Vitória do petróleo e gás? Empresas petrolíferas estão reduzindo investimentos em energia renovável para focar no lucro bilionário dos combustíveis fósseis
Na esteira de uma cúpula climática global que coloca as mudanças climáticas no centro das discussões, o mercado financeiro parece recompensar mais as empresas que apostam em combustíveis fósseis. com o petróleo e gás, daquelas que se arriscam na transição para energias renováveis.
Segundo a NYT, a Exxon Mobil, uma gigante do setor de petróleo, é o exemplo mais emblemático desse movimento, tendo resistido a investir em energia eólica e solar enquanto seus concorrentes europeus, como BP e Shell, seguem por caminhos mais seguros, mas de menor retorno imediato.
O contexto de uma mudança estratégica
Quatro anos atrás, o cenário era diferente. As grandes empresas petrolíferas ocidentais estavam em crise, registrando perdas históricas devido à queda na demanda provocada pela pandemia. Naquele momento, apostar em energias renováveis parecia não apenas mais sustentável, mas também um negócio promissor.
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“Os investidores estavam focados no que eu diria ser uma narrativa predominante em torno de que tudo está se movendo para o vento e a energia solar”, disse Darren Woods, presidente-executivo da Exxon Mobil, durante uma conferência climática em Baku, Azerbaijão, na semana passada.
No entanto, enquanto empresas como BP e Shell se voltaram para energia eólica, solar e carregamento de veículos eléctricos, a Exxon Mobil optou por um caminho diferente. A justificativa de Woods foi clara: a empresa não tinha expertise em renováveis, preferindo investir em áreas mais próximas de seus negócios tradicionais, como hidrogênio e lítio.
A estratégia, embora controversa, tem sido amplamente recompensada. Desde o final de 2019, as ações da Exxon subiram mais de 70%, enquanto as da BP e Shell tiveram desempenhos bem mais modestos.
O dilema do mercado e as mudanças climáticas
O retorno financeiro superior das empresas que priorizam os combustíveis fósseis expõe um dilema profundo: enquanto os cientistas alertam sobre os riscos acumulados das mudanças climáticas, os investidores continuam focados em ganhos de curto prazo. Essa desconexão ilustra a dificuldade de controle de interesses financeiros com os esforços globais de descarbonização.
Mark Viviano, sócio-gerente da Kimmeridge, destacou que os sinais do mercado são claros. “O mercado quer que as empresas de energia se concentrem nas suas principais competências”, disse ele, salientando que isso não significa abandonar a transição energética, mas adotá-la de forma pragmática. É um equilíbrio difícil de alcançar, especialmente quando há pressões políticas e econômicas conflitantes.
Recuos nas promessas de sustentabilidade
A BP, que prometeu cortar sua produção de petróleo e gás em 40% até 2030, já revisou suas metas e aumentou os gastos com combustíveis fósseis. Recentemente, a empresa vendeu ativos eólicos offshore e deu baixa de mais de US$ 1 bilhão em investimentos no setor.
A Shell, por sua vez, também prejudica suas metas de crescimento em energia renovável, com seu presidente-executivo Wael Sawan admitindo que a empresa não possui vantagem competitiva nesse segmento.
Nos Estados Unidos, a politização do investimento ambientalmente consciente tem dificultado ainda mais o avanço da transição energética. Executivos do setor de petróleo e gás afirmaram que a ênfase nos lucros imediatos tornou-se a discussão sobre sustentabilidade menos frequente.
Toby Rice, da EQT, um produto de gás natural, observou que algumas empresas que se precipitaram em adotar energias renováveis tiveram resultados financeiros devastadores.
Oscilações no horizonte do petróleo e gás
Apesar do desempenho recente das gigantes do petróleo, o setor continua sujeito a oscilações de mercado. O preço do petróleo bruto dos EUA caiu abaixo de US$ 70 por barril, pressionando os lucros. Analistas da Agência Internacional de Energia (AIE) preveem que a produção global ultrapassará a demanda em mais de um milhão de bairros no próximo ano, o que poderá testar a resiliência dessas empresas e de seus investidores.
Energia limpa ainda é a meta?
Embora o mercado favoreça o petróleo e o gás no momento, o investimento em energia limpa continua em ascensão. Segundo a AIE, quase o dobro de dinheiro está sendo direcionado para energia limpa em comparação aos combustíveis fósseis. Isso demonstra que, apesar dos desafios de curto prazo, o interesse pela transição energética ainda é significativo.
Dan Pickering, da Pickering Energy Partners, acredita que, no longo prazo, prevalecerá uma orientação específica para alternativas de baixo carbono. “Estamos oscilando em torno de uma orientação ascendente”, disse ele.
As próximas decisões políticas, aliadas ao desempenho financeiro das empresas de petróleo em um cenário de possíveis quedas no preço do barril, serão cruciais para determinar o ritmo da transição energética.
O equilíbrio entre retornos financeiros, sustentabilidade e responsabilidade climática segue como um dos maiores desafios do nosso tempo. É uma jornada que exige pragmatismo, mas também visão de longo prazo, algo que nem sempre encontra espaço em balanços trimestrais ou discursos acalorados.