1. Início
  2. / Indústria
  3. / Ação da prefeitura de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, contra a mineração próxima ao município fortalece o debate sobre a exploração de minérios em centros urbanos
Tempo de leitura 3 min de leitura

Ação da prefeitura de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, contra a mineração próxima ao município fortalece o debate sobre a exploração de minérios em centros urbanos

Escrito por Roberta Souza
Publicado em 20/06/2022 às 16:56
mineração, Minas Gerais, Belo Horizonte
foto: reprodução Adobe Stocker

Prefeitura de Belo Horizonte, Minas Gerais, vai contra o licenciamento ambiental, que pretende praticar a mineração na Serra do Curral

O conflito entre a prefeitura de Belo Horizonte (Minas Gerais) e a Taquaril Mineração S.A (Tamisa) trouxe à tona o debate a respeito das consequências da mineração em áreas próximas a centros urbanos. Tudo começou quando, recentemente, a companhia recebeu da Comissão Estadual de Política Ambiental (Copam) o licenciamento ambiental para se instalar e praticar atividades na Serra do Curral, importante área verde e cartão postal da capital de Minas Gerais.

Em maio, a prefeitura de Belo Horizonte ajuizou uma ação solicitando à Justiça que o licenciamento fosse suspenso. Além disso, o empreendimento da Tamisa foi também alvo de questionamentos judiciais realizados pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e pelo partido Rede Sustentabilidade.

Em 31 páginas, preenchidas com o suporte de quatro geólogos, o município de Belo Horizonte realizou um levantamento que reúne os riscos apresentados pela mineração próxima ao centro urbano mineiro, como o comprometimento da estabilidade do Pico Belo Horizonte, que pode sofrer erosão e se encontra em local tombado nas esferas federal e municipal.

Prefeitura de BH cita também possível impacto aos usuários do Hospital da Baleia

Além do mais, são mencionados a redução da qualidade do ar devido à liberação de poeira e o aumento da poluição sonora, que pode gerar impactos, inclusive, aos pacientes do Hospital da Baleia, situado a menos de dois quilômetros da área de exploração.

A prefeitura manifestou, ainda, preocupação quanto à segurança hídrica e ao abastecimento de água na região, uma vez que está também localizada próxima ao empreendimento a Adutora do Taquaril, que executa o transporte de 70% da água tratada consumida pela população de Belo Horizonte.

A ação, apresentada inicialmente à Justiça Federal, foi direcionada para a Justiça Estadual de Minas Gerais, onde espera pelo julgamento.

A expectativa da Tamisa é instalar um complexo minerário de grande porte na Serra do Curral, além de construir uma rodovia com a finalidade de escoar a produção da área. O local onde o complexo estará assentado possui potencial de exploração de quatro milhões de toneladas de minério por ano.

Governo de Minas Gerais destaca que a Tamisa deverá cumprir compensações ambientais e florestais

Empresas que obtêm licença ambiental devem, geralmente, efetuar ações de compensação. De acordo com o governo de Minas Gerais, a Tamisa terá a obrigação de cumprir compensações ambientais e florestais estabelecidas pela legislação, entre as quais estão incluídas a preservação e/ou a recuperação de cerca de 4 vezes a área total suprimida, além de fazer o aporte de 0,5% do valor total investido no projeto em favor de ações ambientais.

Durante reunião na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Antero Saraiva Junior – diretor da entidade – e Carlos Auricchio – vice-presidente da instituição – afirmaram que os municípios é que devem definir o plano diretor, que abrange o uso e a ocupação do solo, e diversos deles não pretendem manter a mineração no espaço urbano. Entretanto, quando o assunto trata da exploração próxima a cidades, há vários tópicos a serem levados em consideração.

Conforme explica Antero Saraiva Junior, na mineração de agregados, como areia e brita, são explorados materiais de baixo valor e o transporte, muitas vezes, custa mais caro que o próprio carregamento. Saraiva declara que, por essa razão, a ideia de praticar a mineração próxima aos pontos de aplicação, ou seja, nos centros urbanos, é uma maneira de equilibrar o mercado, visto que, quanto mais afastado, maior é o impacto ao custo.

Roberta Souza

Engenheira de Petróleo, pós-graduada em Comissionamento de Unidades Industriais, especialista em Corrosão Industrial. Entre em contato para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal. Não recebemos currículos

Compartilhar em aplicativos