Símbolo de durabilidade, o Zetec Rocam marcou a história da Ford no Brasil com mais de três milhões de unidades fabricadas. Conhecido pela manutenção simples e pela força em baixas rotações, tornou-se referência antes de dar lugar a motores mais modernos.
O motor Zetec Rocam consolidou sua reputação de robustez e desempenho no Brasil ao longo de uma trajetória que ultrapassou três milhões de unidades produzidas entre 1999 e 2014.
Considerado um divisor de águas para a Ford no mercado nacional, o propulsor 1.0 de oito válvulas foi anunciado como o mais potente da categoria em seu lançamento.
Conquistou consumidores e se tornou símbolo de durabilidade para diferentes gerações de motoristas.
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Primeiros anos e lançamento do Zetec Rocam
Quando foi introduzido no fim de 1999 nos modelos Ford Ka e Fiesta, o Zetec Rocam 1.0 entregava 65 cv, superando concorrentes como o Volkswagen EA111, que oferecia 54 cv.
A estratégia da Ford era combinar soluções simples, como o uso de oito válvulas, balancins roletados e comando de válvulas por corrente.
O bloco de ferro fundido favorecia custos de manutenção mais baixos e alta confiabilidade mecânica.
O resultado foi um motor capaz de atingir grande quilometragem sem necessidade de intervenções profundas, desde que seguidos os intervalos recomendados de troca de óleo.
Produção em Taubaté e expansão da linha
Nos primeiros anos, o desempenho do Zetec Rocam conquistou espaço entre consumidores interessados em veículos de entrada com bom torque e fácil manutenção.
A fábrica da Ford em Taubaté, interior de São Paulo, foi o centro de produção responsável por abastecer o mercado nacional e de exportação.
Em outubro de 2012, a unidade celebrou a marca de três milhões de motores produzidos.
Nessa fase, a linha já havia se expandido para incluir as versões 1.0 e 1.6 flex, presentes em Ka, Fiesta, Courier e EcoSport.
Essas versões chegavam a gerar até 107 cv nas configurações movidas a etanol.
Reconhecimento pela durabilidade
Relatos de proprietários confirmam que motores dessa linha frequentemente ultrapassaram 300 mil km sem necessidade de abrir o bloco, desde que a manutenção básica fosse cumprida.
Esse aspecto reforçou a imagem de resistência do propulsor, tornando-o especialmente atraente para quem dependia do veículo diariamente.
O Rocam era reconhecido também pela agilidade em baixas rotações, graças ao torque máximo de 9 kgfm (na versão 1.0) entregue a 4.400 rpm.
Mesmo sem tecnologias como comando duplo ou 16 válvulas, oferecia resposta imediata ao acelerador.
Modelos equipados com o motor
O Zetec Rocam equipou diversos veículos de destaque ao longo de sua trajetória.
Estreou no Ford Ka em 1999, seguido pelo Fiesta hatch e sedã em 2000.
A picape Courier recebeu o motor em 2001 e, posteriormente, o EcoSport, lançado em 2003.
O Focus produzido na Argentina também utilizou o Rocam 1.6 a gasolina em versões destinadas ao Mercosul.
Novas regras e fim da produção
Apesar do sucesso, o cenário automotivo brasileiro passou por transformações significativas a partir da segunda metade dos anos 2000.
A intensificação das normas ambientais, especialmente a fase L-6 do PROCONVE, exigiu a redução dos limites de emissões de monóxido de carbono e óxidos de nitrogênio.
Essas regras, implementadas entre 2013 e 2015, dificultaram a permanência de projetos antigos no mercado.
Com a chegada dos motores três cilindros de 1 litro, dotados de duplo comando de válvulas e 12 válvulas, o Zetec Rocam perdeu competitividade.
A Ford avaliou que adaptar o projeto para atender às exigências ambientais custaria mais caro do que investir em uma plataforma inédita.
O encerramento da produção foi oficialmente anunciado para 10 de março de 2014.
A data marcou também a implementação de um Programa de Demissão Voluntária, que envolveu 288 trabalhadores da planta de Taubaté.
Nesse período, apenas o Fiesta Street e o Ka de primeira geração ainda usavam o motor.
Legado técnico do Zetec Rocam
Entre as principais características valorizadas estava a simplicidade construtiva, com corrente metálica no lugar da correia dentada.
A partir de 2009, o Rocam recebeu corpo de borboleta eletrônico.
A facilidade para encontrar peças e a manutenção descomplicada mantêm os modelos equipados com o Rocam em alta no mercado de usados.
Essa popularidade é ainda maior entre motoristas iniciantes ou que atuam em aplicativos de transporte.
Substituição e novos motores da Ford
Imediatamente após o fim da linha Rocam, a Ford inaugurou em Camaçari, na Bahia, uma fábrica dedicada ao motor 1.0 3C Ti-VCT.
Esse propulsor três cilindros, com duplo comando e 12 válvulas, passou a equipar o novo Ka lançado em agosto de 2014.
Depois, chegou também ao Ka+, Fiesta Rocam para exportação e EcoSport de segunda geração.
Com potência de até 85 cv, o motor trouxe eficiência energética aprimorada e menor impacto ambiental.
Nostalgia e impacto no mercado atual
O interesse pelo Zetec Rocam persiste mesmo anos após sua aposentadoria.
Para muitos, a experiência de dirigir veículos com esse motor traz lembranças afetivas, já que Ka, Fiesta e EcoSport marcaram época no Brasil.
Além da nostalgia, a comparação com motores mais modernos ilustra a evolução tecnológica das últimas décadas.
O Zetec Rocam ajudou a consolidar a presença da Ford em segmentos estratégicos e contribuiu para popularizar o motor flex no Brasil.
Assim como outras famílias históricas, como o VW AP e o Fiat Fire, o Rocam permanece referência de confiabilidade e manutenção simples.
O interesse contínuo por esses modelos no mercado de usados evidencia o espaço que o “inquebrável” ocupa na memória coletiva dos consumidores. Que outras tecnologias automotivas, além do Zetec Rocam, você considera que deixaram marca definitiva no mercado brasileiro?