A compra do Polo Alagoas da Petrobras pela Origem Energia deu origem a um polo integrado com campos, dutos e uma usina de gás, mas o rápido sucesso operacional foi seguido por uma crise de segurança que acendeu um alerta.
A venda do Polo Alagoas pela Petrobras, em 2022, não foi apenas mais um negócio no setor de óleo e gás. A transação de US$ 300 milhões deu origem a uma verdadeira “mini-Petrobras” no Nordeste, com a compradora, a Origem Energia, assumindo o controle de um polo integrado com campos, dutos e uma usina de gás.
A empresa, fundada por Luiz Felipe Coutinho e apoiada pelo fundo Prisma Capital, rapidamente triplicou a produção e conquistou clientes de peso. No entanto, em 2024, uma intervenção da agência reguladora por falhas de segurança paralisou a operação, mostrando que o caminho para se tornar um gigante é cheio de desafios.
A venda do Polo Alagoas pela Petrobras em 2022
A venda do Polo Alagoas fez parte da estratégia da Petrobras de se desfazer de campos terrestres para focar nos projetos de altíssimo retorno do pré-sal. A compradora foi a Origem Energia, uma empresa criada em 2017 com o objetivo de aproveitar a abertura do mercado de gás no Brasil.
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O contrato foi assinado em 5 de julho de 2021, e a transação, no valor de US$ 300 milhões, foi oficialmente concluída em 4 de fevereiro de 2022. No dia seguinte, a Origem Energia assumiu a operação integral do polo.
O que foi comprado? Um polo integrado com campos, dutos e uma usina de gás
O grande diferencial do Polo Alagoas é sua estrutura autossuficiente. O pacote adquirido pela Origem Energia não incluiu apenas os campos produtores, mas toda a infraestrutura necessária para operar, o que justifica o apelido de “mini-Petrobras”.
O ativo é um polo integrado com campos, dutos e uma usina de gás, e inclui:
- Sete campos de produção: Seis em terra e um em águas rasas (Paru).
- Uma Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN): Com capacidade para processar 2 milhões de metros cúbicos por dia.
- Uma rede de 230 km de dutos para escoar a produção.
A virada operacional: como a Origem Energia triplicou a produção
Logo após assumir o controle, a Origem Energia iniciou uma campanha agressiva para revitalizar os campos. A empresa reabriu poços que estavam fechados e, de acordo com comunicados da própria companhia, os resultados foram imediatos.
Em julho de 2022, apenas cinco meses após o início da operação, a produção de gás do polo já havia triplicado, saltando de 550 mil para mais de 1 milhão de metros cúbicos por dia. Com mais gás disponível, a empresa fechou contratos importantes no mercado livre para fornecer para gigantes como a Vale e a CSN.
A crise de 2024: a intervenção da ANP e a paralisação por falhas de segurança
A trajetória de sucesso, no entanto, sofreu um grande abalo em meados de 2024. Uma fiscalização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), realizada entre 10 e 14 de junho de 2024, encontrou “desvios críticos” e “situações de risco grave e iminente” nas instalações.
As falhas, que incluíam problemas em sistemas de emergência e válvulas defeituosas, levaram a ANP a interditar e paralisar completamente a produção em parte do polo a partir de 16 de junho. A operação só foi retomada de forma gradual a partir de 22 de julho de 2024, após a empresa começar a cumprir as exigências da agência.
O futuro da “mini-Petrobras”: os planos de crescimento e os riscos
O incidente com a ANP acendeu um alerta sobre os riscos de operar ativos maduros e a necessidade de equilibrar o crescimento rápido com uma cultura de segurança robusta. Ainda assim, os planos da Origem Energia para o polo integrado com campos, dutos e uma usina de gás são ambiciosos.
A empresa planeja investir na geração de energia termelétrica, no modelo “Reservoir-to-Wire”, e em um projeto inovador de estocagem subterrânea de gás. O sucesso desses projetos e a capacidade de garantir a segurança de suas operações definirão se a “mini-Petrobras” de Alagoas se consolidará como um dos novos gigantes do setor de energia no Brasil.