Batalha judicial entre BMW e BYD no Brasil expõe um embate global que vai além do mercado automotivo tradicional, envolvendo estratégias de marca, direitos intelectuais e a revolução dos carros elétricos compactos no mundo.
Uma disputa judicial entre duas gigantes do setor automotivo ganhou destaque no Brasil e expõe um embate estratégico global entre montadoras: a BMW move uma ação contra a BYD por suposta violação de marca envolvendo o nome do modelo elétrico Dolphin Mini.
Segundo a BMW, o uso do nome “Mini” pela BYD no Brasil pode causar confusão no mercado e prejudicar a imagem da icônica marca Mini Cooper, que pertence ao grupo alemão.
O processo tramita na 5ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Rio de Janeiro, onde a BMW acusa a montadora chinesa de concorrência desleal e uso indevido de marca registrada.
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A fabricante alemã argumenta que o nome do veículo elétrico da BYD pode induzir o consumidor a associar o Dolphin Mini aos tradicionais carros da BMW, especialmente o Mini Cooper, que é sinônimo de design compacto e performance premium.
De acordo com a BMW, a notoriedade da marca Mini no setor automotivo é reconhecida mundialmente e está sendo indevidamente utilizada para impulsionar as vendas do Dolphin Mini, que é fabricado pela BYD e vendido no Brasil a partir de R$ 125.800.
Para garantir a apuração dos fatos, a BMW solicitou à Justiça que a BYD preserve documentos contábeis e fiscais relacionados ao Dolphin Mini, buscando eventuais indenizações caso seja confirmada a violação de direitos sobre a marca.
A alegação principal é que o uso do nome pode confundir consumidores, influenciando a decisão de compra e tirando vantagem da reputação construída pela BMW.
Do outro lado, a BYD rebate as acusações sustentando que “Mini” é uma palavra de uso comum, sem exclusividade de propriedade da BMW no Brasil, e que a montadora alemã jamais conseguiu registrar a marca “Mini” no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
A empresa chinesa também destaca que a iniciativa de usar o nome Dolphin Mini está alinhada com a estratégia global da BYD de ampliar sua linha de veículos elétricos compactos, conhecidos em outros mercados como Seagull ou Dolphin Surf, modelos que já conquistaram espaço em várias regiões do mundo devido à combinação de preço acessível e tecnologia avançada.
Liminar negada em decisão preliminar
Em uma decisão inicial, a juíza Maria Izabel Gomes Sant Anna de Araujo, responsável pelo caso no Rio de Janeiro, negou o pedido de urgência da BMW para obter acesso imediato aos documentos fiscais da BYD.
A magistrada fundamentou sua decisão na legislação brasileira, que já obriga empresas a manter registros contábeis e fiscais por pelo menos cinco anos, afastando o risco de destruição ou ocultação dos documentos.
Além disso, a juíza ressaltou que a acusação de concorrência desleal demanda uma investigação mais detalhada antes que qualquer medida cautelar possa ser adotada, o que mantém o processo na sua tramitação regular.
A BYD foi intimada a apresentar sua defesa formalmente nos próximos dias, o que deve ampliar o debate jurídico em torno da questão.
Disputa também na Austrália
Enquanto o caso corre na Justiça brasileira, a polêmica se espalha pelo mundo.
Conforme informações obtidas, a BYD protocolou pedido de registro da patente do nome “Dolphin Mini” na Austrália.
A divisão australiana da Mini, pertencente à BMW, acompanha atentamente o caso e já avalia possíveis medidas judiciais para impedir o uso do nome naquele país.
Essa movimentação internacional revela que a disputa entre BMW e BYD não se limita ao Brasil, mas faz parte de uma batalha maior entre as montadoras por espaço no crescente mercado global de veículos elétricos.
O Dolphin Mini, com seu preço competitivo e apelo sustentável, representa uma ameaça para fabricantes tradicionais que buscam manter suas posições de liderança, sobretudo em segmentos populares e urbanos.
Por que essa disputa importa?
Além da questão legal, o caso mostra o quão estratégico o mercado de veículos elétricos se tornou no cenário mundial.
Montadoras tradicionais, como a BMW, tentam proteger suas marcas consagradas enquanto enfrentam concorrência crescente de empresas chinesas, como a BYD, que avançam rapidamente com veículos acessíveis e tecnologia de ponta.
O nome “Mini”, que carrega décadas de história e é associado a um estilo específico de automóvel compacto, tornou-se um ativo valioso na disputa por atenção dos consumidores.
Por sua vez, a BYD investe em modelos como o Dolphin Mini para fortalecer sua presença internacional, apostando na expansão da mobilidade elétrica e na demanda crescente por carros com menor impacto ambiental.
Afinal, o que está em jogo não é apenas uma marca, mas a disputa por um mercado que promete transformar a indústria automotiva mundial nas próximas décadas.
No Brasil, o lançamento do Dolphin Mini ocorre em um momento em que a oferta de veículos elétricos começa a se consolidar, impulsionada por incentivos governamentais e aumento da consciência ambiental entre os consumidores.
Com preços acessíveis e características tecnológicas modernas, o Dolphin Mini pode acelerar a popularização dos carros elétricos no país, o que preocupa fabricantes tradicionais que dominam o setor há anos.
Você acha que a BMW tem razão em tentar barrar o uso do nome “Mini” pela BYD, ou acredita que a montadora chinesa está dentro de seu direito ao usar o termo “Dolphin Mini”? Deixe sua opinião e participe do debate!