Descubra como percorrer uma das ferrovias mais espetaculares do mundo, em uma jornada de 4 horas pela história e pela Mata Atlântica paranaense.
Há experiências que marcam a memória, e a viagem de trem pela Serra do Mar do Paraná é uma delas. Este percurso não é apenas um deslocamento, mas uma imersão na história, na engenharia do século XIX e na maior área de Mata Atlântica preservada do Brasil. Reconhecida internacionalmente por publicações como The Guardian e Lonely Planet, esta jornada de quatro horas entre Curitiba e Morretes revela paisagens impressionantes a cada curva. Este guia completo reúne todas as informações para você planejar essa aventura inesquecível.
Engenharia e progresso sem escravidão
A Estrada de Ferro Paranaguá-Curitiba nasceu no século XIX, da necessidade de escoar a produção agrícola do planalto para o porto. A visão inicial pertenceu aos irmãos André e Antônio Rebouças, os primeiros engenheiros negros do Brasil. Embora o projeto tenha sido posteriormente assumido pelo Barão de Mauá, a influência dos Rebouças foi decisiva em um aspecto notável: a proibição do uso de mão de obra escravizada, uma decisão progressista acatada pelo Imperador Dom Pedro II.
A construção, iniciada em 1880 e inaugurada em 1885, foi um feito monumental. Liderada pelo engenheiro brasileiro João Teixeira Soares, a obra venceu o terreno acidentado da serra, exigindo a criação de 13 túneis e 41 pontes e viadutos. Estruturas como a Ponte São João, com 55 metros de altura, e o Viaduto Carvalho, com sua curva sobre o abismo, são consideradas obras de arte da engenharia e continuam operacionais há 140 anos.
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Quatro horas pela Mata Atlântica
A partida dessa incrível viagem de trem ocorre na Rodoferroviária de Curitiba. Lentamente, o cenário urbano dá lugar à exuberância da Serra do Mar. O trem avança a uma velocidade máxima de 30 km/h, um ritmo contemplativo ideal para absorver a paisagem. O trajeto cruza a maior área contínua de Mata Atlântica do país, revelando montanhas, vales profundos, rios e cachoeiras, como a famosa Véu de Noiva.
A experiência é enriquecida pelos guias a bordo, que narram a história da ferrovia e apontam marcos geográficos e de engenharia. A passagem pelos túneis escavados na rocha e sobre as pontes centenárias proporciona uma sensação única, misturando a admiração pela natureza com o fascínio pela engenhosidade humana. É uma verdadeira aula de história ao vivo, com oportunidades fotográficas a todo instante.
Como escolher o vagão ideal para sua viagem de trem
A Serra Verde Express, principal operadora dessa viagem, oferece diversas categorias de vagões para atender a todos os perfis. A classe Turística é a mais tradicional, com assentos estofados, janelas que abrem, um lanche simples e guia em português. Para uma experiência superior, a categoria Boutique oferece vagões temáticos com serviço de bordo aprimorado, incluindo bebidas e guia bilíngue. Nesta categoria, há opções como o Bove, primeiro vagão pet friendly do país, e o Camarote, com cabines privativas. No topo da exclusividade está a Litorina de Luxo, considerada o único trem de luxo do Brasil, que possui ar-condicionado, poltronas confortáveis e serviço premium. Por fim, a classe Econômica é a mais básica, com assentos de plástico e sem serviço de bordo, focada no transporte de montanhistas.
Gastronomia e passeios além dos trilhos
O destino final da viagem de trem é a charmosa cidade de Morretes. Com seu casario colonial preservado e o sereno Rio Nhundiaquara, a cidade convida a um passeio a pé. A principal atração gastronômica é o Barreado, prato típico do litoral paranaense, um cozido de carne preparado lentamente em panelas de barro.
Além de saborear a culinária local, é possível explorar o Centro Histórico ou se aventurar em trilhas e no boia-cross pelo rio. Muitos pacotes incluem também uma visita à vizinha Antonina, outra cidade histórica rica em atrativos. O retorno a Curitiba frequentemente é feito pela Estrada da Graciosa, uma rota cênica que complementa a experiência com novas paisagens da serra.
Como organizar sua viagem de trem
Um bom planejamento é essencial para aproveitar ao máximo o passeio. Dada a alta procura, é fundamental fazer as reservas com antecedência, especialmente para as classes de luxo. Os trens geralmente partem de Curitiba pela manhã, entre 8h15 e 8h30, e a viagem dura cerca de quatro horas. Ao definir a melhor época, saiba que a alta temporada pode incluir paradas exclusivas, enquanto a baixa temporada costuma ter preços mais acessíveis. No dia da viagem de trem, vista roupas e calçados confortáveis e não esqueça a câmera. Dependendo da classe do seu vagão, levar lanches e água pode ser uma boa ideia. Lembre-se que o percurso pode sofrer pequenos atrasos devido ao tráfego de trens de carga.