também reabrir negociações logísticas, ajustar mix de cortes para o perfil do consumidor europeu e calibrar a capacidade de abate de acordo com janelas tarifárias e demanda sazonal do bloco.

Relevância estratégica da decisão

A normalização das vendas à União Europeia acontece em um momento de recomposição dos fluxos globais de proteína, com impactos na formação de preços e na alocação de oferta entre mercados.

Além do efeito direto sobre contratos, o movimento europeu reforça a confiança nas salvaguardas sanitárias brasileiras, após um evento pontual que foi contido e encerrado dentro dos prazos reconhecidos por organismos internacionais.

Para o consumidor europeu, a medida amplia opções de abastecimento.

Para o Brasil, restaura um canal de escoamento que ajuda a modular estoques e estabilizar a programação fabril.

O passo seguinte, observado de perto pelo setor, é o desfecho da auditoria chinesa, com potencial de consolidar a retomada plena do mercado externo ao longo de outubro.

Por fim, com a UE de volta ao mapa e o calendário de 18/9, 23/9, 2/10 e 16/10 definido, produtores e exportadores já trabalham para cumprir cronogramas e prazos de certificação.

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas e também editor do portal CPG. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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