Mesmo diante de tensão global que afeta o preço do petróleo e seus combustíveis derivados, Petrobras pretende seguir com sua política de valores
O valor do petróleo enfrentou uma forte instabilidade na última semana, após a invasão russa no território ucraniano. No dia 23 de fevereiro, na quarta-feira, o preço do barril do óleo tipo Brent conseguiu ultrapassar os US$ 105, porém acabou caindo novamente. Já na sexta, dia 25/02, o preço dele terminou em US$ 94,12, levando em consideração as previsões de que as decisões de aliados ocidentais à Rússia fossem preservar o setor de energia e combustíveis do país. Entretanto, tudo que se relaciona à questão geopolítica entre os dois países europeus ainda é muito incerto, menos o que aparenta a decisão da Petrobras.
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Segundo as informações divulgadas pelo jornal O Estado de S. Paulo, a instabilidade do preço do petróleo também deve atingir o valor dos combustíveis no Brasil, porém a Petrobras afirma que isso não deve afetar a decisão de manter seus preços vinculados aos do mercado exterior. A justificativa da estatal é de que, caso não siga as cotações do petróleo e de combustíveis derivados, o mercado nacional e de combustíveis e o suprimento interno podem ser futuramente prejudicados, considerando a afirmação de Cláudio Mastella, diretor de Comercialização e Logística da estatal, realizada em teleconferência com analistas a fim de detalhar o lucro recorde do ano passado.
A Petrobras usa o Preço de Paridade de Importação (PPI) para estabelecer qualquer reajuste nos preços dos combustíveis nas suas refinarias. Em decorrência dessa política, os valores internos deveriam ascender em linha com o aumento das cotações do petróleo e de seus derivados nos mais importantes mercados globais de comercialização, como o do Golfo do México, nos EUA, e o de Londres, por exemplo.
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Para além da commodity, no cálculo da Petrobras também são levados em conta o câmbio e os custos para realizar a importação. Isso se deve ao fato de que os concorrentes principais no mercado de petróleo atualmente são os importadores, e a meta da Petrobras é permanecer com seus preços similares aos deles.
Na realidade, a cotação do barril de petróleo já vem aumentando há certo tempo, por conta das tensões provocadas pelas ameaças de invasão do governo russo de Vladimir Putin. No entanto, os valores estabelecidos pela Petrobras no Brasil seguem os mesmos desde o dia 12 de janeiro deste ano. O posicionamento da companhia é bastante complicado, visto que a permanência do PPI e as consequências sobre os preços internos geram uma má repercussão entre os consumidores e afligem de forma direta a intenção do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, de se reeleger nas eleições que acontecerão em outubro de 2022.
“Temos observado a elevação dos preços nas últimas semanas e, em paralelo, o dólar foi desvalorizando. Com esses dois movimentos, em contraposição, a gente pôde manter nossos preços (inalterados)”, disse o diretor de Comercialização e Logística, complementando que a volatilidade do barril foi maior e a Petrobras estava analisando o cenário do mercado de petróleo para estudar possíveis reajustes.
A opinião de Mastella é de que, ainda com as tensões internacionais, a Petrobras é competitiva e permanece alinhada ao mercado mundial, ao passo em que evita transmitir aos consumidores as inconsistências das cotações.
Uma das razões pelas quais a Petrobras mantém o PPI é o interesse em aproximar investidores para as refinarias que estão à venda. O temor é que, se corresponder ao pedido de Bolsonaro para o congelamento dos valores dos combustíveis com intuito de diminuir a inflação, poderá espantar empresas com potencial interesse nos negócios, e não há intenção de fazer parte de uma ação administrada pelo Governo.
Assista ao vídeo a seguir que explica um pouco mais sobre o preço de um dos combustíveis da Petrobras, o óleo diesel: Preço do diesel Petrobras.